Fiat Toro Ranch, a ‘franchise player’ das picapes intermediárias

No termo esportivo, de forma lúdica, a expressão significa o ‘atleta do time’, assim como é o nosso ‘Teste da Vez’ dentro da sua categoria

No universo esportivo dos Estados Unidos, principalmente no basquete, futebol americano, hóquei de gelo, os times são chamados de franquias, porque são clubes com donos. Inclusive, é comum que o proprietário receba o troféu de campeão. Por ser neste formato, alguns termos foram surgindo ao longo dos anos, que podem ser levados para outras áreas, como o “franchise player”.

Em tradução livre, a expressão significa “jogador da franquia”. Em termos mais lúdicos, é o atleta de maior importância – não confundir com MVP –, seja em qualidade ou status. É aquele no qual o time se inspira e é montado ao redor dele para que a franquia evolua e cresça no futuro próximo e se mantenha no topo, ao chegar lá.

Levando para o lado automotivo da história, também temos alguns veículos que podemos considerar “franchise player”, seja da marca como um todo – o famoso, carro chefe da montadora –, ou da categoria no geral, daqueles que, praticamente, leva o segmento “nas costas”, de tão dominador que é. 

Atualmente no Brasil, temos alguns modelos que podem ser considerados “franchise player”, mas a de maior destaque, com certeza, é a Fiat Toro, nosso “Teste da Vez”. A picape é, de longe, a mais importante entre as intermediárias e, mesmo com boas rivais que surgiram recentemente, leva a categoria “nas costas”.

Topo de linha

A Ranch, junto com a Ultra, é a versão topo de linha da picape.

A unidade que testamos da Toro desta vez foi de uma das versões mais completas da picape, a Ranch. Ela faz par com a Ultra e, ambas, custam o mesmo valor: R$ 212.990. Um ponto interessante é que, ao contrário do costume da Fiat, ela não conta com opcionais, apenas as pinturas, que acrescentam R$ 2.490 no valor da caminhonete.

A Ranch utiliza motor diesel e tração 4×4, assim, a Toro tem apenas uma rival direta para a opção topo de linha na categoria, que é a prima Ram Rampage. Na versão mais cara nesta configuração, a americana custa R$ 262.990. A Ford Maverick (R$ 227.200) até tem tração 4×4, mas com propulsor a gasolina. As outras concorrentes são apenas flex 4×2.

Segue chamativa

O desenho da carroceria segue como um dos destaque da picape.

Apresentada em 2016, a segunda picape intermediária do Brasil surgiu com um visual para lá de ousado. O estilo, que apareceu pela primeira vez no Salão do Automóvel de São Paulo de 2014, foi tão moderno que faz bonito até os dias de hoje. Mesmo com oito anos de mercado, a picape teve apenas um grande facelift e, ainda assim, segue diferenciada.

O estilo da picape segue fora do usual da categoria. Na dianteira, a Ranch conta com grade com moldura cromada e airbump prateado no para-choque. Como já de costume da marca, ela tem o Fiat Flag, que remete ao primeiro emblema da montadora nas cores da bandeira da Itália. Os ousados faróis, full LED, se destacam no desenho da caminhonete. 

O estribo é completamente desnecessário em uma picape deste porte.

A traseira mantém o estilo já conhecido da Toro. A topo de linha, voltada para o fora de estrada, tem itens diferenciados, como os protetores dos para-lamas e laterais, o santo antônio e o rack de teto exclusivo, além dos retrovisores e maçanetas cromadas. O porém fica pelos estribos, que tem pouca funcionalidade para uma picape que não é tão alta.

Além de não serem necessários, mais atrapalham do que ajudam na hora do embarque e desembarque, a forma como as peças foram encaixadas prejudicam quando for encarar um terreno mais acidentado, o foco da versão, pois elas acabam diminuindo o vão livre da Toro, e, em qualquer obstáculo mais alto, arrastam, o que pode acabar deslocando os estribos.

A cabite em estilo moderno, graças as grandes telas digitais.

Agora, se o desenho externo é ousado, não se compara com o do interior. A cabine se destaca pelas grandes telas digitais, a gigante na vertical da central multimídia e a do painel de instrumentos. Os bancos e detalhes do acabamento são em marrom, focando o lado off-road da Ranch, que tem o nome em baixo relevo nos assentos. 

Como de costume, os materiais são bem empregados, não há rebarbas ou peças mal encaixadas. O espaço interno é bom e leva quatro adultos com extremo conforto, um quinto sempre gera apertos desnecessários. Mais uma vez, o deslize fica pela falta de uma saída de ar para o banco traseiro, que pelo menos conta com uma porta USB e uma tomada 12V. A caçamba tem 937 litros de espaço e capacidade para carregar até 1.010kg.

