Manobra da licença deu certo: Barroso revoga afastamento de senador cuecão

Objetivo da licença por 90 dias era claro: esvaziar afastamento judicial do mandato

Deu certo a manobra do senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela Polícia Federal com R$33 mil enfiados entre as nádegas: seu pedido de licença de 90 dias do mandato, protocolado na manhã desta terça-feira (20), fez perder sentido a decisão judicial de afastá-lo do cargo por igual período.

A iniciativa tinha o objetivo de tornar inócua uma eventual posição do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) referendando seu afastamento por decisão monocrática do ministro Luis Roberto Barroso. Agora há pouco, Barroso revogou a própria decisão que afastava o senador do cargo

O ministro do  STF havia afastado Rodrigues judicialmente por 90 dias, a fim de impedir eventuais interferências nas investigações, mas o Senado precisaria concordar com a decisão judicial.

A licença inicial de 90 dias não permitiria a posse do suplente, que é filho de Rodrigues. Mas ele decidiu ampliar o pedido de licença para 121 dias, exatamente para permitir que o filho assuma a vaga. O suplente não assume quando a licença do titular do mandato é inferior a 120 dias.

Mais experiente, o presidente do Conselho de Ética, Jayme Campos (DEM-MT), sugeriu licença de 121 dias para Chico Rodrigues, a fim de permitir a posse do suplente, seu filho.

Rodrigues é suspeito de envolvimento no desvio de recursos públicos das emendas parlamentares destinados a aquisição de materiais de combate à covid-19 em Roraima, seu Estado.

A manobra de Rodrigues fez lembrar os versos de outro Chico, o Buarque:

Agora já não é normal
O que dá de malandro regular, profissional
Malandro com aparato de malandro oficial
Malandro candidato a malandro federal
Malandro com retrato na coluna social
Malandro com contrato, com gravata e capital
Que nunca se dá mal…