Volks Jetta GLI: quando a emoção fala mais alto do que a razão

Testamos o sedã esportivo da alemã, que custa caro, tem boa lista de equipamentos e é super divertido na direção

Para tudo na vida, ao decidir comprar uma coisa, sempre levamos muitos fatores em consideração. Na hora de escolher um veículo novo, não é diferente. Claro que, entre os carros, o fator valor é muito considerado, principalmente nos dias de hoje, com os preços nas alturas. 

Assim, ao decidir trocar o veículo – ou adquirir um novo – é preciso pensar em muitos pontos distintos, da motorização à lista de equipamentos. Dessa forma, acaba que, atualmente, essas compras são mais levadas pela razão do que pela emoção, com decisões mais técnicas do que emotivas, focando muito no custo benefício do modelo novo.

Como falamos, o fator preço é um dos mais relevantes, mas há também a questão da usabilidade do veículo (a forma como ele será usado no dia a dia), a necessidade do motorista, o tamanho da família, o gosto (se prefere um sedã, um hatch, um SUV), somando isso tudo ao valor, chega-se a um denominador comum e a um tipo de carro possível. 

Mas sempre há as opções que são puramente emocionais, que fogem do racional e, mesmo assim, são boas escolhas (spoiler), por mais que a racionalidade diga o contrário. São aquelas que, analisadas friamente, item por item, não deveriam ser uma possibilidade, mas são, como o Volkswagen Jetta GLI, o nosso “Teste da Vez” e seus R$ 232.390.

Esportividade aflorada

A versão é a mais esportiva do modelo já vendida por aqui.

Atualmente, o Jetta está na oitava geração, lançada em 2018. A GLI, versão esportiva e única comercializada no Brasil no momento, chegou no meio de 2019 e conta com o visual mais agressivo que o sedã já teve por aqui, apontando todo o lado apimentado do modelo. A pintura da versão testada, “Azul Rising” é opcional e custa R$ 2 mil a mais. 

A dianteira conta com uma grade que ocupa quase toda a área, bem alinhada com os faróis, que são de LED. Um filete cromado e vermelho divide a peça, que leva a sigla GLi. O volumoso para-choque conta com entradas de ar e mais detalhes em vermelho. 

Todo o visual aponta para o lado esportivo do sedã.

Uma saia escura contorna todo o veículo e os pneus são de perfil fino, com medidas 225/45 R18. A traseira conta com um difusor na parte inferior e o aerofólio na tampa do porta-malas. A saída de escape é dupla e cromada. Para reforçar a esportividade, as pinças de freio são pintadas em vermelho.

O interior é escurecido, inclusive o teto e as colunas, e há detalhes em vermelho por todo lugar, como na manopla do câmbio, volante e nos bancos. O gigante teto solar dá um destaque a mais ao alemão, que ainda conta com iluminação ambiente programável, permitindo ao motorista deixar a cabine do seu gosto, ao menos na parte da luz. 

O interior também tem um lado mais apimentado.

Os materiais empregados são bons, como é de se esperar de um veículo de mais de R$ 230 mil. O acabamento é muito bem-feito e não há rebarbas ou peças mal encaixadas. O conjunto de telas e a iluminação ambiente (disponível em 10 cores) dão um charme a mais ao interior.

Por ser um sedã médio, o espaço traseiro é bom até para quatro adultos, mas uma quinta pessoa fica prejudicada por conta do grande túnel central. A falta de saída de ar e de portas USB para a segunda fileira de bancos é um dos deslizes do Jetta. O porta-malas e seus 510 litros são excelentes para levar muita bagagem. 

Falta razão

Faltaram saída de ar e portas USB para a traseira.

O Jetta, como outros sedãs médios, é bem equipado, mas cobra muito por isso. Hoje ele é o segundo mais caro da categoria, perdendo apenas para o Honda Civic e seus insanos R$ 250 mil. Ele tem uma diferença de R$ 40 mil para o líder do segmento, o Toyota Corolla, de R$ 57 mil para o recém reformulado Nissan Sentra e de R$ 59 mil para o Chevrolet Cruze.

Como falamos, o preço é um dos principais fatores para racionalizar uma compra, junto com a lista de equipamentos. Quanto mais caro um carro, mais esperamos que ele seja completo e venha com itens que corroborem o alto valor empregado. O Jetta melhorou muito para a linha 2023, mas a diferença para os rivais pode fazer a razão falar mais alto.

O painel de instrumentos é 100% digital e configurável.

Sem nenhum opcional além da pintura, ele vem com seis airbags, piloto automático adaptativo, auxiliar de frenagem de emergência com reconhecimento de pedestres, freios a disco nas quatro rodas, câmera de ré, controles de tração e estabilidade, faróis full LED, monitoramentos de ponto cego com assistente de saída e de pressão do pneus. 

