Queremos paz ‘alcançável’, diz Amorim após críticas de Zelensky
A aproximação brasileira com o governo chinês também foi alvo de críticas de Zelensky, que disse que o Brasil se aproxima do aliado oriental por “razões comerciais”
O assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, disse nesta sexta-feira (31) que o Brasil mira em um acordo de paz “alcançável” ao propor a participação da Rússia nas negociações para o fim da guerra na Ucrânia.
O posicionamento brasileiro diante do conflito foi criticado pelo presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky na quinta-feira (30). Em entrevista à imprensa latino-americana, o líder de Kiev disse que o Brasil “está mais alinhado com a Rússia do que com a Ucrânia”.
“Respeitamos o sofrimento do povo ucraniano. Queremos contribuir para uma paz alcançável. Isso só será possível se considerarmos as preocupações das partes, o que pressupõe diálogo entre elas, preferencialmente com apoio de países que gozem de confiança de ambos”, disse Amorim.
O assessor defendeu que diferentes países, inclusive ocidentais, reconhecem o papel que a China deve exercer na negociação pela paz na região. A aproximação brasileira com o governo chinês também foi alvo de críticas de Zelensky, que disse que o Brasil se aproxima do aliado oriental por “razões comerciais”.
“Quem ler com atenção a declaração conjunta sino-brasileira verá que há recado para todos, inclusive para a Rússia, cuja ação militar sem autorização da ONU o governo brasileiro nunca deixou de criticar”, declarou.
Zelensky disse que não entende o posicionamento do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à guerra contra a Rússia.
“Diga: ‘Por acaso, presidente Lula, por acaso não quer ter essa aliança? Por acaso o Brasil está mais alinhado com a Rússia do que com a Ucrânia?’ A Rússia nos atacou. O Brasil tem de estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor, em nome do resto do mundo. Uma amizade com alguém que tem uma ideologia e uma visão fascistas não pode trazer benefícios”, declarou.
Em 15 e 16 de junho, o presidente ucraniano participará da Cúpula da Paz, em Lucerna, na Suíça, para discutir uma proposta de paz unilateral que ajude a acabar com a guerra entre Rússia e Ucrânia. De acordo com fontes diplomáticas, Lula nunca considerou ir.
Isso porque, assim como a China, o Brasil defende uma reunião com participação igualitária entre Rússia e Ucrânia. Zelensky, porém, já disse que o pedido não será contemplado.