Copom ignora ameaças de Lula e mantém taxa Selic no patamar de 10,50%
Decisão decorre de cenário global incerto e inflação resiliente no Brasil
O Comitê de Política Monetária (Copom), em decisão unânime, reafirmou sua autoridade e independência e decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, desafiando as pressões e os ataques até pessoais do presidente Lula (PT) ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O comunicado sobre a manutenção da taxa da taxa Selic no patamar de 10,50% destaca o cenário global incerto e o ambiente doméstico marcado por uma atividade econômica, o que demanda maior cautela e moderação na condução da política monetária.
O ciclo do corte de juros foi interrompido em junho, quando os diretores votaram de forma unânime para manter a Selic em dois dígitos. Na reunião anterior a essa, o colegiado ficou rachado entre quem votou pelo corte de 0,25 ponto percentual (integrantes indicados pelo governo anterior) e quem votou em 0,50 p. p. (do atual governo), o que causou um baque no mercado financeiro na ocasião.
“O Comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela. Ressalta, ademais, que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta. O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”, diz trecho da decisão.
O Copom ainda ressalta que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária.”