Stellantis apresenta as plataformas Bio-Hybrid, desenvolvidas no Brasil

A união da eletrificação com propulsão flex estará disponível a partir de 2024 e abrangerá todas as marcas do grupo por aqui

Betim (MG) – “Não gostamos de importar!”, assim define a produção local de toda a Stellantis no Brasil pelo presidente do grupo para a América do Sul, Antonio Filosa, responsável por Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e Ram por aqui. E que, segundo o executivo, abrangerá a mais recente novidade do grupo, as plataformas Bio-Hybrid.

De acordo com Filosa, os produtos do grupo ítalo-franco-americano feitos no Brasil contam com 90% de nacionalização, ou seja, quase todos os componentes dos veículos de Fiat, Jeep, Citroën, Peugeot e, agora, Ram (com a novata Rampage), produzidos por aqui, são fabricados em solo brasileiro, seja pelas próprias marcas, ou por parceiros fornecedores.

A afirmação do executivo veio junto com a apresentação da Stellantis da inovadora plataforma Bio-Hybrid, como foi batizada a tecnologia de propulsão híbrida que combina energia térmica flex e eletrificação do grupo e que será utilizada em todas as marcas da Stellantis já a partir de 2023. 

As distintas alternativas da arquitetura híbrida foram lançadas em três plataformas correntes da empresa e poderão ser adotadas de modo flexível na gama de marcas e produtos, constituindo diversas soluções acessíveis de transição para uma mobilidade ecologicamente sustentável, principalmente por conta da fusão etanol+energia elétrica. 

A Bio-Hybrid chega em 2023 nos modelos da marcas.

De acordo com o grupo, as plataformas híbridas foram desenvolvidas pelo Tech Center Stellantis na América do Sul, no Polo Automotivo de Betim, na grande Belo Horizonte, em Minas Gerais, em associação com fornecedores, pesquisadores e outros parceiros que constituem o ecossistema de inovação impulsionado pela empresa.

“O Bio-Hybrid faz parte da rota tecnológica da mobilidade acessível e sustentável adotada pela Stellantis. Queremos potencializar as virtudes do etanol, como combustível renovável, cujo ciclo de produção absorve a maior parte de suas emissões, combinando a propulsão à base do biocombustível com sistemas elétricos”, aponta Antonio Filosa.

O desenvolvimento das novas tecnologias de hibridização está em linha com o plano estratégico de longo prazo da Stellantis, “Dare Forward 2030”, que prevê a descarbonização de processos e produtos da empresa até 2038, com redução das emissões em 50% já em 2030. E, a gigante, vê o uso do etanol como uma excelente solução para isso.

Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.

Tanto, que a ideia da Bio-Hybrid começou em 2022 com a criação do Bio-Electro, plataforma focada em acelerar tecnologias de propulsão híbrida que combinam eficiência térmica e eletrificação. Por meio dela, a Stellantis articulou um conjunto de parcerias, visando acelerar o desenvolvimento e implantação de soluções para a descarbonização da mobilidade.

“O Bio-Hybrid é uma tecnologia de descarbonização da mobilidade, que privilegia as características e recursos do Brasil, como o etanol e a energia elétrica limpa. Nasceu de nossa plataforma Bio-Electro, que é um esforço de nacionalização de tecnologias. Nossa prioridade é descarbonizar a mobilidade, mas queremos fazer isto de modo acessível para o maior número de consumidores e desenvolvendo tecnologias e componentes no Brasil.”

Antonio Filosa destaca que as novas tecnologias híbridas e elétricas devem constituir uma possibilidade para o fortalecimento da engenharia brasileira e da indústria nacional. “É uma oportunidade de reindustrialização e de reconfiguração da indústria nacional de autopeças, que é diversificada, complexa e muito importante para a economia brasileira”. 

Bio-Hybrid Plug-in.

