Primeiras impressões: Honda CB 500X e 500F, a sua primeira moto de alta cilindrada
Andamos na nova família CB 500 da japonesa, que surpreende em diversos aspectos
Campos do Jordão (SP) — Desde o primeiro contato com a nova família CB 500 da Honda, durante o Salão Duas Rodas, realizado em novembro de 2019, existia a expectativa de como as motocicletas se comportariam após receber as profundas atualizações.
Chamadas de porta de entrada para a alta cilindrada, o primeiro “baque” relacionado a 500F e a 500X veio com a divulgação dos preços, há pouco mais de um mês. A naked parte de R$ 26.900 e a crossover — sim, a Honda está chamando a X assim, explicamos mais a frente — de R$ 28.900, tudo com preço padrão de São Paulo, em outros mercados há o acréscimo do frete, que varia de estado para estado.
A F, por exemplo, quando comparada com modelos semelhantes, é bem mais cara que a concorrência. Para ter uma ideia, ela chega custando quase R$ 5 mil a mais que a líder da categoria, a Yamaha MT-03, em um dos únicos segmentos com boa participação da Honda e que ela não lidera, as nakedes.
Apesar da X não ser exatamente uma trail, ela “briga” na categoria. A comparação de preço dela com outras concorrentes é mais complicada, pelo simples fato dela não ter uma rival direta. As adversárias, ou contam com uma cilindrada bem menor, ou bem maior. O que até pode facilitar a escolha pela crossover da Honda, entre as motocicletas de média cilindrada.
Passado o “susto” dos preços, tivemos o segundo contato, esse muito maior, com a família CB 500 2020 no lançamento dos dois modelos na última semana em Campos do Jordão, região serrana de São Paulo.
No teste ride planejado pela Honda, percorremos, em cada modelo, cerca de 70 quilômetros pela região. E afirmamos, a segunda impressão é ainda melhor que a primeira, e até consegue aliviar a questão do preço.
Similaridades
Por serem irmãs, as duas motocicletas contam com vários detalhes parecidos. O mais importante, claro, é o motor. Ambas utilizam um bicilíndrico de 471cc que gera 50,4 cavalos a 8.500rpm e 4,55kgfm a 6.500rpm.
Apesar da potência não ter sido alterada, o propulsor foi bem modificado, principalmente para se enquadrar às novas diretrizes de emissões de poluentes e de ruídos pelo mundo (a família 500 é mundial).
Outro item igual nas duas motocicletas é a transmissão de seis velocidades com embreagem do tipo deslizante e acionamento assistido, o que melhora, e muito, as trocas de marchas.
Os freios ABS são semelhantes, utilizam o mesmo tipo de disco, margarida com pistão duplo na dianteira e simples na traseira. A diferença fica pelo tamanho do frontal, de 320mm na F e 310mm na X. Em ambas, o de trás é de 240mm. Completam o conjunto mecânico ignição eletrônica e suspensão pro-link na traseira e garfo telescópico na dianteira.
Além disso, as duas ganharam um novo tanque de combustível que, além de contar com novo visual, estão maiores. Na X, passa a ser de 17,7 litros, enquanto na F é de 17,1. O guidão também foi renovado, com estilo cônico, que otimiza a pilotagem, e todo o conjunto óptico passa a ser em LED. A X ainda ganha roda dianteira e para-brisa maiores.
Outra novidade, essa de grande impacto, é o painel de instrumentos 100% digital e com fundo black out, ou seja, escuro e com indicador de marchas. A visibilidade do painel é um ponto controverso.
Com sol batendo diretamente para ele, o piloto não tem nenhum problema para visualizar as informações, o que é excelente. Mas se o trajeto mesclar sombra e luz, fica um pouco complicado, pois o display não consegue equilibrar o jogo de luminosidade, deixando um pouco a desejar neste quesito.
CB 500F
Como falamos, a própria Honda aborda a família 500 como a porta de entrada para o mundo da alta cilindrada. Para quem está pensando em dar um passo à frente e partir para uma motocicleta mais potente que as 150, 250 ou até as 300cc, mas que ainda não quer entrar para o mundo das 1000cc, a CB 500F é uma boa pedida.
As alterações feitas na naked deixaram ela com uma capacidade de rodagem muito boa. O motor de 50,4 cavalos atende bem na estrada, onde se usa mais força para retomadas e acelerações. A embreagem deslizante faz com que o piloto não se esforce nas trocas de marcha que, tanto para cima, quanto para baixo, são feitas de forma ultra confortável.
O novo desenho do tanque abarca bem as pernas do piloto e permite uma tocada um pouco mais esportiva ou mais sentada, dependendo da situação e da característica do motociclista. A F está ligeiramente mais leve, perdeu 2kg. O “regime” não foi muito grande mas, mesmo assim, permite uma pilotagem urbana muito boa.