Completa de série

A central multimídia é um dos destaques da cabine.

Como falamos, a Toro Ranch, fugindo do clássico da marca, não conta com nenhum pacote extra, ou seja, tudo que vem nela é de série. Das mencionadas telas, de 10 e sete polegadas, ao ar-condicionado dual zone, ela vem com carregamento e conexão sem fio para smartphones e os bancos em couro marrom. 

Ela ainda conta com ajuste elétrico para o banco do motorista, chave sensorial para abertura das portas e partida remota do motor, retrovisor interno eletrocrômico e externo direito com tiltdown, capota marítima e iluminação na caçamba.

Ela ainda conta com ar-condicionado dual zone e carregador de smatphones por indução.

Na parte da segurança, ela vem com sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, crepuscular e de chuva, câmera de ré, auxiliares de partida e descida em rampa, monitoramento de pressão dos pneus, faróis full LED, sete airbags, controles de tração e estabilidade, piloto automático e sistema ADAS. 

O conjunto engloba frenagem autônoma de emergência, comutação automática do farol alto e assistente de permanência em faixa. A Toro Ranch quase tirou um 10 no quesito equipamentos, mas faltaram alerta de ponto cego e piloto automático adaptativo. 

De sempre

O motor é o conhecido 2.0 turbodiesel.

O conjunto mecânico é um dos poucos detalhes que a Fiat não alterou nas versões topo de linha da Toro. Ela utiliza a conhecida caixa de força 2.0 turbodiesel desde o lançamento e, que hoje em dia, equipa também os primos Compass e Commander e a prima Rampage. 

O propulsor gera 170 cavalos e 35,7kgfm de torque. Aliado ao, também já consagrado, câmbio automático de nove velocidades, direção elétrica, suspensão independente nas quatro rodas e tração 4×4. Como de costume, a condução da picape é segura, com todas as manobras feitas sem qualquer dificuldade.

Nas versões 4×4, a picape tem câmbio automático de novo velocidades.

De ultrapassagens à retomada e saídas em velocidade, o motor responde prontamente – sempre tem aquele pequeno delay clássico de propulsores diesel e câmbios automáticos, mas nada que atrapalhe – basta pisar no acelerador que a picape dispara pelo asfalto. A suspensão trabalha bem, deixando o rolar da Toro confortável para os ocupantes.

Com a Ranch, a ida ao sítio fica muito mais tranquila, seja pegando rodovias, seja rodando em trechos sem asfalto. Não há trajeto ruim para a versão topo de linha da picape produzida em Goiana, Pernambuco. Assim como o resto do conjunto mecânico, o sistema de tração 4×4 permanece o mesmo, o que não é um demérito, pelo contrário.

O sistema de tração é selecionado por meio de botões no painel.

Assim, a Ranch mantém a qualidade da Toro no fora de estrada. É até um pouco melhor, já que ela vem com pneus AT, de uso misto, de série, o que ajuda bastante na hora de encarar pistas sem asfalto, com cascalhos soltos, valas ou descidas íngremes. 

Ao se deparar com um obstáculo off-road, basta ativar o 4×4, se for algo um pouco mais complexo, ela tem a reduzida. A única coisa que falta para a Toro é o seletor de terreno, como nos primos da Jeep. Mas mesmo assim ela não se atrapalha na hora do fora de estrada, tirando a questão dos estribos desnecessários. Sobre comsumo, rodando em diversos tipos de terreno, fechou em bons 11,3km/l.

A opinião do Diário Motor

Fiat Toro Ranch 2024.

A Toro é uma sensação desde que surgiu, um sucesso praticamente instantâneo e uma força dentro da categoria, como chamamos, uma “franchise player” do segmento, sendo sempre o foco das rivais, mas até hoje, nenhuma conseguiu diminuir o impacto que ela causa no mercado de picapes, principalmente entre as intermediárias.

A Ranch, como uma das topo de linha, foca em um estilo mais off-road, como diz o nome, mais de rancho. O preço é sempre caro, como tudo atualmente. Mas ela entrega bem o que promete, seja no asfalto, seja no fora de estrada simples ou mais puxado, como uma trilha off-road. Como de costume, vale a compra! Nota: 9,5.

Ficha Técnica 

Fiat Toro Ranch 2024.

Motor: 2.0  

Potência máxima: 170cv 

Torque máximo: 35,7kgfm 

Direção: elétrica

Suspensão: independente nas quatro rodas

Freios: a disco nas quatro rodas

Capacidade de carga: 1.010kg

Dimensões (A x L x C x EE): 1.741 x 1.844 x 4.945 x 2.990mm 

Preço: a partir de R$ 212.990

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