Jeep Renegade Moab, o todo terreno diesel mais barato do país
Testamos a versão de entrada do SUV com tração 4x4, apesar dos itens a menos, ele não faz feio quando o assunto é o fora de estrada
Atualmente no Brasil, quando o assunto é preço de carro, a conversa “fica pesada”. Com valores que parecem subir por hora, os veículos estão cada vez mais caros por aqui. Assim, é até difícil dizer que um carro é o mais barato, seja no contexto que for.
Mas mesmo estando caros, alguns modelos ainda estão menos que outros. É o caso do nosso “Teste da Vez” desta semana. Apesar de já estar em R$ 159.990, a versão Moab do Jeep Renegade é a mais barata quando o assunto é veículo 4×4 movido à diesel.
Lançado no fim de 2020, a Moab veio para ser a opção de entrada com motor diesel do Renegade e logo assumiu o posto de veículo com este tipo de combustível e tração 4×4 mais barato do país, ou como falamos atualmente, o menos caro.
O nome da versão faz referência ao deserto de Moab, no estado norte-americano de Utah, onde acontece anualmente — na época da Páscoa — um evento criado por entusiastas de veículos off-road e que se tornou um laboratório ao ar livre sobre o desempenho fora de estrada para a Jeep que, desde 2001, apresenta e testa diversos protótipos no tradicional Easter Jeep Safari.
Simplificado
O visual do Renegade Moab é mais simples que das demais versões 4×4 do modelo. O grande diferencial fica pelas rodas pretas de desenho exclusivo (equipadas com pneus ATR) e pelo nome da versão nas laterais dianteiras, logo acima das caixas de rodas, no melhor estilo do irmão maior, o Wrangler, e escurecido na traseira.
Por dentro, o estilo é ainda mais sóbrio, mas que passa a sensação de robustez correta para um veículo off-road. O desenho em si é o mesmo das demais versões. Por ser a opção de entrada, os bancos são em tecido, mas de boa qualidade, em uma textura que não aparenta ser trabalhosa de limpar, afinal, é um veículo feito para encarar estradas de terra.
Como todo e qualquer Renegade, o grande porém do interior é o espaço. Quatro pessoas é o limite, e ainda assim — dependendo do tamanho — pode gerar certos apertos. Uma quinta é praticamente impossível, a não ser que todos no banco traseiro sejam crianças.
O porta-malas continua com o mesmo problema de tamanho, sendo um dos menores da categoria. Mas destaque-se o tampão inferior com duas possibilidades de altura, os nichos com redinhas nas laterais e os ganchos de fixação que podem prender objetos que possam ir soltos.
De entrada
Como falamos, os preços dos veículos no Brasil estão cada dia mais altos. Com a crise de abastecimento que assola o país — e o mundo –, os valores estão subindo constantemente. Se há menos de um ano falamos que um veículo de R$ 160 mil era a versão topo de linha dele, hoje estamos tratando sobre a opção de entrada dele.
Para se ter uma ideia, a configuração Trailhawk, topo de linha do Renegade, que foi nosso “Teste da Vez” em fevereiro deste ano, custava R$ 168 mil na época, ou seja, apenas R$ 8 mil a mais que atual Moab de entrada. Assim, o que antes era possível encontrar em um veículo nesta faixa de preço, atualmente não é mais.
Com isso, a parte que mais sente com as altas — além do bolso do consumidor — é a lista de equipamentos. Por ser a opção mais barata do Renegade, a Moab conta com itens compatíveis para a versão, mas que até pouco tempo, custavam bem menos.
Um fato interessante, e até incomum para a Jeep, é que a configuração não conta com pacotes de opcionais, a marca costuma deixar alguns packs extras para os clientes, não é o caso da Moab. Com isso, os equipamentos são apenas os de série.
Mas a lista não faz feio, com itens difíceis de ver até em modelos mais caros, como freio de estacionamento eletrônico. Ele ainda conta com controles de tração, estabilidade, anticapotamento e de trailer, auxiliares de descida e de partida em rampa, freios a disco nas quatro rodas, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro e piloto automático. O maior porém dos itens de segurança é a ausência de airbags extras.
Na parte da comodidade, ele vem com ar-condicionado digital e dual zone (faltou saída para a traseira), central multimídia com tela de sete polegadas com Android Auto e Apple CarPlay e duas portas USB sendo uma voltada para a segunda fileira de bancos, painel de instrumentos com tela digital de 3,5 polegadas e porta-objetos sob o assento do passageiro.