Para a cidade, a naked é esperta e tem respostas muito boas, até surpreendente para uma motocicleta de 500 cilindradas. O principal fator é a melhoria do torque em média rotação, na casa dos três mil giros. Com isso, o piloto sente a moto mais na mão.
Outro fator novo que otimiza a pilotagem são as aletas laterais redesenhadas. Elas melhoram o fluxo de ar direcionado para o motor. Com isso, o propulsor esfria melhor e não esquenta tanto, principalmente em velocidades mais altas.
Durante o teste, não ficamos incomodados com calor natural emitido pela caixa de força, o que aponta que o resfriamento ficou muito bem otimizado. A Honda não divulga os dados de consumo, mas conseguimos trabalhar na casa dos 24km/l. Como nem tudo são flores, a pequena esportiva poderia contar com controles de tração e estabilidade.
CB 500X
Apresentada em 2013, a versão aventureira da família CB 500 nunca esteve tão perto do universo trail. Como ela não é um modelo totalmente voltado para o fora de estrada, a Honda chama a motocicleta de crossover, por “flutuar” nos dois universos, da urbanas e das aventureiras.
Com isso, de cara, o visual fora de estrada agressivo chama bastante atenção. Para poder afastar de vez a X da F, a montadora adotou um estilo mais aventureiro. Dessa forma, o para-brisa está maior, cresceu 11 centímetros e, ainda assim, não atrapalha a visão do piloto, claro que dependendo do tamanho dele.
Além disso, a roda passa a ser de 19 polegadas na dianteira com pneu 110/80R. A traseira calça um 160/60ZR 17 e ambos são de uso misto. Além disso, a suspensão está 10mm maior, chegando a 150mm de curso.
A traseira conta com um novo conjunto mola-amortecedor, é regulável em cinco posições e também cresceu, está 17mm maior, com 135mm de curso total.
Como ela está mais alta, para não atrapalhar a posição de pilotagem, o banco foi redesenhado e, além de estar mais baixo (834mm para o solo), está mais fino, o que abarca melhor as pernas do piloto, melhorando na hora das manobras com o pé no chão.
Se a F fez um regime, a X ganhou peso. Mas os 2kg a mais pouco fazem diferença na condução da crossover. Assim como a irmã, a pilotagem dela é muito boa. O motor responde bem e a embreagem deslizante é uma pequena dádiva.
Por ter uma roda dianteira maior, a manobrabilidade da X é ainda melhor que da F. A suspensão elevada também absorve melhor as imperfeições do solo, o que garante uma ida no fora de estrada mais segura.
Ela conta com as qualidades e defeitos da irmã. Enquanto faltam controles de tração e estabilidade, o consumo é bom. Durante o teste ficamos na casa dos 25km/l. E, como na naked, o motor resfria muito bem, não passando muito calor para o piloto.
A opinião do Diário Motor
As modificações que a Honda fez na família 500 foram muito bem-vindas. As duas motocicletas, cada uma em seu próprio universo, foram muito bem concebidas. O que pega, como qualquer coisa no Brasil, é o preço, um pouco salgado, beirando os R$ 30 mil.
Para quem pretende dar um passo além das cities de 150, 250cc e está disposto a gastar essa quantia em uma nova motocicleta, qualquer uma das duas é uma boa pedida.
Ao motociclista, basta escolher qual estilo lhe cai melhor. Se preferir algo mais urbano, esportivo e arrojado, a naked vai servir melhor. Agora, se a pretensão é curtir uma terrinha de vez quando, uma posição de pilotagem mais sentada, e ainda assim contar com um visual bacana, a crossover é a melhor pedida.
Com visual moderno, itens interessantes (apesar de faltar os controles de tração e estabilidade), um ótimo motor e pilotagem segura. As CBs 500X e 500F fazem bonito. Valem a compra! Nota: 9.
Ficha técnica
Tipo motor | DOHC, Dois cilindros, 4 tempos, refrigeração líquida |
Cilindrada | 471cc |
Diâmetro x Curso | 67,0 x 66,8mm |
Potência | 50,4cv a 8500rpm |
Torque | 4,55kgfm a 6500rpm |
Suspensão dianteira/curso | Garfo telescópico/120mm (F) e 150mm (X) |
Suspensão traseira/curso | Pro-Link/119mm (F) e 135mm (X) |
Freio dianteiro/diâmetro | Disco/320mm (F) e 310mm (X) |
Freio traseiro/diâmetro | Disco/240mm |
Pneu dianteiro | 120/70 ZR17 (F) e 110/80 R 19 (X) |
Pneu traseiro | 160/60 ZR17 |
Dimensões (A x L x C x EE) | 1.056 x 792 x 2.081 x 1.409mm (F) 1.412 x 828 x 2.156 x 1.443mm (X) |
Altura mínima do solo | 144mm (F) e 193mm (X) |
Altura assento | 789mm (F) e 834mm (X) |
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Viagem a convite da Honda