Fiat Strada Ranch AT, a evolução final da caminhonete compacta

Testamos a versão topo de linha da picape italiana, a primeira da categoria com câmbio automático

Em 1996 a Fiat iniciou um processo de renovação da família de compactos da marca com o lançamento do Palio. O hatch serviu de base para todos os modelos pequenos que a montadora apresentou nos anos seguintes, como a perua Weekend, o sedã Siena e a picape Strada, essa lançada há 24 anos e que veio para substituir a Fiorino Pick-up. 

Ao contrário do que ocorre hoje em dia, há época a Strada enfrentava uma leva grande de concorrentes das mais variadas marcas. Mesmo assim, logo a picape mostrou a força que teria, com vários momentos importantes. O primeiro deles ocorre em 2000, quando ela assume – sem largar mais – a posição de caminhonete mais vendida do país. 

Nove anos depois, outro grande momento – esse meio que uma falácia – a Strada ganha cabine dupla. A Fiat se auto intitula a primeira assim, mas a Ford Pampa, anos antes, já contava com o espaço extra. Em 2013, outra importante novidade, a terceira porta. E, em 2014, o melhor ano em números, com mais de 150 mil unidades emplacadas e um lugar no pódio geral.

Em 2020, surge a nova – e segunda – geração da picape, agora com cabine dupla de quatro portas, a primeira e única entre as picapes pequenas. Em 2021, o melhor ano em posição, líder geral do mercado de veículos. E a última novidade, também única, o câmbio automático, presente nas versões Volcano e a inédita topo de linha, a Ranch, o nosso “Teste da Vez”. 

Estilo rancheira

Os estribos, exclusivos da Ranch, é totalmente sem sentido para uma picape compacta.

Apesar de inédito na picape compacta, a versão Ranch (e seus salgados R$ 122.490), não é novidade na linha de caminhonetes da Fiat. Ela também é a opção topo de linha da Toro. E, como o nome indica, apresenta um visual mais ousado, como na irmã maior. 

Por fora, ela conta com skid plate cinza, para-barros, retrovisores pintados em preto brilhante, logotipo da versão ao lado do para-lama, estribos laterais (que não fazem sentido em uma picape pequena), barras de teto cinzas, capota marítima exclusiva com a inscrição “Ranch” e rodas de liga-leve de 15 polegadas com pneus ATR de uso misto.

A cabine segue o mesmo padrão das demais versões.

Por dentro, a Ranch vem com painel em dois tons, com elementos marrons ao redor do porta-objetos superior, contrastando com as saídas de ar em preto brilhante. O mesmo tom é visto nas costuras do volante, na coifa do câmbio e nos bancos, que também usam revestimento marrom nas laterais e carregam a inscrição Ranch nos encostos. 

A cabine tem alguns poréns, o primeiro é a qualidade dos materiais empregados. Mesmo superando os R$ 120 mil, a Strada nasceu como veículo de trabalho, ou seja, os materiais são bem simples, com plástico duro em abundância, merecia um cuidado a mais da marca. 

O espaço atrás é apertado e nada otimizado.

Outro ponto é o espaço, principalmente o traseiro. Apesar de homologada para cinco passageiros, a capacidade máxima é impossível. Até mesmo quatro adultos viajam com aperto, falta espaço para as pernas. 

A caçamba também deixa um pouco a desejar por causa da cabine dupla. Com isso, ela perde espaço, mas por não ser uma versão voltada para o trabalho, mesmo assim atende bem às demandas de “uma ida ao sítio”, com 844 litros e 600kg de capacidade. Outro porém é a capota não isolar bem a área, acaba enchendo de poeira em terrenos fora de estrada. 

Deveria ser melhor

A central multimídia com conexão sem fio é um dos destaques da lista de equipamentos.

A lista de equipamentos da Ranch tem duas variáveis. É correta para uma picape compacta, mas quando olhamos para os R$ 122 mil cobrados pela Fiat, e o fato de ser uma versão topo de linha, mais urbana, faltam muitas coisas. 

