Obra de arte sueca, testamos o modelo mais vendido da Volvo, o XC40

Não é de hoje que a Volvo é uma marca à frente do seu tempo. A criadora do cinto de segurança de três pontos lá na década de 1950 é uma das precursoras dos sistemas de direção autônoma e de veículos movidos a energia limpa, tanto que a sueca tem a ousada ambição de até 2030 vender apenas modelos elétricos. 

Atualmente, todos os produtos da montadora são, no mínimo, híbridos. Ela espera que, em 2025 metade das vendas sejam deste tipo de veículo e os outros 50% de puramente elétricos. Esse foco pode ser visto, inclusive, no Brasil, onde a marca domina com ampla vantagem o mercado de modelos híbridos plug-in, com mais de 70% de participação.

Atualmente, o modelo é o mais vendido da marca no Brasil.

No Brasil, o último modelo a aderir à energia elétrica dentro da marca foi o XC40. O SUV de entrada da sueca, assim como os irmãos maiores, caiu no gosto do brasileiro e é o veículo mais vendido da marca no país com mais de mil unidades emplacadas até o momento em 2021. Testamos a versão com apelo esportivo do utilitário compacto, a Recharge R-Design e vimos de perto o motivo do sucesso. 

A configuração é a topo de linha do XC40, ela sai por salgados R$ 291.950 (mas se olharmos para os valores de todos os veículos à venda no Brasil e o que ele oferece, o preço é até interessante). Ele conta com o inédito conjunto T5, com um motor a combustão e outro elétrico que, juntos, geram 262 cavalos. 

Estilo marcante

A coluna C se destaca, junto com os detalhes em preto.

Durante muito tempo — na verdade até a atual geração de veículos –, os modelos da Volvo não prezavam por um design instigante. Mas isso mudou com o surgimento do XC90 e, aos poucos, nos novos modelos. Quando chegou a vez do XC40, a marca utilizou todo o novo “know-how” no utilitário, deixando-o bastante elegante e moderno. 

Apesar da clara semelhança com os irmãos, especialmente nos faróis com o “martelo de Thor” na luz de circulação diurna, o XC40 tem um estilo mais próprio, principalmente na lateral, onde a coluna C ficou bem pronunciada e marcante, ainda mais com a opção de teto em preto. Além disso, a R-Design conta com detalhes em black piano, o que reforça o estilo esportivo do SUV. 

O interior segue o estilo dos irmãos, mas com detalhes próprios.

Assim como o exterior, a cabine é bem moderna e segue o mesmo estilo dos irmãos. Mesmo com pontos semelhantes, tem detalhes, como o console central, próprio. O destaque, como sempre, é a gigante tela da central multimídia na vertical e o painel de instrumentos 100% digital. Como é de se esperar, todos os materiais são de extrema qualidade e não há nenhum tipo de rebarba ou peça mal encaixada. 

Por ser um SUV compacto, o espaço interno é ideal para até quatro pessoas, uma quinta é praticamente impossível, principalmente por causa do túnel central que é bem alto. Destaque também para a saída do ar para trás e da porta USB extra. O porta-malas de 432 litros tem um tamanho bom, até porque ele conta com o motor na traseira e as baterias. 

Rápido e econômico

O conjunto híbrido garante economia e esportividade.

O XC40 inaugurou um novo sistema híbrido na Volvo, o T5 (até então a marca utilizava apenas o T8). Ele utiliza dois motores, um 1.5 turbo a combustão de 180 cavalos e outro elétrico de 82, como eles atuam em conjunto, a potência é somada, gerando ótimos 262 cavalos no total. O torque somado é de impressionantes 43,3kgfm. 

Os dois motores, combinados com o câmbio automatizado de dupla embreagem de sete velocidades, permitem o XC40 ir do zero aos 100km/h em bons 7,3 segundos. E, por ser um R-Design, ele conta com opção de trocas de marcha por meio de borboletas no volante. 

A motorização T5, por enquanto, equipa apenas o XC40.

No modo puramente elétrico, a autonomia é de aproximadamente 50 quilômetros, mas pode ser estendida de acordo com a condução. Por exemplo, ao colocar o câmbio na posição “B”, as frenagens também recarregam as baterias, o que estende a capacidade elétrica. Utilizando este modo, conseguimos rodar quase 100km sem gastar uma gota de gasolina. 

Falando no gasto com combustível, por ser híbrido, o XC40 pode ser carregado na tomada. Duas horas em uma tomada comum (de 220v) é possível conseguir 50% da capacidade, ou seja, para 100% levam-se quatro horas. Com isso, tendo onde carregá-lo, o motorista pode rodar praticamente sem utilizar gasolina. Mas durante a maior parte do nosso teste, fizemos uma medida diferente. 

