TJ do Piauí converte em domiciliar prisão de jornalista que denuncia políticos
Arimatéria Azevedo, 67, foi preso apesar da idade e de ser portador de comorbidades
O Tribunal de Justiça do Piauí decidiu converter em domiciliar a prisão do jornalista Arimatéia Azevedo, diretor do Portal AZ, de Teresina. O alvará sobre a prisão domiciliar foi assinado pelo desembargador Joaquim Dias de Santana Filho. Ele poderá ir para casa a qualquer momento.
Na sexta-feira (12), Arimatéia Azevedo, que tem 67 anos e faz parte do grupo de risco na pandemia de covid-19, foi levado de casa por espalhafatoso esquema de segurança, com homens mascarados usando até fuzis.
A prisão, que o Sindicato dos Jornalistas considerou abusiva, iniciou uma sequência de humilhações impostas por autoridades cujas irregularidades ele vinha denunciando. Arimatéia é conhecido pelo jornalismo investigativo que há 50 anos atormenta os poderosos e denuncia seus crimes e irregularidades.
O jornalista também foi exposto a risco de segurança, já sob tutela da polícia. Quando o colocaram no camburão, os policiais fortemente armados permitiram a aproximação de algumas pessoas, inclusive alguém que debochava aos gritos: “Quem é que vai ser preso Arimatéia? Você não disse que eu ia ser preso?”
Jornalista desassombrado, Arimatéia Azevedo denunciou em 1987, por exemplo, o crime organizado no Piauí, comandando pelo então coronel Correia Lima, da PM. Ele teve que se refugiar em Brasília para não ser morto. A sua denúncia só foi investigada somente 12 anos depois, pela Polícia Federal, do Ministério Público Federal e Justiça Federal, resultando no desbaratamento da quadrilha e na prisão e condenação de vários criminosos, inclusive o coronel Correia Lima.
Ao longo da carreira, o jornalista colecionou inimigos poderosos, inclusive no Tribunal de Justiça do Piauí. Sua família afirma que ele jamais foi intimado a depor sobre a denúncia contra ele, que tramitou em segredo.