De todas as instâncias estruturais que sustentam o projeto brasileiro de nação, a Educação é o nosso grande calcanhar de Aquiles. Principalmente, porque dela dependem os demais setores para que o Brasil vá para frente.

A corrupção, o desencontro nas relações do setor, as trocas permanentes de ministros (e até prisão) são só a ponta de um gigantesco iceberg submerso, que já vem de longe.

O que vemos na super estrutura, já contaminou há muito tempo a sala de aula, tanto no ensino básico, quanto na universidade. E é a razão principal de estarmos sempre nos piores lugares das avaliações internacionais.

Os professores, na base da estrutura – sacrificados pelos baixos salários e a falta de tempo e recursos para aperfeiçoarem suas qualificações -, são os grandes heróis dessa guerra sem vencedores.

O danoso programa de “aprovação automática”, na escola pública, segue destruindo o interesse do aluno pelo estudo como instrumento de saber e progresso pessoal.

Diz-me uma professora do Rio de Janeiro: “antes os meninos vinham para comer e, bem ou mal, assistiam as aulas, mas, agora, cientes de que serão aprovados de qualquer modo, comem e vão embora”.

E completa: ” a falta de respeito e empatia no ambiente escolar é tal, que eu, para conseguir exercer minha função, tenho que utilizar o mais violento da classe para conter os demais”.

E assim é no país inteiro.

No Maranhão, outra professora secundarista ao reclamar do desinteresse de seus alunos, quase todos responderam que seus destinos era ser ladrões.

Porém, nem tudo é terra arrasada. Há brilhantes iniciativas de professores abnegados pelo Brasil afora, que se agrupam para exercer suas vocações e melhor servir à coletividade.

Entre os quais, elenco dois projetos de longo alcance, realizados com pouquíssimos recursos, mas, com abundância de competência e boa vontade: o “Cara Alegre do Piauí” (comandado pelo Professor Cineas Santos) que, há mais de trinta anos (exceto no período da pandemia) leva profissionais, de várias áreas da Educação, às cidades do interior do estado, para reciclar e qualificar professores.

O outro, é o Pré-Enem Seduc, sob a chancela da Secretaria de Educação do Piauí, que atende a milhares de estudantes da periferia das cidades e do interior, com aulões preparatórios em grandes centros de convenções, transmitidos por tv e rádio.

Precisamos entender que, a metodologia que nos degrada e nos põe no fim da fila na competição pelo conhecimento com as grandes nações, tem que ser substituída, urgentemente, por soluções baratas e criativas que a própria sociedade civil, já cansada de tanto esperar pelo poder público, vai criando.

Não podemos parar de cobrar de quem tem o dever de fazer, mas, a lição do exemplo individual, é um coadjuvante inestimável.

Salgado Maranhão é poeta, jornalista, compositor e escritor.