Ford Ranger Limited V6 sai na frente e evolui o que já era bom

Testamos a versão topo de linha da picape média que é, de longe, a melhor disponível no mercado brasileiro

Um dos movimentos mais comuns no universo automotivo é a busca das marcas por ser a primeira a passar por uma grande atualização ou lançar um novo veículo. A ideia das montadoras é sair na frente das rivais e, assim, conseguir ganhar mais consumidores.

O tempo de atualização, seja um simples facelift, uma atualização mais profunda ou uma troca de geração, muda muito de acordo com cada marca e até de categoria para categoria. O comum é, no meio de vida (que varia entre três e cinco anos, normalmente) um redesenho praticamente completo do veículo e, passado novamente este tempo, uma nova troca de geração.

Claro que o mercado também dita algumas “regras”, que podem antecipar ou prorrogar o tempo de atualização de um veículo. Um bom exemplo é a Ford Ranger. A picape americana passou por uma importante troca de geração em 2012 para a linha 2013. Três anos depois teve um breve facelift e em 2019 veio a atualização de meio de vida. 

A tendência seria a troca de geração no ano que vem, mas a marca se antecipou e apresentou a quinta geração da Ranger em 2023, sendo a primeira entre as picapes médias a passar pela rodada de atualizações. A Ford melhorou o que já era bom, como vimos no nosso “Teste da Vez”, com a versão topo de linha, a Limited, da caminhonete americana.

Precificação confusa

São dois preços para a topo de linha.

A precificação da Ranger é um pouco conturbada. A topo de linha conta com um “pacote” extra chamado apenas de “kit opcional” pela Ford. O porém é que, alguns dos itens eram de série na geração anterior, como o piloto automático adaptativo (ACC). 

No entanto, a versão que testamos não contava com este kit extra. Com isso, ela sai por R$ 319.990, deixando-a com um valor intermediário em relação às rivais, mais barata que Toyota Hilux (R$ 334.890), Nissan Frontier (R$ 321.950) e Volks Amarok (R$ 337.280).

Um interessante degrau lateral para facilitar o acesso a caçamba.

No entanto, com o kit opcional, ela pula para salgados R$ 349.990, ou seja, um acréscimo de R$ 30 mil, para alguns itens que são de série nas concorrentes (como o ACC e câmera 360º). Neste valor, ela é, de longe, a mais cara entre as picapes médias (sem contar as versões esportivas, dela mesmo, com a Raptor, da GR-S da Hilux). 

Para se ter uma ideia, a Mitsubishi L200 bate em R$ 299.990 e a nova Chevrolet S10 chegará por R$ 302.990. E nem consideramos a novata Fiat Titano e seus R$ 259.990, porque ela disputa espaço com as versões intermediárias das médias por conta do motor. Ainda assim, a Ford cobra caro por ter saído na frente com a grande renovação da Ranger.

Alinhando estilo

O visual, como todo o resto, foi completamente reformulado.

Por se tratar de uma troca de geração, a Ranger foi bem alterada pela Ford. Tudo é novo, da plataforma ao visual, incluindo o chassi, que está maior e mais largo. No design, a picape produzida na Argentina segue o estilo da família global da marca, inspirado na Série F americana e consagrado na gigante F-150. 

A dianteira alta conta com uma grade ampla e faróis em LED no formato de C integrados, o para-choque tem grandes vincos e estilo volumoso. Os vincos do capô dão um ar mais esportivo à picape. Nas laterais, rodas com desenho exclusivo, estribo tipo plataforma e maçanetas, frisos dos vidros e capa dos retrovisores cromados. 

O painel de instrumentos é digital, mas a tela não ocupa 100%.

A Limited ainda conta com rack de teto e santo-antônio diferenciado. Na traseira, um dos destaques é o degrau na lateral da caçamba, que auxilia o acesso a área de carga, que conta com protetor mas não vem com capota de série. A tampa também foi redesenhada, com grandes vincos e o nome da picape em baixo relevo.

Por dentro, “reforma” completa. Do volante ao desenho dos bancos, passando pelo forro das portas, tudo foi redesenhado. O maior destaque é a central multimídia, com uma tela vertical de 12 polegadas. O painel de instrumentos é um caso à parte. Ele não é 100% digital, conta com um display de oito polegadas, mas algumas informações ainda são analógicas. 

O conforto no banco traseiro está ainda melhor.

Ainda no interior, o acabamento é muito bem-feito, como deve ser para um veículo de mais de R$ 300 mil, mesmo sendo uma picape. Não há rebarbas ou peças mal encaixadas. Os materiais empregados são bons também, com bancos e apoio das portas em couro e tapetes emborrachados.

Como ela cresceu em todas as direções, o banco traseiro tem ainda mais espaço, especialmente em relação ao entre-eixos e na lateral. Assim, a Ranger que já era uma das mais confortáveis da categoria, está ainda mais, levando três adultos no banco traseiro com conforto e direito a saída de ar. A capacidade de carga também aumentou, para 1.023kg.

(in)Completa

R$ 320 mil e não vem com capota de série.

Como falamos, apesar de ser a versão topo de linha, a Limited não é exatamente completa, por conta do pacote opcional irreal e ao custo de R$ 30 mil (no lançamento ele custava R$ 20 mil). Para uma picape de R$ 320 mil, o kit extra deveria ser de série, assim como todos os outros equipamentos. 

Ela vem com freio de estacionamento eletrônico, assistente autônomo de frenagem com detecção de pedestres, sete airbags, faróis full LED com alto automático, reconhecimento de sinais de trânsito, sensores de chuva e estacionamento, auxiliar de partida e descida em rampa, controles de tração e estabilidade e monitoramento de pressão dos pneus.

