Volvo não repassará todo aumento de imposto de importação dos eletrificados

A sueca, que por aqui comercializa apenas modelos híbridos ou elétricos, fará um repasse bem menor do que o anunciado pelo governo

Em novembro, acatando o bizarro pedido da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) – só no Brasil que uma entidade faz lobby para aumento de imposto que prejudica, entre outros, seus associados – em uma medida protecionista burra, o governo federal anunciou o retorno do imposto de importação para veículos eletrificados. 

A taxação, que claramente visa frear a “onda” chinesa de modelos eletrificados, retoma o imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in a partir do próximo mês de forma segregada, começando em 10% até chegar a 35% em julho de 2026. Só em 2024, serão dois aumentos, um em janeiro e outros em julho, batendo nos 20%

No entanto, uma das marcas mais afetadas pela medida, a Volvo, não repassará todo o aumento. A marca acaba de anunciar que fará um repasse menor do que o exigido pelo governo. Um detalhe é que, apesar de ser sueca, atualmente a controladora da montadora é a chinesa Geely. 

O Brasil foi um dos primeiros mercados no qual a Volvo adotou a medida de comercializar apenas modelos eletrificados (híbridos ou elétricos). Atualmente, a montadora tem como meta, ter apenas modelos 100% elétricos até 2030 em todo o mundo. 

Dessa forma, a sueca afirma que, garantindo o comprometimento com o país – apesar do próprio governo ir na contramão, com este tipo de medida –, com a eletrificação e a mobilidade sustentável, além do respeito ao consumidor brasileiro, optou pelo repasse médio de 7,7% aos preços dos seus produtos, garantindo previsibilidade ao seu cliente de qual será o impacto deste imposto ao adquirir um novo Volvo.

Por exemplo, o recém apresentado EX30 e principal aposta da marca para 2024, terá um ajuste de 5% em 2024, ante os 18% impostos pelo governo. Já o XC40 e o C40, outros dois elétricos da marca, receberão 10%. Os híbridos plug-in XC60 e XC90 também terão seus valores ajustados em 10%, na medida do governo eles deveriam subir 20%.

“Foi uma decisão muito estudada de como iremos traçar o futuro da companhia no curto prazo. Acreditamos que este formato seja o melhor para deixar claro ao mercado quais são os nossos objetivos comerciais, além de dar ao consumidor a tranquilidade para adquirir seu carro sem surpresas”, afirma Marcelo Godoy, presidente da Volvo Car Brasil. 

A empresa afirma ainda que a decisão do governo não alterará a estratégia de crescimento no país e que a Volvo continuará contando apenas com carros eletrificados em seu portfólio. 

“Temos destaque global pela nossa estratégia avançada em eletrificação. Este é um caminho longo, que estamos percorrendo desde 2020, quando instalamos as nossas primeiras estações de recarga. Hoje, além de uma empresa que vende carros, somos uma empresa que investe na mobilidade sustentável. A Volvo Car Brasil contribui com a infraestrutura do país com um investimento de mais de R$ 70 milhões em mais de 100 eletropostos rápidos em todo o Brasil para usuários de carros elétricos de qualquer marca.”

A Volvo já comercializou mais de 7,5 mil carros em 2023, tendo um crescimento de mais de 70% em relação ao mesmo período do ano passado. Com a chegada do EX30, a empresa pretende alcançar a marca de 17 mil carros vendidos no país em 2024.