Em 2024, mais de 3,7 mil bilhões de pessoas poderão votar nas eleições.
Em 70 países alguns resultados terão impactos globais.
Será o maior teste à democracia?
Realizam-se eleições nacionais nos Estados Unidos, Índia, Indonésia, Rússia, Reino Unido, Paquistão, Bangladesh, Taiwan, México e África do Sul, para citar apenas alguns.
A União Europeia também irá às urnas.
O veredicto das urnas terá consequências profundas na vida das pessoas e num mundo que atravessa momento turbulento, com guerras brutais travadas contra a Ucrânia e Gaza.
Em algumas nações, o processo eleitoral estará exposto à desinformação e às manipulações relacionadas à inteligência artificial.
A situação das grandes eleições em 2024 será um importante campo de testes para a democracia no mundo.
Os estudos concordam em apontar uma deterioração global da qualidade democrática, com numerosos retrocessos extremos — como golpes de Estado em vários países africanos — ou retrocessos moderados, quando em muitos países o ambiente democrático é fragilizado.
É essencial analisar o que acontecerá nos Estados Unidos, onde Trump tentou subverter a sua derrota em 2020, ou na Índia, onde os opositores à administração Modi e os observadores internacionais relatam reveses preocupantes.
As eleições de maior risco serão as eleições gerais dos Estados Unidos para a Presidência.
O regresso de Trump à Casa Branca representaria uma mudança com riscos.
Seria um passo em direção ao isolacionismo americano.
Biden reaviva a rede de alianças americanas, ao pressionar por um forte apoio à Ucrânia e prometer a defesa de Taiwan na hipótese de um ataque chinês.
Ele tranquilizou os seus aliados europeus e asiáticos, em relação aos compromissos americanos com a segurança e os laços comerciais.
Em junho próximo, o Parlamento Europeu realizará também eleições, em todos os 27 Estados-Membros.
Os resultados moldarão a nova câmara, com possíveis maiorias legislativas, que influenciarão a liderança da União Europeia.
O sucesso do extremista anti-islâmico Geert Wilders nas eleições na Holanda, para muitos muitos analistas significa que a extrema direita desfrutará de um aumento no apoio nas eleições do Parlamento Europeu em junho, bem como eleições nacionais na Áustria, Bélgica, Croácia e Finlândia.
Tanto o país invadido como o invasor – Ucrânia e a Rússia – realizarão eleições em março próximo.
No caso da Ucrânia – dada a guerra e a lei marcial – é provável que a votação seja adiada.
Na Rússia, nada se pode esperar senão uma vitória de Putin.
Índia – o país mais populoso do mundo, a quinta maior economia do planeta e parceira dos Estados Unidos – verá Narendra Modi, o primeiro-ministro, tentando ganhar um terceiro mandato.
A sua liderança é extremamente controversa.
Nos últimos anos, a Índia alcançou um crescimento económico considerável e melhorou a sua influência geopolítica, mas o seu impulso ao nacionalismo hindu cria enormes receios sobre a segurança das minorias, especialmente cerca de 200 milhões de muçulmanos e 200 milhões de delitos, ocorridos entre aqueles que pertencem ao estrato inferior da população.
O estilo de governo de Modi é considerado altamente corrosivo para a democracia.
Em todas as eleições, o clima está na frente e no centro dos debates.
Os líderes escolhidos nas eleições deste ano enfrentarão desafios assustadores estabelecidos nos compromissos climáticos globais para o final da década.
A democracia em 122 países continua sendo o modelo pelo qual a maioria das nações em desenvolvimento luta.
“Governo do povo, para o povo, pelo povo” tem vantagens significativas sobre todas as outras alternativas de organização dos estados soberanos.
A democracia será testada.
A dúvida é se sobreviverá integralmente.
A verdade é que 2024 sacudirá o cenário político global.
Tudo poderá acontecer, inclusive nada!