Renault Duster turbo, apesar dos pesares, um bom custo-benefício
Testamos a nova configuração turbo do SUV que, mesmo caro, é um dos mais baratos do segmento e boa opção familiar
Em 2011, a Renault foi a primeira marca a perceber que a Ford navegava sozinha em uma categoria promissora, a dos SUVs compactos. Para brigar com o falecido EcoSport (o primeiro do segmento), a francesa apostou em um modelo ousado, no Duster.
No primeiro ano cheio, em 2012, o francês de origem romena já tomou a ponta da categoria, até então com apenas dois representantes. Mas é em 2015 que o segmento dispara e passa a contar com inúmeros concorrentes, com a maioria deles superando tanto o Duster, quanto o EcoSport.
Com o passar dos anos, a concorrência aumentou ainda mais. Com um estilo mais burocrático, o Duster passou a ser o patinho feio da categoria. Apesar do design duvidoso perante os concorrentes, o franco-romeno apostava no fator custo-benefício e no amplo espaço interno. Com as últimas atualizações, a marca mantém a aposta do Duster.
Ele segue firme na proposta. Claro que, ao falar de bom custo, com os preços atuais, pode parecer estranho. Por exemplo, a nova versão do SUV, a Iconic turbo (nosso “Teste da Vez”), sai por salgados R$ 138.790, mas ainda assim é um dos utilitários, na opção topo de linha, mais baratos do mercado.
Revigorado
Por enquanto, se possível, vamos deixar a questão do preço de lado. Um dos principais poréns do Duster sempre foi o visual. Mesmo estilo sendo uma questão de gosto pessoal, o SUV não agradava muito neste quesito. O primeiro facelift não alterou muito o desenho do modelo, ao contrário do segundo, realizado em 2020, que modificou bem o utilitário.
O estilo robusto é ampliado com o único opcional do modelo, o Outsider Pack (R$ 1,4 mil), que agrega proteções extras nos para-choques, laterais e caixas de roda. De resto, o visual recentemente atualizado foi mantido na nova versão, que apenas modificou a motorização.
Assim como a carroceria, a cabine do utilitário segue o padrão das atualizações realizadas há dois anos. O SUV, por dentro, é muito mais elegante do que por fora. O destaque do interior é a central multimídia – que acaba de receber conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, o que deixa o modelo ainda mais moderno.
Como falamos, um dos destaques do Duster é o espaço interno. O SUV é um dos poucos modelos da categoria capaz de levar cinco adultos sem muito aperto, inclusive, é o único do segmento que permite utilizar até três assentos infantis no banco traseiro, seja cadeirinhas ou “bebês conforto”.
Além do ótimo espaço interno, o Duster conta com diversos nichos (porta-trecos) pela cabine, com espaço para levar muita coisa. O material utilizado é bem rústico, plástico duro para tudo que é lado, as portas dianteiras contam com um tecido para amenizar o excesso. Além disso, os bancos utilizam um material sintético que passa longe de imitar couro.
O problema, como sempre, é para quem vai no meio, mais por causa do túnel central, que atrapalha a posição das pernas. No espaço lateral, não há aperto, nem para os joelhos, o que otimiza as viagens. Outro destaque é o porta-malas, o maior da categoria com incríveis 475 litros, maior até que alguns SUVs médios. Não falta espaço para bagagem da família.
Deslize importante
Na parte dos equipamentos, o Duster Iconic TCe mantém o mesmo padrão evolutivo apresentado no facelift do modelo. No entanto, na hora de tirar o 10, a Renault cometeu um grande deslize, a quantidade de airbags. O SUV conta apenas com as bolsas de proteção obrigatórias por lei, ao contrário do Kwid, por exemplo, que têm duas a mais, as laterais.
Por se tratar de um veículo com apelo familiar, a Renault deveria ter colocado os airbags a mais. Só com os obrigatórios, fica parecendo que, não fosse a lei, nem eles estariam presentes. Sem falar que estamos falando de um carro de praticamente R$ 140 mil, é inadmissível ter apenas dois airbags.
