Empreendedores paraenses aderem ao Movimento Compre do Pequeno

Doceria e pet shop são exemplos de negócios de sucesso em Belém

Quando a então estudante de publicidade Mariucha Morgado juntou-se à irmã, Eliete Santos, na venda de docinhos, a ideia era apenas criar um meio de garantir uma renda extra. “Comecei a ajudá-la porque precisava pagar meus estudos. Vendíamos só para amigos e conhecidos. A ideia era me dedicar à profissão, uma vez terminados os estudos”, conta Mariucha, que hoje pertence à categoria que responde por 52% dos empregos formais no país: os pequenos negócios. Com o apoio do Sebrae no Pará, Mariucha e Eliete hoje dirigem três lojas de doces na capital.

Foi pensando nessa grande fatia da sociedade que uma iniciativa inédita está sendo implementada pelo Sebrae em todo o país: o Movimento Compre do Pequeno Negócio, que  pretende criar uma cultura de consumo que prioriza a aquisição de bens e serviços das empresas de pequeno porte. A ideia é justamente fomentar o segmento, pois as pequenas empresas já passam de 10 milhões no Brasil e representam mais de 95% do total de CNPJs, respondendo por 27% do PIB nacional e garantindo carteira assinada a cerca de 17 milhões de brasileiros.

“Queremos que o consumidor paraense perceba que quando ele compra seu pão na padaria da esquina, sua roupa na lojinha de confecções da sua rua, ou quando almoça no restaurante do seu vizinho ele exerce um importante papel para a economia local e, consequentemente, regional e nacional também. Pessoas empregadas consomem e fazem o dinheiro circular, movimentando a economia e gerando mais e mais empregos no seu bairro, na sua cidade”, explica o diretor superintendente do Sebrae no Pará, Fabrizio Guaglianone.

Ele ressalta que o Movimento terá seu ponto alto no Dia da Micro Empresa, 5 de outubro e, até lá, várias ações de divulgação serão realizadas. Uma das mais importantes é o hotsite www.compredopequeno.com.br, onde os empreendedores podem se cadastrar, para que o consumidor facilmente encontre produtos e serviços fornecidos mais perto de sua casa ou trabalho.

Embalagem artesanal

Mário Carvalho, atual administrador da Ornatos Embalagens, faz questão de manter o status de pequeno comerciante. Sua empresa oferece um produto diferenciado, baseado em processo artesanal e com matérias primas que marcam a identidade cultural da Amazônia. São brindes e embalagens de vários formatos, feitas em papel ou miriti e revestidas com pigmentação à base de tintura de açaí e folhas de ajiru, manga, canela, biribá e, principalmente o cacau.

“O nosso negócio é completamente artesanal. Por isso, para nós, o recurso mais importante são as pessoas. Em vez de investir em maquinário para aumentar nossa linha de produção numa escala cada vez maior, como muitos fazem, preferimos investir nos seres humanos, nos artesãos, que são a base do nosso negócio. Damos a eles capacitação e procuramos garantir um preço digno para o seu trabalho”, explica.

Mário garante que a empresa cumpre com seu papel de empresa social e ecologicamente correta, auxiliando na valorização do homem do campo e seus conhecimentos. “Como reconhecimento deste trabalho, a Ornatos embalagens já conquistou o Prêmio CNI de Design Ecológico, em 2004, os prêmios FINEP de Inovação Tecnológica na Região Norte, primeiro lugar em 2005 e segundo em 2006”, festeja.

A vez dos animais

Outro empreendedor que torce pelo Movimento Compre do Pequeno Negócio é Agnelo Pantoja, dono do Pet Shop Belém. “É claro que as grandes empresas também têm sua importância, mas o consumidor precisa saber que, ao adquirir produtos em seu próprio bairro, o dinheiro fica ali, beneficia as pessoas que vivem na comunidade. É uma grande ideia essa do Sebrae”, torce Agnelo.

Após oito anos trabalhando como funcionário no pet shop de seu sobrinho, Agnelo percebeu que já tinha condições para abrir sua própria loja. Com dificuldade, alugou o pequeno ponto comercial e começou a vender. “No começo eu me sentia muito perdido. Apesar da experiência, vi que era bem diferente a situação de eu mesmo dirigir minha empresa. Foi quando um rapaz do Sebrae passou aqui cadastrando pequenos negócios para dar orientações. Isso foi a melhor coisa que me aconteceu. Em 2011, fiz meu registro como microempreendedor individual e passei a contribuir. Sempre que posso vou a cursos e palestras no Sebrae. Tudo isso foi me ajudando a me organizar melhor”, conclui.