Pequeno gigante! Testamos a versão topo de linha do Honda WR-V
O SUV supercompacto surpreende pelo espaço interno e no conforto à bordo, mas desliza na lista de equipamentos e no preço
Desde o seu lançamento, em 2017, o WR-V tenta se desvincular da alcunha de “Fit bombado”. O SUV supercompacto é todo baseado no monovolume, somente o visual externo diferencia os dois modelos, tendo no utilitário uma pegada mais aventureira.
O porém é que, uma das grandes virtudes do WR-V foi “herdada” diretamente do Fit, o espaço interno. Para se ter uma ideia, durante nosso teste com a versão topo de linha do menor utilitário da marca japonesa, conseguimos colocar uma bicicleta dentro dele e com o porta-malas fechado, graças ao sistema “Magic Seat” de bancos da Honda.
A versão EXL, assim como o resto da linha do SUV, recebeu o primeiro facelift de meio de vida no fim do ano, com isso, teve o visual levemente alterado, finalmente recebeu alguns itens de segurança básicos e, como todo o resto, teve o valor reajustado para cima.
O WR-V nunca foi barato e, com um mercado no qual tudo está subindo consideravelmente, ele está mais caro do que nunca. Na versão que testamos, a EXL, ele parte de salgados R$ 104.600. Como de costume, a Honda não trabalha com pacotes extras, apenas pintura, que pode acrescentar R$ 1,5 mil no caso das metálicas, como a da unidade testada.
Espaço de sobra
Com o facelift, o WR-V teve o design levemente alterado. Na dianteira, o SUV conta com uma nova grade em estilo horizontal e área cromada mais estreita. Na traseira, o para-choque foi redesenhado e está um pouco maior. O friso superior da placa, antes cromado, agora segue a cor da carroceria e as rodas contam com acabamento escurecido.
Por dentro, as mudanças são ainda mais pontuais. A EXL conta com bancos em couro, com novo desenho e costura em preta. O volante ganha um friso e o painel tem apliques em black piano com detalhes cromados. Mas o que deveria ter sido alterado, não foi. O painel de instrumentos continua ultrapassado, no estilo de veículos dos anos 1990, sem um velocímetro digital.
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Como falamos, o espaço interno é o grande destaque do WR-V. Se por fora ele aparenta ser o que é, um SUV subcompacto, por dentro a história é outra. Aparentemente, a Honda fez uma mágica no interior dele, pois além de levar até cinco pessoas com conforto e bastante espaço, ele conta com o sistema “Magic Seat”.
Com ele, é possível configurar os bancos traseiros de várias formas, desde levantado parte ou todo o assento, até rebaixado o encosto deixando-o plano em relação ao porta-malas. As funcionalidades e o espaço são tão grandes, que é possível levar uma bicicleta no interior do utilitário sem precisar desmontar a bike ou deixar a tampa do porta-malas aberta.
Tinha que ser melhor
Agora, se o espaço interno surpreende positivamente, o mesmo não podemos dizer da lista de equipamentos. Como falamos, a Honda até melhorou neste aspecto, mas ainda está longe do ideal, principalmente para um veículo que supera os R$ 100 mil.
Dentre as novidades, o WR-V finalmente conta com controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa. Ele ainda vem com seis airbags, sensores crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro, monitoramento de pressão dos pneus, piloto automático, câmera de ré e faróis, lanternas e luz de circulação diurna em LED.
Na parte da comodidade, ar-condicionado automático e digital, central multimídia com tela de sete polegadas, conexão com smartphones via Android Auto e Apple CarPlay e navegador, retrovisores interno eletrocrômico e externos rebatíveis, duas portas USB e porta-copos na saída de ar, que ajuda a manter bebidas resfriadas.
Mas por R$ 104,6 mil ele deveria contar também com chave inteligente, com sensor para abrir as portas e dar a partida por meio de botão. O estranho é que no painel existe uma marca onde deveria ser o botão de ignição. Isso sem falar no painel de instrumentos, que é muito arcaico e em nada condiz com um veículo desse preço.
Outros itens que ele poderia ter e que encontramos em diversos modelos até abaixo desse valor, é um auxiliar de frenagem, mas nem alerta o WR-V tem. Sensor de ponto cego e freio de estacionamento eletrônico também seriam bem-vindos, assim como freios a disco nas quatro rodas, ele tem apenas nas dianteiras.
Mais do mesmo
A Honda não alterou o conjunto mecânico do WR-V. Com isso, ele mantém o defasado motor 1.5 aspirado de 116/115 cavalos e 15,3/15,2kgfm de torque, aliado a uma transmissão automática do tipo CVT com sete marchas virtuais e direção elétrica.
Como de costume, a transmissão contínua variável tende a ser monótona e com o WR-V não é diferente. Não espere uma tocada esperta, longe disso. Se for necessário realizar uma retomada de velocidade, para uma ultrapassagem, por exemplo, a sensação é que o carro está se esforçando mais do que deveria. As saídas também são lentas e demandam certa atenção do motorista.
Outro ponto comum deste tipo de câmbio é o excesso de ruído. Mas neste ponto o WR-V melhorou, o isolamento acústico está bem melhor e, mesmo em giros mais altos, o ruído está mais abafado e não incomoda os ocupantes. Como não há trocas (mesmo com as marchas virtuais), o câmbio é macio e sem trancos.
Um ponto positivo é a suspensão. O sistema é bem calibrado e permite um rodar confortável mesmo em pistas com asfalto ruim (o que não falta por aqui), ele não repassa as imperfeições do solo para a cabine, deixando a viagem mais tranquila. Sobre o consumo, ele fez uma média boa, de 12km/l com gasolina e, basicamente, rodando na cidade.
A opinião do Diário Motor
No geral, o grande problema do WR-V — fora o preço — é a lista de equipamentos, que é até honesta, mas poderia ser melhor, afinal, estamos falando de um carro de mais de R$ 100 mil. Apesar de ter ganho alguns equipamentos, a Honda deveria ter ido além.
O SUV supercompacto tem poucos rivais na categoria, mas o valor esbarra em modelos superiores e até mais modernos. Mesmo com a lista mais modesta, o grande porém é o painel de instrumentos, que chega a ser ultrajante não ter, no mínimo, um velocímetro digital.
Como falamos, o grande atrativo dele é o generoso espaço interno e o conforto à bordo aliado ao sistema de bancos configurável que permite cerca de oito posições diferentes, assim, sendo possível levar até grandes objetos com segurança.
O conjunto mecânico não sofreu alterações, o que não compromete muito o uso no dia a dia, mas se for pegar estrada, é preciso um pouco mais de atenção. No geral, como a maioria dos modelos da marca, o WR-V é um bom carro, não fosse os deslizes, seria uma excelente opção. Vale o teste drive com possível compra! Nota: 7,5.
Ficha técnica
Motor: 1.5
Potência máxima: 116/115cv
Torque máximo: 15,3/15,2kgfm
Transmissão: automática CVT
Direção: elétrica
Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira
Porta-Malas: 363 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.599 x 1.734 x 4.000 x 2.555mm
Preço: R$ 104.600
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Fotos: Geison Guedes/DP.