Além disso, a tecnologia Bio-Hybrid é de aplicação flexível e pode equipar vários modelos produzidos pela Stellantis. É compatível com as linhas de produção das três plantas da empresa em Betim (MG), Porto Real (RJ) e Goiana (PE). E, nas palavras dos executivos do grupo, poderá ser utilizada em qualquer produto e, com o passar dos anos, deve abranger todos os veículos da ítalo-franco-americana feitos no Brasil.

Em sua rota tecnológica de descarbonização, a Stellantis desenvolveu quatro plataformas para aplicação no Brasil: Bio-Hybrid, Bio-Hybrid e-DCT, Bio-Hybrid Plug-In e BEV, totalmente Elétrica.

“São plataformas baseadas em tecnologias diferentes, que apresentam distintos graus de combinação térmica e da eletricidade na propulsão do veículo. Cada uma destas tecnologias tem sua aplicação e, juntas, atendem a todas as faixas de consumidores, tornando acessíveis os sistemas híbridos baseados na combinação da propulsão térmica flex com a eletricidade”, afirma Marcio Tonani, vice-presidente do Tech Center da Stellantis na América do Sul.

A Bio-Hybrid e-DCT.

A plataforma Bio-Hybrid traz como elemento um novo dispositivo elétrico multifuncional, que substitui o alternador e o motor de partida. Trata-se de equipamento capaz de fornecer energia mecânica e elétrica, que tanto gera torque adicional para o motor térmico quanto gera energia elétrica para carregar a bateria adicional de lítio-íon de 12v, que opera paralelamente ao sistema elétrico convencional do veículo. O sistema gera potência de até 3kW, garantindo melhor performance ao automóvel e redução de consumo de combustível.

Já a Bio-Hybrid e-DCT conta com dois propulsores elétricos. O primeiro deles substitui o alternador e o motor de partida. Adicionalmente, outro elétrico, de maiores proporções, é acoplado à transmissão. Uma bateria de lítio-íon de 48v dá suporte ao sistema e também é alimentada pelos dispositivos. Uma gestão eletrônica controla a operação entre os modos térmico, elétrico ou híbrido, otimizando eficiência e economia.

Dentre as plataformas, terá uma 100% elétrificada.

A Bio-Hybrid Plug-in é a mais conhecida das quatro, ela conta com bateria de lítio-íon de 380v, recarregada pelo sistema de regeneração nas desacelerações, pelo motor térmico do veículo ou por meio de fonte de alimentação externa elétrica, na tomada. A arquitetura conta ainda com motor elétrico que entrega potência diretamente para as rodas do carro. O sistema gerencia a operação entre modo térmico, elétrico ou híbrido, otimizando eficiência e economia. 

Por fim, a arquitetura BEV (100% elétrica) é totalmente impulsionada por um motor elétrico de alta tensão alimentado por uma bateria recarregável de 400v, por meio de sistema de regeneração ou plug-in. A arquitetura oferece torque instantâneo, com acelerações rápidas e responsivas. O sistema possui sonoridade customizável e conta com desempenho, mesmo a baixas velocidades.

Atualmente, os modelos eletrificados do grupo são importados.

Os executivos da Stellantis confirmaram, inclusive, que os primeiros modelos baseados na plataforma Bio-Hybrid chegarão ao mercado brasileiro já em 2024, sem informar, claro, quais modelos, até de quais marcas, serão. 

Pela forma que o presidente do grupo afirmou como cada marca atua dentro da Stellantis, com Fiat e Citroën em uma posição generalista, Peugeot em um meio termo “semi premium” e Jeep e Ram como premiums, ou topo de gama. 

Assim, é possível que os modelos da Fiat e Citroën recebam, no máximo, a plataforma e-DCT, mas com foco maior na Bio-Hybrid de entrada. A Peugeot deve ser a única a flutuar nas quatro opções, com a Jeep focando nas duas na plug-in e na elétrica.

1/8Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.Antonio Filosa, presidente da Stellantis para América do Sul.Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.Stellantis apresenta as plataformas Bio-Hybrid, desenvolvidas no Brasil. Fotos: Geison Guedes/DP e Stellantis.Plataforma Bio-Hybrid da Stellantis.

Viagem a convite da Stellantis