Foco no consumo: testamos a versão de entrada do Fiat Pulse, a Drive MT

Equipado com motor 1.3 aspirado e câmbio manual, o SUV supercompacto é agradável de conduzir e bem econômico

Desde que a onda de SUVs começou a dominar o mercado nacional – e mundial –, diversas marcas passaram a contar em seu portfólio com representantes do segmento que mais cresce, principalmente, entre os compactos. Mas uma marca “ficou para trás”, a Fiat. 

A italiana foi uma das últimas a contar com um modelo da categoria e, tecnicamente, ainda não o tem, já que o primeiro utilitário da marca é um supercompacto, o Pulse. O SUV, lançado no ano passado, fica abaixo do segmento queridinho do momento, mas está longe de fazer feio perante os adversários maiores. 

Apesar do certo atraso – o boom dos SUVs compactos começou mesmo em 2015, embora a categoria tenha sido lançada em 2003 – a Fiat, como dizem por aí, “chegou chegando”. O Pulse abarca uma boa fatia de opções, com destaque para as topo de linha turbinadas, mas também para as de entrada com motor 1.3 aspirado e até com câmbio manual, nosso “Teste da Vez”.

Apesar de não fazer muito sentido – afinal os modelo com câmbio manual estão cada vez mais caindo em desuso –, a configuração de entrada do Pulse, a Drive MT garante ao utilitário o título de um dos SUVs mais baratos do país, partindo de R$ 86.056 (o que não é pouco, mas é um dos mais em conta) e com grande foco no consumo.

Pouca diferença

A Fiat Flag já virou marca registrada dos novos veículos da montadora.

Visualmente, o Pulse Drive é praticamente idêntico às versões topo de linha. Com isso, ele segue o padrão do SUV, com um estilo inspirado nos primos Argo e Cronos, mas com um design próprio. A dianteira tem um desenho proeminente, marcada pelo capô alto e pelo para-choque volumoso. 

A grade central tem um tamanho correto, grande mas sem exageros. E o conjunto óptico dá um ar mais moderno ao utilitário. A opção de entrada não conta com as luzes auxiliares, ficando apenas com o aplique em preto fosco no local, também visto nas saias laterais, caixas de roda, retrovisores e maçanetas, o que aponta o lado utilitário do veículo. 

A cabine, de estilo próprio, peca no uso dos plásticos duros.

Por ser um SUV supercompacto, o Pulse pode ser confundido com um hatch aventureiro. Para diferenciá-lo, a Fiat utilizou de bons números, dignos de um utilitário. Ele tem 20,5º de entrada e 31,4º de saída e 220mm de vão livre do solo com altura mínima de 196mm. As rodas são de liga leve de 16 polegadas.

A traseira é uma fusão de Argo com Cronos, a tampa do porta-malas lembra o hatch, já as lanternas são semelhantes às do sedã. O interior também tem visual próprio com destaque para a tela da central multimídia e para o volante.  

O espaço interno é bom para quatro adultos.

O acabamento é bem feito e não tem peças mal encaixadas ou com rebarbas aparentes, mas os materiais poderiam ser melhores, é muito plástico duro e os bancos são de tecido, condizente com um veículo de entrada, mas não com um de mais de R$ 85 mil. 

Por ser um supercompacto, é quase impossível levar cinco adultos, o ideal mesmo são quatro, o espaço para pernas no banco traseiro é bom, permitindo que quatro pessoas, mesmo que altas, viagem com certo conforto. O porta-malas tem um tamanho razoável, com 370 litros.

Condizente 

Ar-condicionado digital: item de modelos – ainda – mais caros.

Como falamos da qualidade dos materiais, a lista de equipamentos também é condizente com a proposta do Pulse Drive, por ser um modelo de entrada. Poderia ser melhor? Claro! Afinal, estamos falando de um veículo de R$ 86 mil, sem os opcionais.

De série ele vem com itens, que pela faixa de preço, podemos considerar básicos, como quatro airbags, controles de tração e estabilidade, auxiliar de partida em rampa, piloto automático, sensor de estacionamento traseiro e monitoramento de pressão dos pneus. 

Um dos destaques da lista de equipamentos são os faróis em LED.

