Volta por cima? Renault entra em nova fase com o ótimo Kardian

O primeiro SUV supercompacto da francesa tem uma condução divertida e lista de equipamentos otimizada, mas peca no acabamento

Gramado (RS) – Desde que iniciou as operações no Brasil, em 1998, a Renault passou por algumas fases distintas, da chegada ao mercado brasileiro, ao primeiro produto desenvolvido por aqui. Fosse a história da marca um épico, estaríamos entrando no terceiro grande arco.

O primeiro momento de grande importância, claro, foi a fase inicial. De entrar no mercado brasileiro, montar o complexo fabril e iniciar a produção por aqui. Ele também foi marcado pela utilização de modelos dignamente franceses, como a família Mégane (sedã, hatch, perua), o Clio e o Scenic.

O segundo arco vem com a adoção de modelos voltados para mercados periféricos, fugindo dos originalmente franceses. A principal inspiração veio da romena Dacia, que deu origem à família Sandero (o próprio hatch, o Logan e o Stepway), Duster e Oroch. Mas ainda teve o russo Fluence e o indiano Kwid. Até o Captur brasileiro teve origem russa e não francesa.

Agora, a marca inicia a terceira grande fase com o lançamento do Kardian – que já andamos e apresentamos as “primeiras impressões”. O SUV supercompacto é o primeiro modelo mundial da marca desenvolvido pelo time brasileiro da Renault, faz parte do International Game Plan da marca e inicia uma série de lançamentos previstos para os próximos anos, inclusive, com o próximo já confirmado, um utilitário médio.

Precificação

Basicamente, ele disputa espaço com Fiat Pulse e Volkswagen Nivus.

Como sempre, batemos na tecla de que carro está – muito – caro no Brasil. Com o Kardian não é diferente. Ele chega ao mercado em três versões, partindo de R$ 112.720. Durante o lançamento oficial dele realizado em Gramado, tivemos um primeiro contato com a opção Première Edition e seus R$ 132.790. 

O preço está dentro do empregado na categoria, ou seja, pelo que o mercado dita, está dentro do conforme. Mas sabemos que o setor automotivo brasileiro é tudo, menos coerente. Assim, se pensarmos que se trata de um utilitário supercompacto, é muito dinheiro empregado em um veículo deste porte. 

“Nouvel’R”

Ele inaugura a diretriz de design “Nouvel’R” da Renault no Brasil.

Dentre as diversas novas diretrizes da Renault, está a de design, com o Nouvel’R. Ele aponta qual caminho a marca deve seguir nos novos veículos. Por aqui, a tendência foi inaugurada com o importado Megane E-Tech. O Kardian é o primeiro produzido no Brasil a utilizar o novo estilo.

Com isso, o novo SUV tem um visual único dentre os modelos da Renault no Brasil. Ele conta com capô proeminente com grandes vincos, para-choque robusto com direito a protetores na parte inferior em cinza acetinado, grade tipo colmeia e faróis afilados. Nas laterais, protetores nas caixas de rodas reafirmam o estilo robusto.

O interior tem bom visual, mas peca no acabamento.

Na traseira, o teto é curvado, com o vidro traseiro inclinado em direção à coluna C, mas longe de ser um coupé. Ele ainda conta com spoiler na parte de cima da tampa do porta-malas, raque de teto, antena tipo barbatana de tubarão e para-choque volumoso com protetores inferiores. As rodas contam com desenho exclusivo também.

Por dentro, há dois pesos. Enquanto o visual é interessante, com console elevado, alavanca do câmbio do tipo e-shifter em formato de joystick, duas telas, uma de sete polegadas para o painel de instrumentos e outra de oito polegadas para a central multimídia e iluminação ambiente. Já o acabamento e os materiais empregados deixam a desejar.

Há peças mal encaixadas e rebarbas estranhas.

O problema maior nem é o uso abundante de plástico duro, mas o encaixe mal feito das peças. Há rebarbas e detalhes mal encaixados que passam a sensação de que podem sair na mão com um mínimo de esforço. Sem falar na aparência frágil de alguns itens, como da própria alavanca do câmbio e do controle de áudio atrás do volante. A tela da central multimídia também se mostra um pouco mais simplória do que deveria.

O espaço interno é condizente com o porte do modelo. Como um SUV supercompacto (que meio que é um hatch compacto superdesenvolvido), ou seja, quatro pessoas andam sem muito aperto, um quinto é quase impossível, é mais para um momento de necessidade e não para viagens, mesmo curtas. O porta-malas leva excelentes 410 litros.  

Bem auxiliado

A lista de equipamentos de série é bem completa.

