Na contramão das vendas, produção automotiva cai quase 2% em 2023

Entre os veículos leves, responsável pelo maior volume da indústria, houve um ligeiro crescimento, de pouco mais de 1%

Em 2023, a indústria automotiva brasileira viveu uma verdadeira gangorra. Enquanto os emplacamentos fecharam o ano com um crescimento considerável, de 12,02%, a produção, no geral, não seguiu o mesmo caminho, fechando o ano com queda de 1,9% em relação a 2022, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Ao todo, no último ano, as marcas instaladas no país produziram 2.324.838 veículos, contra 2.369.769 de 2022. A queda no ano se confirmou com um dezembro ruim. No último mês de 2023, foram fabricadas 171.578 unidades, redução de 15,3% em relação a novembro (202.675) e de 10,4% quando comparado com o mesmo período do ano anterior (191.567).

Pelo menos, os veículos leves – responsáveis pela maior fatia da produção – apresentaram números positivos, apesar de tímidos, ao fim do ano, com 2.203.705 unidades fabricadas, contra 2.176.000 de 2022, alta de 1,3%. Em dezembro, foram 162.058 modelos produzidos, queda de 15% perante novembro (190.758) e de 7,4% em relação ao mesmo mês do ano anterior (175.095).

O principal motivo pela queda na produção do mercado no geral, foram os caminhões e ônibus. No ano passado, 121.133 pesados foram fabricados, uma queda de 37,48% em relação a 2022. Em dezembro, foram produzidas apenas 9.520 unidades, quedas de 20,3% em relação a novembro (11.917) e de sonoros 42,2% quando comparado com o mesmo mês do ano anterior (16.472). 

O ano passado também não foi fácil para as exportações. Segundo a Anfavea, apenas 403.919 veículos foram enviados para outros países, uma queda de 16%, quando comparado com 2022 (480.913). Em dezembro, foram exportadas 25.678 unidades, contra 24.068 de novembro, alta de 6,7%, e 31.208 do mesmo período de 2022, queda de 16,3%.

Otimismo

A Anfavea manteve as projeções apresentadas no início de dezembro. Com o fechamento consolidado dos números de 2023, as variações percentuais de 2024 foram ajustadas, para 6,1% de crescimento nos emplacamentos (expectativa de 2.450 mil unidades), 6,2% na produção (2.470 mil unidades) e 0,7% nas exportações (407 mil unidades). 

“Temos motivos para acreditar num ano positivo para o setor automotivo brasileiro. Além da expectativa de crescimento do mercado interno e da produção, devemos celebrar a publicação da MP 1.205 que instituiu o Programa Mover. Trata-se uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem, e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neo industrialização”, aponta Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.