Bolsonaro em Israel, bate-boca na CCJ e articulação pela reforma

Confira algumas das principais notícias dos dias 1/4 a 5/4

Em Israel desde o último domingo (31), o presidente Jair Bolsonaro visitou o Muro das Lamentações ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na segunda (1º). O gesto representou mais um sinal de aproximação entre Bolsonaro e o premiê, já que não é comum que Netanyahu acompanhe chefes de Estado ao local sagrado.

No primeiro dia da visita oficial, o presidente brasileiro anunciou a abertura de um escritório comercial em Jerusalém, cidade que não é considerada internacionalmente como capital israelense. Recém-eleito, Bolsonaro manifestou a intenção de transferir a embaixada brasileira de Tel-Aviv para Jerusalém — assim como fez o presidente norte-americano, Donald Trump. A empresários, o presidente afirmou que abertura mostra que o relacionamento entre o Brasil e Israel veio para ficar.

A decisão causa insatisfação a países árabes, por causa dos conflitos envolvendo Jerusálem. Tanto Israel quanto a Palestina buscam o reconhecimento de Jerusalém como sua capital. A Autoridade Palestina já afirmou que irá chamar de volta seu embaixador no Brasil. “É direito deles reclamar. A gente não quer ofender ninguém. Agora, queremos que respeitem a nossa autonomia”, afirmou Bolsonaro sobre o assunto.

O recuo em relação à transferência imediata da embaixada está ligado ao fato de que os países árabes são os maiores compradores de carne bovina e de frango do Brasil. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, já organiza um encontro com embaixadores para mostrar que o Brasil não pretende se distanciar dos países árabes — buscando evitar grandes prejuízos econômicos para o país.

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Bate-boca na CCJ

A audiência pública da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na Câmara dos Deputados para tratar da reforma da Previdência com o ministro da Economia, Paulo Guedes, terminou em bate-boca na quarta (3).

A confusão começou com a declaração do deputado Zeca Dirceu (PT-PR), filho de José Dirceu, de que Guedes é “tigrão” quando se trata de aposentados, idosos e pessoas com deficiência e “tchutchuca” com os mais ricos, com a “turma mais privilegiada”. Deputados pediram decoro por parte de Zeca Dirceu e Guedes respondeu ao parlamentar, dizendo que “tchutchuca é a mãe, a vó”. O ministro disse ainda que só merece seu respeito quem também o respeita.

O presidente da CCJ, o deputado Felipe Francischini (PSL-PR), tentou acalmar os ânimos. “Peço a ambos que retirem as palavras, tanto o ministro Paulo Guedes quanto o deputado Zeca Dirceu”, disse Francischini, que não foi atendido. Em seguida, o presidente do colegiado encerrou a sessão, convocando uma nova para a manhã do dia seguinte.

Antes da confusão generalizada que encerrou a audiência, o ministro afirmou que a Previdência é uma “fábrica de desigualdades” e disse ainda que o Brasil gasta dez vezes mais com aposentadorias que com educação. Guedes declarou que o atual sistema, em que trabalhadores ativos financiam os aposentados, está fadado ao fracasso.

Outros momentos de embate entre deputados da oposição e o ministro da Economia também marcaram a audiência pública. Um dos temas debatidos foi o sistema de capitalização proposto pelo governo e o caso chileno. Segundo um deputado, o sistema não deu certo no Chile e alega que os chilenos recebem benefícios baixos. O ministro rebateu, afirmando que o governo chileno começou a implementar políticas sociais porque, após adotar o regime de capitalização em 1980, passou a sobrar dinheiro.

Ao ser questionado sobre privilégios nas aposentadorias do militares, o ministro cobrou iniciativa dos deputados. “Cortem vocês. Vocês são o Congresso Nacional”, afirmou Paulo Guedes. Em outro momento, o ministro também cobrou atitude dos parlamentares. “Vocês estão há quatro mandatos no poder. Por que é que não botaram imposto sobre dividendo? Por que é que deram benefícios para bilionários? Por que é que deram dinheiro para a JBS? Por que é que deram dinheiro para o BNDES?”, declarou.

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Articulação política

O presidente Jair Bolsonaro se reuniu na quinta (4) com líderes de seis partidos para discutir a formação de uma base aliada do governo no Congresso e eventual apoio à reforma da Previdência. Bolsonaro recebeu ACM Neto (DEM), Ciro Nogueira (PP), Geraldo Alckmin (PSDB), Gilberto Kassab (PSD),  Marcos Pereira (PRB) e Romero Jucá (MDB).

Juntos, na Câmara dos Deputados — onde tramita a PEC da reforma da Previdência —, os seis partidos somam 196 deputados: 38 do PP; 36 do PSD; 34 do MDB; 31 do PRB; 30 do PSDB; e 27 do DEM.

Após a reunião com Bolsonaro, ACM Neto afirmou que a reforma da Previdência deve ser aprovada o quanto antes e que o DEM deve integrar a base aliada do governo. O presidente da sigla disse ainda que, dependendo de como ficar o texto da reforma que irá a votação no plenário da Câmara, o DEM pode fechar questão, ou seja, os parlamentares do partido devem votar a favor da reforma.

Já o presidente do MDB, Romero Jucá, afirmou que o partido apoia a reforma da Previdência, mas que vai propor alterações no texto. Segundo o ex-senador, o partido não concorda sobre a proposta de mudança no Benefício de Prestação Continuada (BPC). O emedebista falou ainda sobre discutir sobre a aposentadoria rural, a dos professores, e o sistema de capitalização. Jucá afirmou que o partido ainda não decidiu se fechará questão.

Kassab, presidente do PSD, afirmou que a reforma da Previdência é compatível com o programa do partido e que apoiará a aprovação da PEC. Kassab disse que a sigla não fechará questão e ressaltou a tradição do PSD de manter independência em relação ao governo. No entanto, o presidente do partido destacou que haverá um esforço de mostrar aos parlamentares a importância da reforma da Previdência para o país.

O PSDB, por meio de Geraldo Alckmin, defendeu a importância da reforma, mas se declarou contra a mudança proposta no BPC e na aposentadoria rural. Alckmin falou ainda que a sigla manterá a postura de independência em relação ao governo e que o PSDB não fará parte da base aliada de Bolsonaro. Após a reunião com o presidente, Ciro Nogueira e Marcos Pereira não deram entrevista.

Bolsonaro propôs aos seis presidentes de partidos a criação de um conselho de governo com participação direta das siglas. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a intenção é de que haja uma reunião entre o governo e os partidos a cada 30 dias como forma de trazer novas propostas.

Entre terça e quarta da semana que vem, Bolsonaro recebe outros líderes de partidos. Dessa vez, o presidente se reúne com PSL, PR, Novo, Avante, Podemos e Solidariedade.

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Ministro da Educação

Na sexta (5), o presidente Jair Bolsonaro sinalizou a possível saída do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez, na próxima segunda (8). A declaração foi dada durante um café da manhã com jornalistas.

Segundo Bolsonaro, “está bastante claro que não está dando certo”. Ainda de acordo com o presidente, está faltando gestão na pasta comandada por Vélez. “Segunda-feira vai ser o dia do ‘fico ou não fico'”, completou.

Em um evento com empresários em São Paulo, o ministro afirmou que o presidente ainda não conversou com ele sobre o assunto e que não vai entregar o cargo.

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