Fato curioso na na história do Brasil, é que o estado do Rio Grande do Norte (RN) começa a existir em agosto de 1501, 321 anos antes do “grito” de D. Pedro I no riacho Ipiranga.

Nessa data, três caravelas comandadas pelo português André Gonçalves chegaram ao litoral potiguar.

Eram os descobridores, no relato dos historiadores Enélio Petrovich e Marcus César Cavalcanti

Tudo se explica pelo marco de pedra, o monumento histórico mais antigo registrado no estado e teria sido instalado pelos portugueses na costa do Rio Grande do Norte no dia 07 de agosto de 1501 – o que também o tornaria o mais antigo marco da chegada dos portugueses ao país, segundo Luis da Câmara Cascudo.

O Marco Quinhentista – como também é conhecido pelos estudiosos – foi “o primeiro ponto da costa brasileira delimitado pelos portugueses”.

Este é o atestado da posse de Portugal sobre as terras recém-descobertas. Hoje, quem chega à praia do Marco, que fica no município de São Miguel do Gostoso, encontra uma réplica do monumento. A peça original foi levada em 1976 à Fortaleza dos Reis Magos, em Natal.

Outro fato controvertido é que um ano antes – em 1500 -, a frota do descobridor Cabral já teria desembarcado, porém o desembarque ocorreu na costa do RN e não em Porto Seguro, na Bahia.

O monte avistado ao longe e denominado “Monte Pascoal” era a “Serra do Sabugi” (RN).

Em Porto Seguro, até hoje não foi encontrado nenhum marco da posse inicial portuguesa. Apenas, alguns documentos que revelam que daquele local o Brasil seria melhor administrado.

Na Serra do Sabugi (RN), há um marco de posse.

O pesquisador conterrâneo Dr. Lenine Pinto, em seu livro “Reinvenção do Descobrimento” demonstra essa versão do descobrimento, com impressionante segurança científica.

Segundo ele, Colombo, Vasco da Gama e Duarte Pacheco teriam pisado o chão brasileiro, antes de 1500.

A “semana da Pátria” lembra que o Brasil ainda permanece na busca da sua verdadeira origem histórica.

O historiador Luiz Nogueira Barros, em apoio à tese do Dr. Lenine Pinto, observa que “Portugal não tinha as condições para a aventura marítima a que se lançou” e a expedição de Cabral tanto já conhecia o caminho para chegar ao Brasil, que fez “uma viagem sem intervalos, com água e alimentos calculados para a travessia, anteriormente traçada por Vasco da Gama, desviando-se, inclusive, de ilhas onde a peste assolava e sempre foram pontos de abastecimentos obrigatórios”.

Em 1822, com a independência do Brasil ainda incompleta, diante dos desafios à frente, “a vocação nata do estado do RN” já era chegar de um estágio de verdadeiro crescimento econômico e social na Colônia descoberta.

Essa vocação, está vinculada a privilegiada posição geográfica do estado diante da América Latina e a proximidade com a Europa. Canal do Panamá e a Oceania.
Câmara Cascudo, em uma de suas “Acta diurna”, registrou o ano de 1927 como “de intensa glória aérea para Natal”, que espalhou o seu nome no noticiário da imprensa universal, com a aterrisagem pioneira em 18 de julho, na praia da Redinha, do avião Breguet-307, pilotado por Paul Vachet.

Logo depois, em 14 de outubro, o campo de pouso de Parnamirim, “provisoriamente preparado”, foi inaugurado pela dupla de pilotos Costes e Briv, os primeiros a fazerem o salto atlântico de São Luís do Senegal, na África, a Natal.

Na II Guerra Mundial, a base aérea de Parnamirim – ponto avançado do hemisfério sul – evitou que o nazi-fascismo tivesse sucesso na África. Que transformações teriam ocorrido no mundo na década de 40, se não existissem o Rio Grande do Norte e a base aliada de Parnamirim (“Parnamirim field”)?

Os aviões partiam da atual Grande Natal, em linha reta rumo a Dakar (África), no grande salto sobre o Atlântico Sul. Um jornal semanal, editado na época em inglês – “Foreign Ferry News” – noticiou que a base “Trampolim da Vitória” ficava completamente coberta de aviões, na construção da democracia universal.

Registra-se o encontro histórico dos presidentes Roosevelt e Getúlio Vargas. Aqui, ainda, estiveram a Sra. Roosevelt e inúmeros artistas de Hoolywood. O coronel Luiz Tavares Guerreiro escreveu a Cascudo em 1943 e declarou que Parnamirim era um dos maiores aeroportos das Américas.

O RN, desde 1500 até hoje, tem a vocação natural de ser um polo avançado na América Latina e Caribe.

Foi vanguarda estratégica no descobrimento do Brasil, período colonial e na II Guerra Mundial.

Ainda poderá ser na pós pandemia um polo exportador e de turismo, gerando empregos, oportunidades e divisas nacionais, através de uma área de livre comércio.

Só o futuro dirá.

Ney Lopes – jornalista, advogado, ex-deputado federal; ex-presidente do Parlamento Latino Americano (PARLATINO); e- Presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara; procurador federal; professor de Direito Constitucional da UFRN – nl@neylopes.com.br – blogdoneylopes.com.br