Ele ainda vem com retrovisores interno eletrocrômico e externos com aquecimento, auxiliar de permanência e alerta de saída de faixa, luz de circulação diurna, freio de estacionamento eletrônico com função Auto Hold e sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, crepuscular e de chuva.

Ele conta com quatro modos de condução.

Na parte da comodidade, ar-condicionado digital e dual zone, bancos dianteiros com aquecimento, refrigeração e do motorista com regulagem elétrica e memória, carregador sem fio para smartphones, a iluminação ambiente com 10 opções de cores e painel de instrumentos 100% digital e configurável com tela de 10,25 polegadas. 

A central multimídia é a VW Play, que tem display de 10,1 polegadas, conexão sem fio e todas as configurações do veículo pelo sistema, além de loja própria para baixar aplicativos, o volante tem comandos touchscreen. Ele ainda vem com chave sensorial, quatro portas USB, teto solar elétrico e quatro modos de condução (Normal, Sport, Eco e Individual).

Muita emoção

O poderoso motor 2.0 entrega 231 cavalos.

É na direção que o Jetta mostra o porquê de, às vezes, devemos deixar a racionalidade de lado e focar na emoção. O sedã é, provavelmente, o modelo mais divertido de até R$ 250 mil à venda no Brasil. Tudo graças ao poderoso conjunto mecânico, com o motor 2.0 turbo de 231 cavalos e 35,7kgfm de torque e o câmbio automatizado de dupla embreagem. 

O famoso DSG de sete velocidades deixa a condução ainda mais arisca, o câmbio tem respostas instantâneas e sem qualquer tipo de tranco nas trocas, que podem ser feitas manualmente nas borboletas do volante. Colocando a transmissão no “S”, a tocada fica ainda mais esportiva, mas nada comparado com o modo Sport. 

O câmbio também tem modo esportivo.

Ao colocar na opção mais esportiva, o ronco que sai do escapamento duplo fica mais grave, a direção mais rígida e o acelerador mais sensível. É nele que o Jetta mostra toda sua capacidade de sedã esportivo. Basta o mais leve toque no pedal para ele disparar pelo asfalto, inclusive, são menos de sete segundos para ir da imobilidade aos 100km/h.

Com o volante mais firme, a direção fica ainda mais intuitiva, como deve ser em um bom esportivo. Assim, as respostas são perfeitas e as manobras podem ser feitas com extrema segurança, tranquilidade e até certa diversão, de saídas em velocidade a ultrapassagens. 

Apesar de toda potência, o consumo é relativamente bom.

Mesmo com perfil mais esportivo, a suspensão independente trabalha bem e absorve as inúmeras imperfeições do asfalto sem repassar para a cabine, deixando a viagem ainda mais confortável. Os freios a disco nas quatro rodas passam uma segurança a mais na hora de uma frenagem, seja ela programada ou mais brusca, de emergência.

Um dado interessante é que, como ele também tem modo Eco, que é o mais indicado no trânsito caótico do dia a dia, o consumo não é ruim. Claro que não chegará perto de um modelo híbrido, mas para um veículo esportivo com mais de 230 cavalos de potência, ele manda bem. Durante nosso teste, marcou média de 9,3km/l. 

A opinião do Diário Motor

Volkswagen Jetta GLI.

O Jetta, mesmo sem querer, mostra que nem sempre a razão deve prevalecer. Se formos analisar friamente, há modelos bem mais interessantes no mercado, principalmente na relação custo/benefício, mas certamente não tão divertidos quanto o alemão e seu conjunto mecânico animado e visual agressivamente esportivo. 

Ele é caro? Sim, muito! Mas ao menos recebeu um bom upgrade de equipamentos para a linha 2023, fazendo com que ele não fique atrás dos concorrentes neste quesito. Só que, ele “toca” quem gosta de dirigir, quem procura uma emoção a mais no veículo e não apenas um mero meio de transporte. Assim, olhando pelo lado totalmente emocional, mesmo pelos R$ 232 mil, vale, e muito, a compra. Nota: 9,5.

Ficha Técnica

Motor: 2.0 turbo

Potência máxima: 231cv 

Torque máximo: 35,7kgfm 

Transmissão: automatizada dupla embreagem de sete velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente nas quatro rodas

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 510 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.478 x 1.799 x 4.747 x 2.680mm 

Preço: R$ 232.390

1/55Volks Jetta GLI: quando a emoção fala mais alto do que a razão. Fotos: Geison Guedes/DP.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.Volkswagen Jetta GLI.