O Kardian tem dois grandes pontos positivos, o conjunto mecânico (que falaremos um pouco mais a frente) e a lista de equipamentos. Desde a configuração de entrada ele entrega bons itens, mas é na topo que o “show” realmente aparece.

Ela vem com as já citadas duas telas, conexão sem fio para smartphones com a central multimídia, quatro portas USB, ar-condicionado digital, retrovisores externos elétricos, chave sensorial tipo cartão, partida remota do motor, volante com ajustes de altura e profundidade, iluminação ambiente, carregador de celular por indução.

São diversos itens de conforto, tecnologia e segurança.

O SUV supercompacto ainda conta com sistema Start&Stop, três modos de condução (Eco, Sport e My Sense) que altera o estilo visual do painel de instrumentos digital, rodas de liga leve de 17 polegadas diamantadas e escurecidas, acabamento exterior em preto brilhante e teto biton em preto.

Na parte da segurança, seis airbags, piloto automático adaptativo, freio de estacionamento eletrônico, câmera multiview, alertas de ponto cego, distância segura e colisão frontal, faróis full LED, sensores de estacionamento traseiro, dianteiro e crepuscular, assistente de partida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus e frenagem automática de emergência.

Melhor momento 

Ele utiliza um motor inédito no line-up da marca por aqui.

O Kardian, como um todo, é completamente novo. A Renault afirma que tudo nele é inédito, ao menos no Brasil, já que o câmbio é utilizado em outros modelos na Europa. Na parte mecânica, ele inaugura o motor 1.0 turbo da francesa, aliado ao câmbio automatizado de dupla embreagem (um dos melhores sistemas que tem) e direção elétrica. 

A novíssima caixa de força gera 125 cavalos e 22,4kgfm de torque, a melhor relação deste tipo de propulsor disponível no Brasil. A transmissão, que é banhada a óleo, tem seis velocidades e possibilidade de trocas manuais por meio de borboletas no volante, o que permite uma condução ainda mais otimizada. 

O câmbio automatizado é eficiente, confortável e esperto.

Agora, se os números do Kardian passam a impressão de uma boa direção, a realidade é ainda melhor. O SUV é, além de tudo, divertido de conduzir. O casamento do motor com o câmbio beira a perfeição. O acelerador responde bem e qualquer toque faz o utilitário disparar. Com isso, toda manobra é feita com excelência.

De ultrapassagens, a saídas e retomadas de velocidade, tudo é feito com segurança e de forma otimizada. Durante o lançamento oficial do SUV, rodamos pela Serra Gaúcha e podemos ver que, mesmo em estradas sinuosas, ele vai bem. Seja em curva de alta, seja de baixa, em momento algum passa a sensação que o motorista perderá o controle. 

Ele ainda conta com opção de trocas manuais por meio de borboletas no volante.

A direção elétrica fica leve em baixa velocidade, o que otimiza as manobras como as de estacionamento, e mais rígida em alta, permitindo uma condução ainda mais segura. A suspensão também trabalha bem, sem repassar as imperfeições do solo para a cabine.

O único porém da dirigibilidade do Kardian não está no conjunto mecânico, mas em um dos itens que auxiliam a condução, o piloto automático adaptativo. Como qualquer sistema do tipo, ele freia e acelera de acordo com a velocidade ativada e em relação ao veículo da frente, mas ele não conta com “stop&go”, ou seja, não realiza a parada total, desarmando quando há maior necessidade, em baixa velocidade, na casa dos 20km/h.

A opinião do Diário Motor

Renault Kardian.

O Kardian tem um objetivo claro: colocar a Renault de volta aos trilhos, até então, com produtos ultrapassados e apostas em modelos de mercados inferiores. A francesa finalmente volta a ter um veículo capaz de brigar por “um lugar ao sol” no Brasil. E o SUV tem tudo para brilhar, até o preço – apesar de caro – está dentro do praticado atualmente.

Com um conjunto mecânico super ajustado, o que permite uma condução segura e bem divertida, e uma lista de equipamentos generosa, o utilitário desenvolvido no Brasil tem tudo para se destacar por aqui. Não fosse a questão do acabamento, algo até fácil para a marca resolver, ele ganharia um 10, mas as rebarbas e peças mal encaixadas não permitem a nota perfeita, ainda assim, vale a compra! Nota: 8,5.

Ficha Técnica

Motor: 1.0 turbo

Potência máxima: 125cv 

Torque máximo: 22,4kgfm 

Transmissão: automatizada de dupla embreagem de seis velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira 

Porta-malas: 410 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.596 x 1.950 x 4.119 x 2.604mm 

Preço: R$ 132.790

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*Viagem a convite da Renault