Câmara volta a convocar Guedes a explicar offshore em paraíso fiscal

Comissão também aprovou convite para o presidente do Banco Central

A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados aprovou nova convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes. Ele terá que explicar o suposto conflito ético com a manutenção de empresa offshore em paraíso fiscal. A convocação do ministro já havia sido aprovada nessa terça-feira (5) pela Comissão de Trabalho, por requerimento dos deputados Kim Kataguiri (DEM-SP) e Paulo Ramos (PDT-RJ).

Os requerimentos de hoje foram apresentados por esses mesmos deputados e pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO).

“É possível, em tese, que ele tenha feito investimentos que se provaram rentáveis devido às informações que ele naturalmente possui enquanto ministro”, disse Kataguiri, ressaltando ainda que Guedes pode ter influenciado a política fiscal, monetária, creditícia ou cambial do País para tornar seus investimentos rentáveis.

Em nota, o Ministério da Economia afirmou que a participação de Guedes na empresa offshore foi declarada à Receita Federal e à Comissão de Ética Pública.

Elias Vaz, entretanto, disse que, desde o início da gestão Bolsonaro, a Comissão de Ética tem sido criticada por ser “leniente com comportamentos antiéticos por parte da cúpula do governo”. “Ao nosso ver, é muito grave que um ministro use as vantagens do cargo, onde obtém informações privilegiadas, para lucrar milhões com uma empresa no Caribe.” Paulo Ramos também quer esclarecer se houve conflito de interesses entre a manutenção das offshores e o cargo de ministro.

Entenda o caso

A notícia sobre  existência das offshore foi publicada pelos sites da revista Piauí e Poder360, que integram o consórcio internacional de jornalistas investigativos que teve acesso a milhões de documentos sobre offshores em paraísos fiscais (Pandora Papers).  O vazamento também apontou empresa no exterior em nome do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Neto também poderá prestar esclarecimentos à Comissão de Fiscalização Financeira. Diferente de Guedes, que foi convocado e é obrigado a comparecer, Neto foi convidado a pedido do deputado Leo de Brito. (Com informações da Agência Câmara de Notícias)