Renault Kwid E-Tech, o elétrico menos caro do país surpreende bem

Conhecemos de perto a versão eletrificada do hatch, que mesmo com motor pequeno, tem condução divertida

São Paulo (SP) – Desde o seu surgimento, há mais de um século, a indústria automotiva passou pelas mais variadas transformações. Mas uma coisa continuou praticamente imutável, os motores à combustão. Eles evoluíram, cresceram, ficaram mais potentes e econômicos e passaram a utilizar diferentes tipos de combustíveis, mas sempre utilizando a queima como fonte de energia.

No entanto, de uns tempos para cá, o setor automotivo vem passando pela maior – e talvez mais importante – mudança, com a chamada “era da eletrificação”. Iniciada com modelos híbridos, as marcas começaram um processo intensivo para desenvolver veículos movidos 100% por energia elétrica, ou seja, sem a utilização de motores à combustão. 

Como toda nova tecnologia, a de motores elétricos iniciou devagar e vem se expandindo aos poucos. E, como é de se esperar, os primeiros modelos eletrificados eram focados no luxo e na esportividade, ou seja, super caros. Mas as coisas, aos poucos, vão mudando. Com isso, cada vez mais marcas apresentam veículos, ditos populares, eletrificados.

No Brasil, a mais recente delas é a Renault. A marca entregou o primeiro lote, vendido na pré-venda, do mais novo eletrificado do mercado, o Kwid E-Tech. Fomos a São Paulo conhecer a versão 100% elétrica do hatch supercompacto, que assume o posto de modelo totalmente eletrificado menos caro do país, com seus salgados R$ 146.990.

Gêmeo elétrico

O visual é praticamente o mesmo do irmão que “bebe” gasolina.

Visualmente falando, a única diferença entre o E-Tech para o Kwid à combustão é a grade frontal, que não existe no elétrico. A peça fechada, conta com um desenho diferenciado, que até deixa o design do hatch mais elegante. E é nela onde fica o “bocal” do carregador, dessa forma, a lateral fica limpa. No mais, é tudo idêntico.

Por dentro, a única diferença visual é a ausência óbvia da manopla do câmbio, que no elétrico é automático e conta apenas com um “joystick” para alternar entre “D”, “R” e “N”. Além disso, atrás, conta com duas mudanças, não há o túnel central, o que otimiza o espaço para os pés, e o banco traseiro foi homologado para levar apenas quatro pessoas. 

Atrás, mais espaço para os pés, mas para apenas duas pessoas.

Essa homologação diferente é para não perder o já pouco espaço interno para as bateras, até porque, o Kwid é um supercompacto. Dessa forma, a área traseira é honesta, podendo levar dois adultos altos sem muito aperto. 

O porta-malas manteve os bons 290 litros. Um ponto interessante, que estava presente na unidade testada, a Renault disponibiliza, como acessório nas concessionárias da marca, uma bolsa para guardar o cabo de carregamento produzida pela Associação Borda Viva, que utiliza materiais do interior dos veículos da marca na produção das peças.

A elegante bolsa para o cabo de carregamento é um acessório.

O maior porém do interior é justamente ele ser – praticamente – idêntico ao Kwid “normal”, um modelo que custa menos da metade do preço do E-Tech. Dessa forma, os materiais passam longe de serem equivalentes a de um veículo de quase R$ 150 mil, pelo contrário.  

O acabamento até que é bem-feito, sem rebarbas ou peças mal encaixadas. Mas o problema mesmo é a qualidade deles, claramente de um veículo popular, ou seja, é plástico duro para tudo que é lado. Por fim, talvez a maior diferença do E-Tech para o “normal”, as rodas contam com quatro parafusos e não apenas três. 

“Popular”

A lista de equipamentos é boa para um popular, mas não para um modelo de quase R$ 150 mil.

Outro porém dele ser um elétrico dito popular é a questão da lista de equipamentos. Que, inclusive, é melhor que do Kwid “normal”. Mas sempre esbarramos na questão do preço, a Renault poderia ter ido um pouco além e não ficado apenas no “básico”. 

O E-Tech vem com seis airbags, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, alerta de pressão dos pneus e sistema AVAS, que emite um sinal sonoro de alerta aos pedestres até o veículo atingir 30km/h, velocidade comum em áreas urbanas. 

Partida na chave, que é idêntica a do Kwid “normal”.

Ele ainda vem com ar-condicionado manual (deveria ser automático e digital), travamento centralizado das portas por botão, vidros elétricos dianteiros e traseiros, ajuste de altura dos faróis (por meio de um botão estranho no painel), limitador de velocidade (com acionamento no volante), regulagem elétrica dos retrovisores e central multimídia Media Evolution.

