Witzel nega liderar esquema, e vê ‘uso político’ e ‘perseguição’ de subprocuradora da PGR
Governador do Rio diz que ministro do STJ foi induzido por 'investigação rasa' de Lindôra Araújo
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC) negou a acusação de liderar um esquema criminoso que motivou a determinação de seu afastamento do cargo por seis meses, nesta sexta-feira (28). Em declaração à imprensa, Witzel disse que o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Benedito Gonçalves foi induzido por “investigação rasa” da subprocuradora da República Lindôra Maria Araújo, a quem acusou de perseguir governadores e desestabilizar os estados da federação.
“Lamentavelmente, a decisão do excelentíssimo ministro Benedito… Induzido pela PGR, na pessoa da
doutora Lindôra, que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar os estados da federação,
com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes”, disse o governador e ex-juiz federal, ao considerar uma presunção inaceitável o argumento usado para seu afastamento, com base no risco de destruição de provas.
Witzel afirmou que ele, assim como outros governadores, estariam sendo vítimas do possível uso político da PGR. “O STJ possui vários subprocuradores. Por que não se faz como em qualquer outro Ministério Público a distribuição [de processos] e não o direcionamento para um determinado procurador, no caso da Dr. Lindôra?”, questionou o governador.
Alvo de pedido de prisão formalizado pela subprocuradora e não concedido pelo ministro do STJ, o governador afastado atribuiu uso político da atuação da PGR, fazendo referência ao suposto interesse de seu ex-aliado e agora rival, presidente Jair Bolsonaro.
“Bolsonaro já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele. Mas diferentemente do que ele imagina, aqui a Polícia Civil é independente. O Ministério Público é independente. E me preocupo muito com essa questão política que hoje estamos vivenciando”, declarou Wilson Witzel, que citou o ex-juiz da Lava Jato, Sérgio Moro, como exemplo de parcialidade em decisões judiciais.
O governador afastado desafiou Lindôra a apresentar provas que motivaram ele ser chamado de chefe de organização criminosa. Para ele, a busca e apreensão, em seu gabinete no Palácio Guanabara, resultou em mais uma “busca e decepção” e um “circo sendo realizado”, citando que não foi encontrado um real ou uma joia.
“Quero desafiar ao MPF, na pessoa da doutora Lindora. A questão agora é pessoal. Ela me adjetivou como chefe da organização criminosa. Quero que ela apresente um único e-mail, telefonema, uma prova testemunhal, um pedaço de papel que eu tenha pedido qualquer tipo de vantagem ilícita para mim”, afirmou Witzel.
Denunciado como beneficiário de repasses indiretos de propina por meio do escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel, o governador cobrou um posicionamento da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele alegou não haver prova do recebimento de repasses através da esposa advogada que recebeu, segundo a denúncia de Lindôra, R$ 554 mil suspeitos de serem propina.
“‘Não, mas os contratos da Dra. Helena Witzel são os contratos da lavagem de dinheiro’… para haver lavagem de dinheiro tem que ter vantagem ilícita. Qual foi a vantagem ilícita que eu pratiquei? Estão criminalizando a advocacia”, condenou o governador.