Alvo de interferência de Renan Filho, presidente da ALE avisa que reagirá a ataques

Marcelo Victor pediu vênia ao governador ao dizer que defenderá deputados

Após ser alvo de uma interferência incisiva do chefe do Executivo de Alagoas, Renan Filho (MDB), na eleição para a Presidência do Legislativo, o presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) Marcelo Victor (SD-AL) pediu vênia ao governador para dizer que está pronto para zelar pelo prestígio e o decoro do poder e pela liberdade e dignidade de seus membros, contra ataques internos ou externos. O discurso na sessão de abertura dos trabalhos legislativos desta terça-feira (19) foi feito para o governador, que tomou cargos de aliados que rejeitaram eleger seu tio Olavo Calheiros (MDB-AL) para presidir o Legislativo.

Renan Filho foi lembrado por Marcelo Victor de que haverá liberdade da oposição e da situação em falar o que pensam no Legislativo, que é “onde nasce a democracia”, segundo destacou o presidente da ALE.

“Temos algumas funções típicas, que é legislar, fiscalizar, mas, mais do que isso, o parlamento é a Casa onde se protege as ideias diferentes. Aqui é onde a oposição e a situação falam o que pensam de forma democrática. É aqui onde nasce a democracia. As instituições pertencem ao povo e seus representantes devem defender suas independências constitucionais”, declarou Marcelo Victor, ao pedir vênia a Renan Filho para dizer que reagirá contra ataques externos aos parlamentares.

O discurso atinge em cheio a atitude antidemocrática do governador, que fracassou ao tentar manobrar com cargos de seu governo a eleição do tio Olavo na ALE, mesmo demitindo em massa indicados de aliados não domesticados. A situação evidenciou que a cartilha da “democracia calheirista” prega independência e harmonia entre os poderes, somente quando seus próprios poderes não estiverem em jogo.

Renan Filho criou e comandou feito um coronel a guerra política que fez seu tio acenar com uma bandeira branca e abandonar o campo de batalha quando não venceria em Marcelo Victor; derrota repetida pelo pai e senador Renan Calheiros (MDB-AL) no dia 3, com a renúncia da disputa pela Presidência do Senado.

Ainda não há sinalização de retomada do diálogo com os deputados que ignoraram sua pressão, que Renan Filho admitiu que o tio contará sempre com o que chamou de “solidariedade”. Mas o Diário do Poder apurou que o governo nomeou apenas 25% dos cargos das secretarias e aguarda um ambiente mais favorável para tentar recompor os espaços retirados de parlamentares aliados.

Ao cumprir o dever constitucional de apresentar sua mensagem ao Legislativo, o governador Renan Filho usou tom conciliador e agradeceu à parceria com a legislatura anterior, em seu primeiro mandato. E exaltou que Alagoas tem solidez fiscal nesse segundo mandato.