O sistema Media Evolution tem tela de sete polegadas, espelhamento de smartphone via Android Auto e Apple CarPlay por fio, bluetooth e portas USB e AUX. Ele poderia vir também com carregador sem fio, chave sensorial, partida por botão e algum sistema a mais de segurança, como monitoramento de ponto cego ou alerta de colisão. 

Divertido

O motor elétrico, mesmo pequeno, é divertido.

Um ponto interessante deste novo universo dos veículos elétricos é a falsa percepção que todo modelo terá uma condução super esportiva e divertida apenas por ser eletrificado, o que nem de longe é verdade. Assim como entre os à combustão, há modelos bons de conduzir e outros completamente chatos. E, surpreendentemente, o Kwid fica no primeiro grupo. 

Ao ver os números frios do E-Tech, é até plausível pensar que ele seja mais um elétrico chato de dirigir. No entanto, a realidade é completamente outra. O pequeno utiliza um motor de 48kW que gera 65 cavalos – até menos que o modelo à gasolina – e 11,5kgfm de torque. A direção é elétrica com tem que ser neste tipo de veículo.

O bocal do carregador fica onde seria a grade frontal.

A bateria de 26,8kWh garante, segundo a Renault, uma autonomia de 298 quilômetros no ciclo urbano de acordo com a norma SAE J1634 do Inmetro. Como foi apenas o primeiro contato com o pequeno elétrico, não foi possível avaliar se ele realmente roda tudo isso com apenas uma carga. 

A condução do E-Tech é bastante divertida, claro, dentro do limite do propulsor elétrico. A aceleração é feita de forma super otimizada e prazerosa. Por ser pequeno e leve, o Kwid garante boas e seguras retomadas, sem qualquer susto, o mais leve toque no acelerador faz o hatch disparar e, mesmo em movimento, ele garante divertidas aceleradas. 

O E-Tech é totalmente automático.

A direção elétrica, presente também na versão à combustão do Kwid, está ainda mais leve no E-Tech, fazendo que qualquer manobra em baixa velocidade, como em estacionamentos, seja feita sem o mínimo esforço. Por ser progressiva – muito importante para um veículo leve –, ela fica firme em alta velocidade, deixando a condução mais segura. 

De todo o conjunto, o que mais deixou a desejar foi a suspensão. Mas nem podemos culpar muito o Kwid ou a Renault, já que as nossas vias, seja em qual cidade for, não ajudam. Com uma calibração mais firme, o conjunto repassa um pouco a mais do que deveria as imperfeições do solo, mas no asfalto liso, não há nenhum repique que incomoda.  

Carregamento

O pequeno pode ser carregado na tomada doméstica, em um Wallbox ou carregador DC.

O E-Tech conta com frenagem regenerativa permanente, que recupera energia a cada vez que se deixa de exercer pressão sobre o pedal do acelerador e, também, quando freia, mas que não chega a ser um sistema “one pedal”. A autonomia pode ser otimizada pelo modo de condução ECO, que limita a potência em 33kW e a velocidade máxima em 100km/h. 

Ele é recarregado por meio de um conector localizado onde seria a grade frontal. A recarga pode ser feita em tomada comum, Wallbox de 7kW e em carregadores de corrente contínua (DC). Para carregar dos 15% até 80% são necessários 40 minutos de carga em um DC, 2h54 em um Wallbox e 8h57 em uma tomada doméstica.

A opinião do Diário Motor

Renault Kwid E-Tech.

Os elétricos ainda estão longe de serem populares e é até difícil dizer quando o serão de verdade. Pelo menos, estão começando a ficar menos inacessíveis, nem que para isso seja necessário ter um popular com preço de premium. Racionalmente falando, ainda é complicado justificar a compra pelo fato de ser 100% elétrico, quando há ótimas opções pelo mesmo preço, só que a combustão. 

Olhando apenas para o universo dos eletrificados, o Kwid E-Tech é uma boa porta de entrada e uma excelente opção para ser o segundo veículo da casa, aquele que você rodará no dia a dia sem se preocupar em ir ao posto de combustível. E ainda terá um carro divertido de conduzir na garagem. Pensando por esta linha, vale a compra! Nota: 8.

Ficha técnica

Motor: elétrico

Potência máxima: 65cv 

Torque máximo: 11,5kgfm 

Transmissão: automática 

Direção: elétrica

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira 

Autonomia: 298 quilômetros

Porta-malas: 290 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.500 x 1.770 x 3.734 x 2.423mm  

Valor: R$ 146.990

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*Viagem a convite da Renautl