Baterias carregadas em quatros horas na tomada.

Utilizamos sempre o modo híbrido e não carregamos o SUV na tomada (apenas ao final para ver o tempo de recarga), mas com o motor a combustão. Com isso, ele gastou 7,1 litros de combustível a cada 100 quilômetros, ou seja, fez média de 14km/l, para um utilitário alto de mais de 250 cavalos é mais que excelente. O que mostra que, mesmo sem utilizar energia elétrica diretamente, ele é muito econômico. 

O motorista tem a sua disposição cinco modos de condução: Hybrid (combina os dois motores otimizando o consumo), Pure (apenas o elétrico é acionado), Power (foco na esportividade, utilizando toda a potência), Off-Road (para terrenos acidentados e a até 40km/h) e Individual (o condutor escolhe as suas preferências de condução).

O câmbio é automatizado de dupla embreagem de sete velocidades.

Com a utilização dos dois motores, a direção do XC40 fica bem arisca. Basta tocar no acelerador para o SUV disparar pelo asfalto, o alto torque garante arrancadas rápidas e seguras. Não há manobra que ele não faça com facilidade e segurança. 

Além disso, como todo Volvo, ele vem com os auxiliares de direção, que ajudam o motorista a manter o veículo na faixa de rolamento correta, o que facilita na hora de fazer curvas, exigindo muito menos do condutor. Ele ainda tem o piloto automático adaptativo com auxiliar de frenagem, alertas de ponto cego e de movimentação traseira e faróis full LED com nivelamento automático. 

Mais que completo

A grande tela de nove polegadas se destaca bem na cabine.

A lista de equipamentos do XC40 R-Design é generosa, como todo modelo topo de linha da Volvo. Na parte do conforto ele vem com abertura das portas e partida do motor com chave sensorial, retrovisores interno e externos com escurecimento automático, ar-condicionado digital e dual zone, bancos dianteiros elétricos e com memória para o do motorista. 

Ele conta também com carregamento de smartphones sem fio, central multimídia com tela de nove polegadas, conexão Android Auto e Apple CarPlay, navegador, duas portas USB e sistema de áudio Harman Kardon com 13 alto-falantes e Subwoofer de 600w, teto solar elétrico panorâmico, o painel de instrumentos digital e Volvo On Call.

Saída de ar e porta USB para os ocupantes da traseira.

Na parte da segurança, além dos itens de assistência à condução, o utilitário vem com sete airbags, câmera de ré, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro, assistente de partida em rampa, controle de descida e faróis full LED com sistema anti-ofuscante, luzes direcionais ativas e lavador. 

A opinião do Diário Motor 

Como os demais modelos da marca, o XC40 se mostra uma obra-prima.

O XC40 não é o modelo mais vendido da Volvo no Brasil à toa. O modelo tem inúmeras qualidades e praticamente nenhum defeito, talvez apenas o preço de quase R$ 300 mil, está caro como todo veículo por aqui. Na sua versão topo de linha, a Recharge R-Design, ele se mostra ainda mais. 

Com um conjunto mecânico híbrido eficiente, potente e econômico, o SUV sueco não deixa a desejar em nenhum momento. A direção é divertida, mesmo para um utilitário, e segura como em todo Volvo. Os motores fazem qualquer manobra ser muito mais fácil de realizar, ele ainda tem os auxiliares de condução que deixam a direção mais otimizada. 

Volvo XC40 Recharge R-Design.

O visual, na nossa opinião, é um o melhor dentro da marca e um dos mais elegantes da categoria. O estilo moderno une bem esportividade e luxo, tanto por fora quanto por dentro, deixando “a vida a bordo” muito mais prazerosa para os ocupantes. 

Como é de se esperar de um modelo da marca e dessa faixa de preço, o XC40 R-Design é muito bem equipado, faltou, talvez, um auxiliar de estacionamento, mas não é algo que faça muita diferença no dia a dia. Para quem está procurando um veículo nesta faixa de preço, não há melhor opção. Vale a compra! Nota: 10.

Ficha técnica

Motores a combustão na dianteira e elétrico na traseira.

Motor: 1.5 turbo híbrido

Potência máxima: 262cv 

Torque máximo: 43,3kgfm 

Transmissão: automatizada de dupla embreagem de 7 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente nas quatro rodas

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 432 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.652 x 1.873 x 4.425 x 2.702mm