Tirando o deslize, a lista de equipamentos continua interessante. Ele vem com controles de tração e estabilidade, luz de circulação diurna em LED, alerta de ponto cego (um dos grandes diferenciais), faróis automáticos, sensor de estacionamento traseiro (bem que poderia ter dianteiro também), piloto automático e câmeras de ré, laterais e frontal.
Na parte da comodidade, a central multimídia, ar-condicionado digital e automático (faltou saída para a traseira), banco do motorista com regulagem de altura e traseiro bipartido, chave cartão com abertura das portas e partida do motor por sensor e sistema start/stop.
Diferenciado
O principal motivo da nova versão ser R$ 14 mil a mais que a Iconic anterior está debaixo do capô. O Duster, assim como o irmão Captur e mais recentemente a prima Oroch, passa a contar com o forte motor 1.3 turbo de 170/162 cavalos e 27,5kgfm de torque, aliado a uma nova transmissão automática CVT e direção elétrica.
O propulsor dá uma “vida nova” ao SUV. A caixa aspira 1.6 faz um trabalho honesto, mas a 1.3 turbo deixa a direção mais divertida e segura, pois otimiza ainda mais as manobras como ultrapassagens, saídas e retomadas de velocidade.
O câmbio é um caso à parte, mesmo sendo o burocrático automático CVT, ele casa muito bem com o motor. Os 162 cavalos, quando abastecido com gasolina, e o alto torque trabalham muito bem com a transmissão, que nem de longe lembra as CVTs clássicas.
O isolamento acústico trabalha bem para não repassar ruídos excessivos para a cabine. A Renault, inclusive, usou uma manta na parte interna do capô, raro até em modelos mais caros. Segundo, as respostas são rápidas, incomum em caixas CVTs, ela atende bem aos comandos do acelerador, deixando o utilitário esperto e “na mão” do motorista.
A condução ainda é otimizada com a direção elétrica, o que deixa o volante mais leve em baixa e firme em alta, o que ajuda na hora de manobrar para estacionar e deixa o utilitário mais seguro na estrada. O único deslize do conjunto mecânico são os freios, a disco apenas na dianteira, na traseira é o velho sistema de tambor.
O consumo foi algo relativo. Com a alta capacidade de aceleração, o motor “fica instigando” o motorista a acelerar, o que acaba aumentando o gasto com combustível. No geral, durante o nosso teste pelas ruas de Brasília, ele marcou 9,6km/l, algo que está se tornando comum dentre os SUVs turbinados. Mas ele mostra que é possível otimizar o gasto.
A opinião do Diário Motor
Desde que surgiram os inúmeros concorrentes, em 2015, a Renault aposta na relação custo-benefício do Duster, oferecendo um utilitário compacto espaçoso, bem equipado (que melhorou ainda mais no último facelift) e custando bem menos que os rivais.
Tá certo que carro, no geral, está – muito – caro no Brasil, mas ao olhar para os SUVs compactos, o franco-romeno produzido no Paraná, é um dos mais baratos. Para ser mais exato, o terceiro menos caro entre os concorrentes. Sem falar que custa impressionantes R$ 20 mil a menos que o irmão Captur.
A Iconic TCe mantém o bom espaço interno e o amplo porta-malas. A lista de equipamentos está mais moderna e conectada do que nunca, o problema continua na ausência de outros airbags, utilizando apenas os obrigatórios por lei, não faz sentido algum a Renault ainda não ter resolvido este ponto.
Mas o grande astro da versão é a motorização turbo. Ela eleva o Duster a outro patamar, deixando o SUV mais esperto, divertido e seguro, com acelerações e retomadas de velocidade vigorosas. Dessa forma, mesmo custando impactantes R$ 138.790, ainda é um bom custo-benefício, por causa dos concorrentes. Vale a compra! Nota: 8.
Ficha técnica
Motor: 1.3 turbo
Potência máxima: 170/162cv
Torque máximo: 27,5kgfm
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Porta-malas: 475 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.683 x 1.822 x 4.376 x 2.674mm
Preço: R$ 138.790
1/66