Deputada Carla Zambelli nega aval de Bolsonaro para propor STF a Moro

Ela explicou que sua intenção era incentivar Moro a permanecer no Ministério da Justiça

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) negou Em depoimento nesta quarta-feira (13), ter acertado com o presidente Jair Bolsonaro a proposta que fez ao então ministro da Justiça, Sergio Moro, para que aceitasse uma mudança de comando na Polícia Federal em troca de uma indicação para o Supremo Tribunal Federal.

Em 24 de abril, mesmo dia em que deixou o governo, Moro entregou divulgou trocas de mensagens com Zambelli, nas quais ela lhe pede que aceite a nomeação de Alexandre Ramagem, diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), como diretor-geral da PF.

Ramagem é próximo da família Bolsonaro, que demitiu o então diretor-geral, Maurício Valeixo, para tentar emplacá-lo no cargo.

A nomeação, contudo, foi barrada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, por suspeita de desvio de finalidade do ato.

“Por favor, ministro, aceite o Ramage [sic]. E vá em setembro para o STF. Eu me comprometo a ajudar. A fazer o JB [Jair Bolsonaro] prometer”, escreveu a deputada nas mensagens. “Prezada, não estou à venda”, respondeu Moro.

Ao justificar a proposta, Zambelli disse à PF que, como ativista, já trabalhou pela nomeação de outras pessoas, como Ives Gandra Martins Filho, ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho), para o Supremo –o que não se concretizou.

Ela disse que tinha “vontade e perspectiva” da ida de Moro para o Supremo como um “caminho natural”. E que trocou as mensagens como uma forma de incentivá-lo a ficar no Ministério da Justiça.

A deputada também negou que tenha falado em nome de Bolsonaro com terceiros sobre a dança de cadeiras na PF. Além da congressista, delegados e três ministros palacianos já prestaram depoimento no inquérito esta semana.