Aldo se lança à Presidência, sem pleitear apoio de Lula e do PT
Candidato ao Planalto, Aldo prega união contra desigualdade
Aldo Rebelo não condiciona sua candidatura ao apoio do PT, nem pleiteia o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está preso em Curitiba (PR), condenado por corrupção e lavagem de dinheiro. Mas quer manter o respeito e gratidão ao ex-presidente petista e à ex-presidente cassada Dilma Rousseff, apesar de saber que ingressa na disputa presidencial contra o partido que o nomeou ministro nas pastas da Coordenação Política; Esportes; Ciência e Tecnologia, e de Defesa.
Nesta entrevista ao Diário do Poder, Aldo Rebelo prega união da esquerda com o centro, em torno de uma agenda de desenvolvimento, para unir forças políticas, econômicas e sociais, em defesa da retomada do crescimento da economia. E defende a equação que tem no crescimento econômico um sinônimo de recursos públicos para a redução das desigualdades. "Quando o país para de crescer, você não tem dinheiro para nada", afirma.
Rebelo é crítico do Judiciário e do Ministério Público, as quais já se referiu como “corporações iluminadas” que se julgam deuses de tentar subtrair da política os destinos da população. E diz ter pensado que o PSB resistiria a ideia de filiar Joaquim Barbosa para lançá-lo à corrida presidencial, pelo fato de o ministro sempre ter negado a política. Mas já considera a questão uma página virada.
Leia a entrevista:
Está mesmo disposto a disputar a presidência da República pelo Solidariedade?
Eu já tinha posto meu nome à disposição do PSB. Mas diante da inclinação da direção do partido pelo nome do Joaquim, recebi um convite do Solidariedade para disputar a eleição presidencial, aceitei o convite e aceitei essa jornada. Tenho uma relação boa, já são meus amigos, assinaram o manifesto que publiquei em defesa da união nacional.
Esta pré-candidatura está consolidada, ou depende do ingresso do Lula ou não, no pleito?
Não. Ela está consolidada e será anunciada na próxima segunda-feira, aqui em São Paulo. E independe de outras candidaturas. É uma candidatura própria e vamos iniciar a jornada.
O senhor deve levar uma proposta ao eleitor, no atual momento político nacional, qual seria esta proposta?
A proposta é de unir forças políticas, econômicas e sociais, em defesa do desenvolvimento do Brasil, da retomada do crescimento da economia. Não há solução para o país, se a economia não voltar a crescer. Não há solução para a crise fiscal, para a crise da Previdência, para a crise do desemprego, e não há dinheiro para o financiamento das obrigações do serviço público com educação, saúde, segurança, defesa, ciência e tecnologia, se o país não voltar a crescer. Em 30 anos de vida pública, aprendi uma coisa, pelo menos: ‘Quando o país não cresce, não tem dinheiro para nada. E quando o país cresce, você tem dinheiro para tudo’. É essa a equação. Crescimento é sinônimo de recursos públicos. Quando o país para de crescer, você não tem dinheiro para nada.
Quais seriam os outros objetivos?
O outro objetivo, além da retomada do crescimento, é a redução das desigualdades. O país, não só continua muito desigual, como as desigualdades têm aumentado e se agravado com as dificuldades econômicas, a falta de recursos para os programas sociais. Então, reduzir as desigualdades, principalmente com políticas centradas na educação. A maior promessa de igualdade é quando você dá educação pública de boa qualidade para as crianças.
E o terceiro grande eixo é a valorização das liberdades democráticas que estão ameaçadas pelo elevado teor de intolerância e de ódio nas relações políticas, marcadas por agressões, físicas inclusive, ameaça a lideranças como o presidente Lula e a presidente Dilma, que foram alvos até de atentado a tiros, quando andaram pelo Rio Grande do Sul. Lideranças conservadoras que foram hostilizadas e ameaçadas por onde andam. Isso é inaceitável. É preciso preservar a liberdade e a democracia como elemento da vida nacional.
O senhor tem uma proposta de união, mas não significa que essa seja uma candidatura de centro. É uma candidatura de esquerda, mesmo, e que pleiteia o apoio das forças de esquerda, também?
Eu acho que é preciso unir forças de esquerda com forças de centro, para que o país possa ter também governabilidade. O centro, sozinho, não consegue governar o Brasil. E a esquerda, sozinha, também não. Então, é preciso unir essas forças.
O senhor, no PSB, foi surpreendido com o ingresso do ministro Joaquim Barbosa? Como se sente?
De certa forma, não. Isso já era uma possibilidade alimentada há muito tempo. Eu pensei que o partido fosse opor uma resistência a alguém quem não é da política, que sempre negou a política. Mas, infelizmente, o partido foi envolvido por essa agenda que dominou o país há muitos anos, como se essa agenda fosse resolver os problemas do Brasil. Mas isso é uma página que considero já virada e que não quero voltar a discutir.
O senhor acredita que terá o apoio do Lula a essa candidatura?
Não sei. O PT deve ter seu candidato. Mas, o mais importante é ter boas relações com o PT e preservar o meu respeito e a minha gratidão ao presidente Lula.
Alguma palavra especial ao eleitor alagoano, que vai ter dois candidatos a presidente nesta disputa, que também terá o senador Fernando Collor no pleito?
Minha palavra para Alagoas é sempre uma palavra de carinho, de gratidão, de reconhecimento de todas as minhas dívidas emocionais, espirituais, intelectuais. A Alagoas, eu devo muito. Sempre tenho uma palavra de carinho pela minha terra.