Verdadeira vocação
Como um legítimo Jeep 4×4, o Renegade Moab se mostra mesmo é na hora de encarar terrenos acidentados. Equipado com o sistema Active Drive Low com seletor para quatro tipos de terrenos (snow, sand, mud e rock), além do auto, auxiliar de descida e pneus de uso misto — sem falar, claro, no forte motor turbo diesel –, ele encara qualquer desafio.
Durante nosso teste, rodamos em regiões com terreno bem acidentado, com bastante cascalho solto e valas em subidas e descidas. Como em outras versões 4×4 do jipinho, são poucos os momentos no qual é necessário ativar a reduzida, na maioria das vezes, bastava ir para o modo Rock que ele passava sem nenhum problema.
O sistema de tração, como deve ser, trabalha muito bem. Na hora de passar por uma vala, por exemplo, se alguma das rodas fica suspensa, sem tocar o solo, ele não gera força para ela, deixando-a travada e redirecionando a tração para as outras em contato com o solo.
Com o auxiliar de descida, ativado por um botão no seletor da tração, o motorista pode deixar o próprio veículo cuidar da frenagem enquanto ele foca em ir pelo melhor caminho, mesmo em ladeiras íngremes. O único porém é que o SUV não é tão alto, com 210mm de vão livre, dependendo do obstáculo, ele raspa a parte inferior no solo, mas nada que atrapalhe a trilha.
No asfalto
Além da tração 4×4, o conjunto mecânico da Moab conta com os mesmo itens das demais versões off-road do Renegade. Ou seja, ela vem com o forte motor 2.0 diesel de 170 cavalos e 35,7kgfm de torque aliado a transmissão automática de nove velocidades, direção elétrica e freio a disco e suspensão independente nas quatro rodas.
Como é de se esperar, com este conjunto, o utilitário anda muito bem e não há manobra que ele não faça com facilidade. De ultrapassagens a retomadas de velocidades, basta pisar no acelerador (esperar o mini delay natural de motores diesel para a turbina “encher”) para ele disparar pelo asfalto.
Mesmo pesando mais de 1,6 tonelada, o utilitário não sente o peso em momento algum, fazendo com que todos os movimentos sejam realizados com bastante segurança. A direção elétrica progressiva deixa o volante leve, principalmente na hora de manobrar para estacionar e firme em alta velocidade, otimizando a segurança para o motorista.
A suspensão independente nas quatro rodas otimizam o conforto a bordo. O sistema não repassa as imperfeições do solo para a cabine, deixando o rolar bem confortável. E os freios a disco em todas as rodas deixam as frenagens ainda mais seguras. O consumo de 10,9km/l foi dentro do esperado, principalmente com boa parte do tempo rodando no fora de estrada.
A opinião do Diário Motor
A versão Moab do Renegade mostra toda a capacidade, principalmente no fora de estrada, do SUV compacto. A combinação da tração 4×4, com o motor diesel e os pneus ATR fazem do utilitário um excelente “brinquedo” para quem curte pegar uma trilha sem maiores preocupações e dispensa alguns confortos como chave sensorial.
Como falamos, os valores dos carros no Brasil estão cada vez mais difíceis de avaliar e com o Renegade não é diferente. Como versão de entrada do utilitário, os R$ 159.990 pedidos pela marca podem ser considerados salgados, mas como estamos falando do veículo diesel 4×4 mais barato do país, acaba por ter esse atrativo.
A lista de equipamentos, para um modelo de entrada, é boa. Poderia ter alguns itens a mais? Sempre! Mas o verdadeiro foco da versão é o conjunto mecânico, único na categoria. Como já de costume do modelo, o espaço interno e o porta-malas deixam a desejar.
Mas a falta de equipamentos mais sofisticados de tecnologia pode ser levada para um lado “raiz” do utilitário, focando a robustez, principalmente no fora de estrada. Dessa forma, e sem concorrentes a altura, para quem procura um veículo que dê para fazer trilhas sem maiores problemas e mais do que já está gastando, ele vale a compra! Nota: 8,5.
Ficha Técnica
Motor: 2.0
Potência máxima: 170cv
Torque máximo: 35,7kgfm
Transmissão: automática de nove velocidades
Direção: elétrica
Suspensão: independente nas quatro rodas
Freios: a disco nas quatro rodas
Porta-malas: 260 litros
Dimensões (A x L x C x EE): 1.714 x 1.798 x 4.232 x 2.570mm
Preço: R$ 159.990.
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