Já concluídas as apurações de votos na Colômbia e na França.
Dois exemplos emblemáticos para a democracia global, que merecem análise.
Em ambos países, prevaleceu a vontade livre do eleitor, acima dos partidos e dos acordos de lideranças tradicionais.
Não existiu vitória isolada da esquerda, direita ou centro
Ao contrário, o exercício da cidadania, que assegura o voto livre, prevaleceu e não mordaças, que suprimem o direito à livre e ampla escolha.
Ganhou o eleitor livre.
A Colômbia nunca teve um governo de esquerda.
Gustavo Petro será o primeiro,
Venceu o segundo turno presidencial superando seu adversário, sem partido, Rodolfo Hernández.
A França ao eleger a Assembleia Nacional dá um salto no desconhecido, como conclui o jornal Le Fígaro.
Incrivelmente uniram-se direita e esquerda contra Macron.
A coalizão de partidos governistas perdeu a maioria absoluta na Casa, e o chefe de Estado francês, reeleito há dois meses para um mandato de cinco anos, se vê impedido de aplicar suas reformas.
Já se fala na possibilidade de ocorrer uma dissolução da Assembleia Nacional daqui a um ano.
O discurso do colombiano Gustavo Petro refletiu o que ele chamou de mudança real,
Afirmou:
“Não vamos trair esse eleitorado. A partir de hoje, a Colômbia muda, a Colômbia é outra. Não é uma mudança para se vingar, não é uma mudança para construir mais ódios, não é uma mudança para aprofundar o sectarismo na sociedade colombiana”, disse Petro.
Na França, as pretendidas mudanças desejadas por Macron enfrentarão dificuldades.
Ele precisa angariar 44 deputados para obter a maioria nas votações de projetos de lei do Executivo.
A tendência natural seria buscar o apoio de parlamentares de direita.
Mas, o atual presidente da sigla dos ex-presidentes Chirac e Sarkozy já declarou que será uma força de ferrenha oposição.
Há, entretanto, quem admita ser inconcebível uma frente anti-Macron.
Esquerda e direita estão mais do que divididos e são profundamente opostos.
Com esta nova configuração parlamentar, o governo Macron será obrigado a procurar aliados.
Já na Colômbia, o novo presidente acena para a paz nacional.
Ele já enviou mensagem ao seu adversário derrotado e declarou que todos serão bem-vindos ao seu governo. Também assegurou à nação que “neste governo que está começando não haverá perseguição política ou legal”.
A proposta concreta de Gustavo Petro no pronunciamento da madrugada de hoje, 20, foi de um Acordo Nacional, que significaria falar sobre as reformas que jovens e mulheres estão pedindo que tenham a ver com direitos fundamentais, garantias de cumprimento da Constituição e a plenitude dos direitos das pessoas.
Não há como negar que o diálogo é o melhor caminho.
Não se pode matar as liberdades para salvar a democracia.
A presença popular nas urnas é o único caminho capaz de salvá-la.
Nesse sentido, Colômbia e França deram dois exemplos neste domingo, 19, que deve servir de orientação para os demais países.
As vitórias alcançadas foram da “liberdade”, acima dos partidos e das ideologias.
O povo busca os melhores caminhos, sobretudo na redução das desigualdades sociais.
Não adianta classificar de “populistas” soluções que favoreçam diretamente aos mais pobres.
Prioridade social é absolutamente necessária, além de ser a única forma do governante democrático chegar à população e obter credibilidade, desde que proceda com responsabilidade e espírito público.
Não se pode deixar esse discurso apenas para os palanques de esquerda. Grande erro.
O liberalismo social do século XIX antecipou todas essas teses de proteção social, a partir da criação do Imposto de Renda, que à épcoa parecia uma heresia.
Essas ações não têm rótulo de esquerda, ou direita.
Cabe aos candidatos terem lucidez e discuti-las à luz dos seus princípios e não de ideologias ortodoxas.
Dessa forma mostram propostas, alternativas e aguardam o “veredicto” eleitoral.
Só isso.
Nada mais.