Lulistas agridem jornalistas durante cobertura de manifestações

Entidades repudiam atentados "Não há verdadeira democracia sem jornalismo "

Desde que o juiz Sérgio Moro decretou a prisão do ex-presidente Lula, jornalistas foram agredidos, por manifestantes pró-Lula, durante a cobertura dos protestos, em Brasília, São Paulo e João Pessoa.

Na noite desta quinta-feira (5), jornalistas do Correio Braziliense, SBT e Reuters foram agredidos por manifestantes na frente da sede da CUT, em Brasília.

O carro do jornal Correio Braziliense foi depredado e as equipes da Reuters e do SBT foram ameaçadas. “Vocês vão sair daqui para o bem de vocês”.

Carro foi depredado com jornalistas e motorista dentro

Na manhã desta sexta-feira (6), em São Bernardo do Campo (SP), a jornalista da Band, Sônia Blota, e o repórter Nilton Fukuda, da Agência Estadão, foram agredidos por “lulistas” com arremessos de ovos, na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

As agressões foram na frente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC Foto: Nilton Fukuda

Durante a tarde, em João Pessoa, o repórter Oscar Neto, da Band News FM Manaíra, foi agredido por quatro homens que além de baterem nele, quebraram seu gravador.

Entidades repudiam agressões

Em nota conjunta, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Associação Nacional dos Jornais (ANJ) ressaltam que não há justificativa para a violência nem para atentados à liberdade de imprensa.

Em outra nota, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) repudiou os atos de agressão. “A Fenaj reitera que agressões a jornalistas são injustificáveis. Também reafirma sua defesa das liberdades de expressão e de imprensa e do jornalismo como atividade essencial à democracia e à constituição da cidadania. Não há verdadeira democracia sem jornalismo e não há jornalismo sem jornalistas.”

O tom da nota conjunta da Abert, Aner e ANJ é semelhante ao da Fenaj: “Toda essa violência injustificável e covarde [é] decorrente da intolerância e da incapacidade de compreender a atividade jornalística, que é a de levar informação aos cidadãos. Além de atentar contra a integridade física dos jornalistas, os agressores atacam o direito da sociedade de ser livremente informada.”

Na nota, Abert, Aner e ANJ reiteram: “A liberdade de imprensa e o direito à informação são básicos na sociedade democráticas e estão sendo desrespeitados pelo autoritarismo dos agressores. Todos aqueles que prezam a democracia precisam se colocar contra esses lamentáveis episódios e se mobilizar para que não voltem a ocorrer. Sem jornalismo, não há democracia.”

Mais cedo, a Associação Brasileira de Jornalistas Investigativos também reagiu às agressões contra os profissionais de imprensa. “A Abraji repudia as agressões e hostilidades às equipes do Correio Braziliense e do SBT, ao fotógrafo da Reuters e a Nilton Fukuda. A violência contra profissionais da imprensa é inaceitável em qualquer contexto. Impedir jornalistas de exercer seu ofício é atentar contra a democracia. Os autores devem ser identificados e punidos pelas autoridades”, diz a associação. (Com informações da ABr)