Mas há alguns itens que podemos chamar de diferenciais, como conjunto óptico (faróis, lanternas e luz de circulação diurna) em LED, faltaram apenas as setas, e o TC+ (sistema de controle de tração da Fiat que otimiza a direção em terrenos mais acidentados), faltou uma câmera de ré.  

Na parte da comodidade, a lista é mais simplória. Ele vem com os – muito – básicos vidros, travas e ajustes dos retrovisores elétricos, display em TFT de 3,5 polegadas com velocímetro digital no painel de instrumentos e o ponto alto da lista, ar-condicionado digital. A central multimídia tem tela de 8,4 polegadas e conexão sem fio com smartphones, pelo pack multimídia (R$ 983) ela passa a ser de 10 polegadas e ganha navegador embarcado.

Velho conhecido

O motor 1.3 e o câmbio manual são velhos conhecidos.

O conjunto mecânico do Pulse Drive, ao contrário do veículo em si, já é um velho conhecido dos clientes da marca. O propulsor 1.3 firefly aliado a transmissão manual de cinco velocidades vem sendo utilizado em boa parte da linha da italiana, como no Argo, Cronos e Strada. 

Como nos primos, ele dá conta do recado, tendo como grande foco o consumo. Durante nosso teste, por exemplo, o SUV marcou excelentes 14.9km/l de gasolina na cidade (lembrando que fazemos nossos testes em Brasília, onde as vias são mais planas e largas). 

O consumo foi o grande destaque do utilitário.

Além do ótimo consumo, o utilitário permite uma boa condução, otimizada pela direção elétrica, que deixa o volante na “tensão” correta, seja firme em alta velocidade ou leve em baixa. Por não ser muito grande, afinal é um supercompacto, o Pulse, também por causa da direção elétrica, tem uma boa manobrabilidade, é muito fácil estacionar o SUV. 

Um veículo deste porte e preço não faz muito sentido ser com câmbio manual, pelo menos ele trabalha bem, com bons encaixes, nem muito alongado, nem curto demais, o que permite trocas otimizadas. Falando nelas, o motorista tem o auxílio de alertas visuais no painel de instrumentos, para realizá-las, tanto na hora de subir, quanto na de descer. 

O câmbio manual atende bem, mas seria melhor se fosse automático.

Os 101 cavalos na gasolina, aliado aos 13,7kgfm de torque do motor, permitem uma condução segura do SUV. As manobras são feitas sem sustos. Na hora de uma ultrapassagem, retomada ou saída em velocidade, basta esticar um pouco a troca de marcha que ele desenvolve sem maiores problemas. 

A suspensão trabalha bem, não repassando as imperfeições do solo para a cabine, o que deixa a viagem mais confortável. Até na hora de encarar uma estrada de chão – nada muito arisco, claro –, ele dá conta do recado sem maiores problemas. 

A opinião do Diário Motor

Fiat Pulse Drive MT.

Como todos os modelos dessa nova leva de veículos da Fiat, o Pulse manda bem, mesmo na sua versão de entrada, a Drive MT – que nem deveria existir, bem que ele poderia partir logo da Drive AT. O utilitário supercompacto pode servir de “porta de entrada” para o universo dos queridinhos do momento, os SUVs. 

Com uma boa lista de equipamentos – para a proposta e não pelo preço do veículo –, a Drive atende bem quem procura um carro mais alto, com bom espaço interno, itens interessantes e que ainda custe menos de R$ 100 mil – apesar das versões topo de linha dele já terem passado, e muito, disso. 

O grande destaque fica pelo consumo de quase 15km/l. Apesar de um bom veículo, fica a dúvida se não vale investir mais R$ 7.765 e pegar a mesma configuração, mas com câmbio automático. Apenas por isso, vale o teste com possível compra! Nota: 7,5.

Ficha Técnica

Motor: 1.3 

Potência máxima: 109/101cv 

Torque máximo: 14,2/13,7kgfm 

Transmissão: manual de 5 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e semi-independente na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira

Porta-malas: 370 litros 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.576 x 1.774 x 4.009 x 2.532mm 

Preço: R$ 86.056

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