Toyota Yaris XS: econômico e com leve melhora nos equipamentos
Testamos a versão intermediária do japonês produzido em São Paulo, que otimizou um pouco os itens de série, mas peca no visual e no preço
Há alguns anos, quando a Toyota divulgou que teria um novo veículo no Brasil e que ele seria o Yaris, a expectativa de ver o modelo que circulava na Europa foi grande. No entanto, na apresentação oficial, a versão brasileira passou longe da variante europeia e, além do visual diferente, pecou em muitos outros aspectos, principalmente nos equipamentos.
Na época, a novidade mais parecia uma versão atualizada do Etios do que um veículo realmente novo, já que compartilhava muitos detalhes, como o conjunto mecânico. Com o tempo, o Etios foi aposentado e o Yaris assumiu de vez como modelo de entrada da Toyota no Brasil, tanto com o hatch, quanto com o sedã.
O tempo passou, o modelo tem cinco anos de mercado nacional e, se visualmente falando, ainda parece parado no tempo (principalmente o interno), ao menos na parte da segurança, a marca finalmente começa a colocar o Yaris nos anos 2020. Os itens de série melhoraram um pouco do lançamento para cá, mesmo na versão intermediária XS, o nosso “Teste da Vez”.
A configuração, e seus absurdos R$ 110.290, passou por uma boa atualização ano passado para a linha 2023 e ganhou alguns itens, como o alerta de saída de faixa. Mas o visual está mais cansado do que nunca, parecendo cada vez mais um modelo 2008 e não um 0km. A motorização, apesar de ultrapassada, ainda é bem econômica.
Anos 2000
Como sempre falamos, design, o visual de um carro, passa muito pelo gosto, que é algo intrinsecamente pessoal, principalmente para achar bonito, ou não. Mas como de costume, apontamos os pontos positivos e negativos de qualquer veículo, e com o Yaris não é diferente. Se o estilo externo dele ainda é agradável, o mesmo não podemos dizer da cabine.
Tanto por fora, quanto por dentro, ele mantém o mesmo padrão visual de quando foi apresentado lá em 2018. No pequeno – quase invisível – facelift realizado no ano passado, a dianteira foi levemente redesenhada, o para-choque foi atualizado e a grade ficou maior e conversa melhor com os faróis, que contam com luz circulação diurna e de neblina em LED.
Ele mantém a coluna “C” em preto, que dá uma aparência de teto flutuante, com o mesmo aplique black piano no acabamento da tampa do porta-malas, que interliga as lanternas. O hatch ainda conta com um aerofólio apontando para um lado esportivo que, claramente, não tem. O para-choque traseiro poderia ter sido atualizado, continua volumoso além da conta.
O grande porém do visual é o interior. Entrar no Yaris parece uma volta ao tempo. Se tirar a central multimídia, você diz que é um excelente interior de um veículo do fim dos anos 2000. Além do desenho bastante ortodóxo, o uso de plástico duro é exagerado e nem as costuras aparentes melhoram o visual, ao menos as peças são bem encaixadas.
Inclusive, a central multimídia lembra daquelas instaladas paralelamente, além de pequena (tem apenas sete polegadas), o funcionamento não é dos melhores, sem falar que a conectividade com smartphones é feita apenas por meio de cabos. O ponto alto da cabine é o teto e as colunas escurecidos, o que dá um ar de maior amplitude para o interior.
O espaço interno é bom, um pouco acima do condizente para a categoria, principalmente para as pernas dos ocupantes do banco traseiro. Mesmo assim, é um hatch compacto, cinco passageiros gera um aperto desnecessário, sendo quatro o ideal para manter o conforto. O porta-malas tem bons 310 litros, nem o maior, nem o menor do segmento.
Ainda longe
No facelift, realizado em 2022, além das mínimas alterações visuais, a Toyota fez uma boa atualização da lista de equipamentos do Yaris, principalmente entre os itens de segurança, mas que ainda está longe de condizer com os mais de R$ 110 mil que a marca pede na versão intermediária do hatch compacto.
Ele vem com sete airbags, assistente de pré-colisão com alertas sonoro e visual e auxiliar de frenagem, câmera de ré, controles de tração e estabilidade, alerta de mudança de faixa, auxiliar de partida em rampa, piloto automático e luz de circulação, de neblina e lanternas em LED.
Itens que são básicos para um veículo neste preço, como sensores de estacionamento (nem o traseiro ele tem, quando deveria ter dianteiro também), crepuscular e de chuva, não estão presentes. Ele deveria contar com monitoramentos de pressão dos pneus e de ponto cego e até um piloto automático adaptativo e o conjunto óptico deveria ser full LED.
Na parte da comodidade, ar-condicionado digital, chave sensorial, partida do motor por botão, computador de bordo com tela TFT de 4,2 polegadas e velocímetro digital, a central multimídia com três portas USB, modos de condução Eco e Sport e retrovisores elétricos.
Entre as ausências, freio de estacionamento eletrônico (ele é manual), o ar-condicionado poderia ser dual zone e ter saída para a traseira, retrovisor interno eletrocrômico (que, inclusive, ele já teve nesta versão e perdeu) e conexão e carregamento sem fio para smartphones.
Ou seja, analisando os itens presentes e as ausências, a lista do que ele deveria ter é tão grande quanto do que vem nele. Sempre lembrando que é um veículo de R$ 110 mil na versão intermediária. O problema é que a topo de linha ganha, em relação a XS, apenas teto solar, retrovisor eletrocrômico e um painel de instrumentos melhorado.
Econômico
Outro grande porém do Yaris é o conjunto mecânico. Enquanto praticamente toda a concorrência está apostando em motores turbinados, ele ainda mantém o “bom e velho” 1.5 aspirado de apenas 110 cavalos e 14,9kgfm de torque que nasceu com o Etios, aliado à transmissão automática CVT e direção elétrica.
Ao menos, ele se mostra bem econômico. Durante o nosso teste, o Yaris hatch fez excelentes 13,2km/l, uma média muito boa, outro ponto positivo do modelo é o isolamento acústico, que evoluiu consideravelmente. A suspensão e direção também são pontos altos do hatch.
Aliado ao câmbio CVT, que naturalmente tem respostas mais lentas, o motor carece de potência. Ele demora para desenvolver velocidade e, ao pisar no acelerador, o propulsor urra por conta da transmissão. Assim, as manobras precisam ser feitas com certa cautela, principalmente as ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade.
Como falamos, outros pontos fortes do conjunto mecânico é a suspensão e a direção elétrica. O sistema é muito bem calibrado e repassa quase nada das imperfeições das vias. O volante é leve e, por ser progressivo, deixa o hatch sempre “na mão”. Com isso, aliado ao isolamento acústico primoroso, a vida a bordo do Yaris é confortável.
A opinião do Diário Motor
O Yaris é complexo. Tem um visual externo sóbrio, mas o interno parece saído diretamente de um veículo 2008. Melhorou bem no quesito equipamentos, mas ainda peca em alguns detalhes. Tem um conjunto mecânico ultrapassado, no entanto, é bem econômico. O que pesa no final, para variar, é o preço, R$ 110 mil em um hatch aspirado é muita coisa.
Ele segue um padrão até comum de ser visto, está longe de ser o pior modelo da categoria, mas também não chega perto do melhor. Até o preço que, mesmo salgado, não é o mais caro, longe disso. Assim, vale o teste-drive com uma possível compra! Nota: 6,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.5
Potência máxima: 110cv
Torque máximo: 14,9kgfm
Transmissão: automática de CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 310 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.490 x 1.730 x 4.145 x 2.550mm
Preço: R$ 110.290
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