Um dos destaques dos equipamentos é a gigante central multimídia.

Na parte da comodidade, a central multimídia com navegador embarcado off-road, Sync 4 com conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado dual-zone com saída para a traseira, chave sensorial, partida por botão, retrovisores com ajuste e rebatimento elétrico, caçamba com trava elétrica e iluminação. 

Ela ainda vem com bancos de couro com ajuste elétrico para o do motorista, retrovisor interno eletrocrômico, carregador de smartphones por indução, protetor de caçamba, rodas de liga leve de 18 polegadas com pneus 255/65 AT e seis modos de condução (Normal, Eco, Rebocar/Transportar, Escorregadio, Lama/Terra e Areia).

Máxima excelência

O motor V6 deixa a condução divertida e segura.

Visual, porte, equipamentos e até um kit opcional novos, mas a principal novidade da Ranger é o conjunto mecânico, de longe o mais moderno entre as picapes médias. Com a nova geração, ela passa a usar um poderoso motor V6 3.0 turbo diesel de 250 cavalos e impressionantes 61,1kgfm de torque. 

No quesito cavalaria, ela é a segunda mais forte da categoria, sem contar a própria versão esportiva a Raptor, atrás apenas da Volkswagen Amarok V6 de 258 cavalos. Mas no fator torque, é disparada a mais forte. O conjunto mecânico da Ranger ainda conta com direção elétrica, transmissão automática de 10 velocidades e tração integral com reduzida.

Agora, o câmbio é automático de 10 velocidades.

O conjunto mecânico anterior da Ranger já era acima da média, mas este conseguiu melhorar o que já era bom. O forte motor, aliado principalmente à tração integral, deixa a condução segura e divertida. Mesmo para um veículo de 2,2 toneladas, ela faz qualquer manobra no trânsito com extrema facilidade, de saídas e retomadas a ultrapassagens.

Basta pisar no acelerador para ver a picape disparar pelo asfalto como um carro pequeno. Ela é impressionantemente ágil para uma caminhonete. A tração integral sob demanda ajuda ainda mais em uma condução esportiva e ao mesmo tempo segura. O interessante é que o motorista pode optar pela tração traseira também, pelo “drives modes”. 

Não interessa o terreno, ela vem em qualquer um deles.

Por meio de um botão seletor, o condutor pode escolher pelo 2H (a tração traseira), o 4H (tração 4×4 para uso off-road) e 4L (a 4×4 com reduzida). O modo automático é o 4A (que é a tração integral, no qual o veículo demanda a força para cada eixo de forma automática e independente). Com isso, a Ranger faz curvas como carro de passeio.

Outros pontos altos do conjunto mecânico são a direção elétrica progressiva, fica super leve na hora de manobrar em estacionamentos, e bem firme em alta velocidade. O sistema de suspensão, que já era bom, ficou ainda melhor, não há nenhum quique, mesmo em asfalto ruim, ela absorve bem as imperfeições e deixa a viagem super confortável. E, claro, o 4×4.

Ainda melhor

Tração integral, mas com possibilidade até de 4×4 com reduzida.

Os sistemas 4×4 da maioria das caminhonetes, principalmente entre as médias, estão – estavam – muito parelhos. Todos com grande capacidade de superar os mais variados obstáculos. Mas a Ford conseguiu se destacar um pouco mais com a nova geração da Ranger. 

Se a americana é impressionante no on-road, no off-road ela é ainda mais. Todo o conjunto atua muito bem, da tração aos modos de condução. Um fator interessante também são os pneus. Até então, a Ford costumava utilizar compostos mais urbanos na Limited. Na nova geração, eles são AT, de uso misto, mesmo na topo de linha.

Alta capacidade no off-road, do motor ao pneu de uso misto.

Juntando tudo, o forte motor, a tração otimizada, os modos de condução e os pneus de uso misto, a Ranger supera os mais variados obstáculos com facilidade. No local em que costumamos testar os veículos off-road, em trechos que seria necessário o uso de uma reduzida, ela passou mesmo no 4A, sem precisar ativar o 4×4 efetivamente. 

O único porém dela no fora de estrada, para trilhas mais agressivas, é o tamanho (algo comum em picapes médias) com 3.270mm de entre-eixos, é preciso atenção para ela não calçar em nenhuma vala. Tirando isso, ela é altamente capaz de superar os mais variados obstáculos, incluindo áreas alagadas, graças aos 800mm de capacidade de imersão.

A opinião do Diário Motor 

Ford Ranger Limited V6.

A Ranger, mesmo na geração anterior, era uma das melhores picapes médias do mercado. Agora, completamente renovada, ela supera e muito as rivais em praticamente todos os quesitos. O maior porém é a questão do pacote extra, com itens que deveriam ser de série pelo preço final da Limited, que já é salgado, mas fica ainda mais com o kit.

Se a picape tivesse os itens presentes no “kit opcional”, pelo valor de R$ 319 mil, ela seria um concorrente de peso até perante modelos de outras categorias. O “pecado” dela é este, pois no fim não é tão completa como deveria, ou fica absurdamente cara. Porque de resto, do motor aos pneus, é tudo muito acima da média. Seja no on ou no off-road ela é um veículo divertido, seguro e bom de guiar. Vale a compra! Nota: 8,5.

Ficha Técnica

Motor: V6 3.0 diesel

Potência máxima: 250cv 

Torque máximo: 61,1kgfm 

Transmissão: automática de 10 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e eixo rígido com feixe de molas na traseira

Freios: a disco nas quatro rodas

Capacidade de carga: 1.023kg 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.884 x 1.918 x 5.370 x 3.270mm 

Preço: R$ 319.990

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