Ela vem com controles de estabilidade e de tração avançado e-locker (TC+), assistente de partida em rampa, quatro airbags, câmera de ré, faróis de neblina, monitoramento da pressão dos pneus, sensor de estacionamento e faróis e luz de circulação diurna em LED.

Entre os vários poréns, o ar-condicionado não é automático ou digital.

Ela ainda vem com computador de bordo com display de digital em TFT de 3,5 polegadas, central multimídia com tela de sete polegadas, conectividade via Android Auto e Apple CarPlay sem fio, duas portas USB e carregador sem fio para smartphones. Além dos básicos vidros, travas e ajustes dos retrovisores elétricos e ar-condicionado. 

Mas a lista de ausências é tão grande quanto. Ela deveria contar, no mínimo, com sensores crepusculares, de chuva e de estacionamento dianteiro, chave sensorial e partida por botão, piloto automático, retrovisor interno eletrocrômico, alertas de ponto cego e de frenagem e ar-condicionado digital, mas não vem com nenhum destes. 

Inovação

Pelo ineditismo, o câmbio automático é o grande astro da Strada Ranch.

O grande astro da Strada Ranch é o câmbio, não pela qualidade dele – ou falta dê –, mas por ser automático. A italiana produzida em Betim, Minas Gerais, é a primeira e única da categoria a não contar com o pedal de embreagem, o que deixa a direção mais confortável do ponto prático. 

A picape foi a segunda da marca a receber a combinação motor 1.3 aspirado de 107 cavalos e 13,6kgfm de torque, câmbio automático do tipo CVT e direção elétrica (o primeiro foi o Pulse). O conjunto não inspira emoções, mas como a Strada não tem nenhuma vocação esportiva, não faz diferença. 

Conjunto mecânico alinha o motor 1.3 aspirado ao câmbio CVT.

O conjunto mecânico cumpre o objetivo, deixar a condução mais confortável. Mesmo com as tais sete velocidades simuladas, o câmbio CVT não tem marchas, ou seja, é bastante confortável para o motorista, apesar de demandar certa paciência nas manobras mais importantes, como saídas, ultrapassagens e retomadas de velocidade. 

Como de costume, principalmente em versões manuais, o motor é econômico. Durante nosso teste, rodamos a maior parte do tempo na estrada. Assim, a Strada marcou, em média, 14,1km/l. No uso misto com trechos na cidade, o consumo cai um pouco, mas nada que deixe a picape menos econômica. 

O sistema AT+ funciona bem e auxilia a condução em terrenos mais acidentados.

Outro ponto exclusivo da Strada é o sistema de tração avançado e-locker (TC+), algo que não é novo na marca, pelo contrário, chegou à picape em 2008 após ser lançado na Palio Weekend. Ele atua nas rodas dianteiras, controlando a força empregada em até 65km/h.

Claro que o sistema não é um 4×4, mas ajuda bem na hora de enfrentar um terreno mais acidentado. Dessa forma, mesmo se o caminho para o sítio for mais off-road, a Strada encara sem maiores problemas, permitindo até manobras no qual algum dos pneus perdem contato com o solo. 

A opinião do Diário Motor

Fiat Strada Ranch 1.3 AT.

Não é de hoje que a Strada é inovadora. O veículo mais vendido do país atualmente conta com boas opções para um público bem variado, do trabalhador ao rancheiro, como aponta o nome da versão topo de linha, que conta com configuração interessante, aliando o visual diferenciado com o conjunto mecânico automático. 

Os grandes poréns são a qualidade dos materiais empregados na cabine, o espaço reduzido, a lista de equipamentos que deveria ser melhor e, claro, o preço, como sempre, exagerado, afinal, são R$ 122.490 em uma picape compacta. O conjunto mecânico atua bem, nada muito diferenciado, confortável e econômico. Como o próprio mercado aponta, vale a compra! Nota: 8

Ficha Técnica

Motor: 1.3 

Potência máxima: 107cv

Torque máximo: 13,6kgfm 

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e eixo de torção na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira

Capacidade de carga: 600kg 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.595 x 1.732 x 4.480 x 2.737mm 

Preço: R$ 122.490

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