Não é por acaso que o agro recebeu, há algum tempo, a alcunha de “locomotiva da economia brasileira”, título que vem se consolidando nos últimos anos com o crescimento significativo do segmento, mesmo em meio à cenários de instabilidade econômica e política, crises sanitárias e outros fatores externos adversos.
Os auditores fiscais federais agropecuários, como são conhecidos os servidores da carreira do Ministério da Agricultura (MAPA), são os profissionais que chancelam todas nossas exportações do setor agropecuário e estão presentes nos portos, aeroportos, frigoríficos e zonas de fronteiras.
De acordo com estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-Agro), a atuação dos auditores agropecuários contribuiu em 8,6% dos US$ 160 bilhões em exportações no ano de 2022, ou seja, US$ 13,7 bilhões. O valor alcançado está relacionado, por exemplo, à fiscalização de mercadorias em portos, aeroportos, zonas de fronteira, plantas de frigoríficos, agroindústrias e campos de produção, além de auditorias e certificações. Ainda segundo o estudo, se for levada em conta somente as exportações, os affas contribuem diretamente para a criação e manutenção de 108 mil
empregos.
Em junho, o governo federal anunciou concurso para 200 novas vagas para a carreira, o que corresponde a apenas 11,4% da demanda estabelecida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ou seja, 1,7 mil cargos.
Além da reposição, os auditores agropecuários reclamam que suas remunerações estão congelados desde 2017 e que hoje recebem cerca de 60% das remunerações de carreiras correspondentes de auditoria do governo federal.
O Fórum ProBrasil, composto por grandes nomes como a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Associação Brasileira das Indústrias de Pescados (Abipesca), entre outras de um total de sete setores da agropecuária nacional, representa 1,4 milhão de empregos gerados em 754 indústrias e meio trilhão de reais em receitas para o País.
Em documento enviado aos ministros Fernando Haddad, Carlos Fávaro e Esther Dweck, o fórum afirma que “os Auditores Fiscais Federais Agropecuários são essenciais para o agronegócio brasileiro” e ratificam a necessidade de atendimento às pautas: “A carreira necessita ser valorizada”.
O setor agropecuário, bem como esses profissionais, merecem ter uma atenção especial do governo pela sua importância na balança comercial e pelo aspecto sócio-econômico que representam para o nosso país.
Consuelo Garrastazu Paixão Côrtes é auditora Fiscal Federal Agropecuária
garrastazu.consuelo@gmail.com