Derrotada, J&F dos irmãos Batista usa processos para forçar acordo

Os Batista e seus advogados tomaram uma bronca do Ministério Público

Virou moda provocar processos criminais para forçar o outro lado a ceder em grandes disputas societárias. Parece ser o caso da investida em repetidos procedimentos criminais pela J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, contra um árbitro e contra executivos da Paper Excellence, depois de perder em decisão unânime da arbitragem que decidiu o controle da gigante Eldorado Celulose.

Nos dois casos, os irmãos Batista e seus advogados tomaram uma bronca do Ministério Público. Tanto no inquérito contra o arbitro, no Rio, quanto no inquérito contra os executivos da empresa adversária, em São Paulo, promotores repudiaram o uso dos órgãos de investigação criminal sem provas para interesses privados, e determinaram o arquivamento dos inquéritos.

Inconformada com as sucessivas derrotas, a J&F  resolveu apostar contra a rival Paper Excellence num outro inquérito, dessa vez em Diadema. A derrota mais recente foi a sentença da 2ª Vara Empresarial e Conflitos de Arbitragem do Tribunal de Justiça de São Paulo, que indeferiu o pedido dos irmãos Batista para anular a decisão do tribunal arbitral.

Mesmo sem  a Paper ser parte do tal inquérito, conforme entendimento da própria Justiça, o delegado Nelson Caneloi resolveu assim mesmo indiciar dois executivos da empresa, Cláudio Cotrim e Josmar Verillo.

A J&F ainda provocou um terceiro inquérito em SP sobre os mesmos fatos, numa estratégia de atirar para todo lado para ver se acerta o alvo, com indiciamentos forçados.

Mas nada disso convenceu a juíza responsável pela disputa cível, que analisou os processos em conjunto e deu ganho de causa à Paper, confirmando a sentença arbitral unânime. Porém, após a derrota no TJSP, apareceram também notícias na mídia atacando a juíza Renata Maciel, que julgou o caso contrariando os interesses dos irmãos Batista.

Atento às manobras, um membro do Ministério Público lembrou que em São Paulo o inquérito provocado por representantes da J&F foi considerado natimorto, tanto pelo juízo quanto pela promotoria, uma vez que apresentava informações megalomaníacas, rasas e desencontradas.

Veio, inclusive, do gabinete do Procurador-Geral de Justiça do MPSP a última decisão de arquivamento do inquérito da delegacia paulistana, após sucessivos recursos da J&F terem fracassado.