Mercado financeiro reage muito mal à derrota de Macri nas eleições primárias

Para tentar conter disparada do dólar, Banco Central argentino aumentou os juros para 74%

A oposição venceu as eleições primárias na Argentina no domingo, 11, e surpreendeu o mercado financeiro por tornar difícil a reeleição de Mauricio Macri em outubro.

A chapa liderada por Alberto Fernández, que tem a ex-mandatária Cristina Kirchner como vice, venceu com larga vantagem a chapa do atual presidente e indica que pode haver mudança na política econômica do país.

Em resposta, os títulos da dívida e ações de empresas argentinas registraram quedas de dois dígitos na abertura dos mercados nesta segunda-feira. O peso argentino chegou a cair 30% em relação à moeda americana, cuja cotação passou a 60 pesos por dólar, levando alguns bancos privados a suspenderem operações de câmbio.

No início da tarde, o dólar estava cotado a 57,8 pesos e a bolsa de Buenos Aires operava com queda de 31,8%.

ara tentar conter a desvalorização do peso, o Banco Central argentino aumentou em 10 pontos percentuais a taxa de juros do país, para 74%.

No Brasil, importante parceiro econômico da Argentina, o mercado também opera em viés negativo com a vitória kirchnerista. O Ibovespa recua 2%, a 101.905 pontos. O dólar sobe 1,57%, a R$ 4, maior patamar desde maio.

Macri foi eleito em 2015 com a promessa de liberalizar a economia argentina, prometendo acabar com o intervenções do Estado promovidas por Cristina Kirchner (2007-2015), em especial no seu segundo mandato. Ele liberou o câmbio e retirou os subsídios que mantinham baixos os preços de serviços como gás e eletricidade. Mas, ao contrário do resultado que esperava inicialmente, a inflação continuou a subir e os investimentos estrangeiros não compareceram em volume suficiente.

Há cerca de um ano, sem dinheiro para pagar a dívida pública, Macri fechou um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) de US$ 50 bilhões, o maior empréstimo já concedido na História do organismo, e, mesmo assim, não conseguiu acalmar a economia. Na manhã desta segunda, enquanto os impactos de sua vitória nas prévias eleitorais começaram a vir à tona, Alberto Fernández disse que a política econômica de Macri enganava os mercados.