Testamos o Kwid Intense, o modelo pequeno, eficiente e caro da Renault
Em menos de cinco anos, a versão intermediária do hatch supercompacto ganhou mais itens de série e R$ 25 mil no preço final
Carro no Brasil nunca foi barato, mas nos últimos anos as coisas ficaram ainda piores. A pandemia do novo coronavírus – além de todos os problemas sanitários – trouxe com ela uma crise econômica global, acentuada pela falta de diversas matérias primas e peças importantes.
Com a falta de componentes, principalmente de microchips, a cadeia mundial automotiva foi abalada, diminuindo consideravelmente a produção e, com menor oferta, os preços naturalmente sobem. Assim, se carro por aqui já estava caro, ficou ainda mais.
Um dos maiores exemplos é o nosso “Teste da Vez”, o Renault Kwid. O hatch supercompacto recebeu o primeiro facelift no fim de janeiro e, como todos os modelos à venda no Brasil, subiu de preço. Mesmo partindo de R$ 59.090 na versão de entrada, ele ainda é o modelo mais barato disponível no país.
No entanto, a versão que testamos é a intermediária Intense Pack Biton, que sai por impressionantes R$ 65.790. Só para ter uma ideia, na época do lançamento, no fim de 2017, essa mesma configuração saia por R$ 39.990, ou seja, aumentou R$ 25.800 em menos de cinco anos.
Bem renovado
Para o primeiro facelift, a Renault modificou bastante o visual do Kwid, que ficou bem mais moderno, principalmente por causa da luz de circulação diurna em LED, que conversa bem com os detalhes cromados da grade dianteira, que foi redesenhada, assim como o para-choque.
Na traseira as mudanças foram mais sutis, focadas no desenho das lanternas e que passam a ser de LED. As rodas da versão testada são diamantadas e, como o nome indica, o teto é biton em preto. As laterais mantêm o mesmo desenho, inclusive com apliques de plástico nas caixas de roda, que dão um ar de modelo mais alto.
Por dentro, as mudanças também foram generosas. O painel de instrumentos passa a contar com um display digital. A cabine ganha novos acabamentos em cromados e em preto brilhante. A central multimídia também foi redesenhada e ganha uma tela de oito polegadas, alinhada com outros modelos da marca.
Um ponto interessante da cabine é o material do banco, o tecido é de fácil limpeza. Por ser um supercompacto, o espaço no assento traseiro não é dos melhores. Até é possível levar quatro adultos, mas com certo aperto e nada de viagens longas, afinal, o Kwid é um veículo urbano. Mesmo pequeno, o porta-malas tem excelentes 290 litros, para o porte dele.
Relativamente completo
Há época do lançamento, a Intense era a opção topo de linha do Kwid. Ela passou a ser intermediária com o lançamento da Outsider, com ar mais aventureiro, em 2019. Para a atual linha, a dinâmica das configurações continuam iguais e, dessa forma, a Intense mantém o padrão na lista de equipamentos.
A configuração do modelo que testamos, mesmo intermediário, tem padrão topo de linha, já que a Outsider tem como foco o apelo visual. Para um veículo de entrada – mesmo custando o que ele custa – a lista de equipamentos é relativamente generosa.
De série, ele vem com quatro airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa (muito útil em um veículo manual), aviso de cintos de segurança não afivelados para todos os ocupantes do banco traseiro, a luz de circulação diurna em LED e start & stop (nada útil em um modelo manual).
Ela ainda vem com painel de instrumentos com display digital (simples mas eficiente), central multimídia com tela de oito polegadas e conectividade Android Auto e Apple CarPlay, lanternas em LED, câmera de ré, vidros, travas e retrovisores elétricos, chave tipo canivete, maçanetas externas na cor da carroceria e as rodas de liga leve diamantadas.
Pequeno e eficiente
Para atender as normas do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) L7, a Renault atualizou a motorização do Kwid. O supercompacto mantém a caixa de força 1.0 SCe, mas agora ela gera 71 cavalos com etanol e 68 com gasolina, o torque é de 10 e 9,4kgfm respectivamente, aliado a transmissão manual de cinco velocidades e direção elétrica.
Segundo a Renault, a nova configuração melhorou os dados de consumo em 5%, com estimativa de rodar 15,3km/l de gasolina no ciclo urbano. No entanto, durante a nossa avaliação, ele fez “apenas” 14,7km/l e nas ruas de Brasília, que tendem a ser mais econômicas por serem mais planas e largas.
O Kwid, por ser supercompato e leve, anda bem. O câmbio está bem mais ajustado, com engates precisos, sem qualquer “engasgo”, a embreagem é leve e não demanda muito esforço, o que otimiza as trocas em um trânsito mais pesado. O ponto alto do conjunto é a direção elétrica, leve e firme quando deve ser.
Por ser um veículo leve, as manobras são facilmente executadas, seja de saída, retomadas de velocidade ou de ultrapassagem. Na hora de realizá-las, basta elevar um pouco o giro que elas são feitas com segurança. Ele ainda conta com um sinalizador de trocas de marcha, que facilita ainda mais a condução, principalmente para motoristas iniciantes.
A opinião do Diário Motor
O Kwid, pela proposta de veículo urbano, vai muito bem, principalmente na configuração Intense. Com uma boa lista de equipamentos, para um modelo deste porte, e um conjunto mecânico e direção eficiente, o supercompacto é o que se pede de um modelo urbano.
O grande porém, como já estamos mais que cansados de apontar, é o preço. Um veículo de entrada não pode custar mais de R$ 60 mil e o Kwid é o único no país a sair da fábrica abaixo disso, mas só na opção de entrada. A que testamos, a Intense, custa exagerados R$ 65.790. Ainda assim, dentro da proposta – e do cenário atual –, vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 1.0
Potência máxima: 71/68cv
Torque máximo: 10/9,4kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-malas: 290 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.481 x 1.579 x 3.680 x 2.423mm
Preço: R$ 65.790
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