Em surto contínuo, Honda apresenta o caríssimo Civic Type R
A versão esportiva do japonês chega ao país com visual burocrático da 11ª geração, motor mais fraco do que lá fora e preço nas alturas
No final do ano passado, a Honda confirmou que traria o Civic Type R para o Brasil, a versão esportiva do consagrado sedã japonês. Agora, a marca finalmente apresenta o modelo apimentado, mas mesmo trazendo o veículo, mostra que pouco se importa com o mercado brasileiro.
Além de um preço exorbitante, o Type R parte de impressionantes R$ 429.990, ele chega ao Brasil com uma motorização mais fraca que o equivalente europeu e não é completo de série, a Honda teve a pachorra de, mesmo em um veículo que supera os R$ 400 mil, cobrar mais R$ 5 mil para que ele tenha um simples monitoramento de ponto cego.
A japonesa alega que ele é o carro com tração dianteira mais rápido do mundo, já que teria feito o tempo recorde de 7’44”881 em Nürburgring, um dos templos automotivos mundiais e onde as principais marcas do mundo testam seus modelos, principalmente os esportivos. A questão é que, mesmo que seja verdade, este tempo não foi conquistado pela versão brasileira.
O Type R utiliza um moderno motor quatro cilindros 2.0 turbo, dotado de duplo comando de válvulas no cabeçote. Dessa forma, ele gera 297 cavalos (está longe de ser o 2.0 mais potente disponível no Brasil) e 42,8kgfm de torque. O problema é que, lá fora, este mesmo motor tem 329 cavalos, ou seja, 32 a mais do que a versão que chega por aqui.
A transmissão, ao contrário de outros esportivos (que utilizam câmbio automatizado de dupla embreagem), é manual de seis marchas. Segundo a Honda, ela conta com um sistema inteligente que realiza o “punta-taco” automaticamente sempre que detecta a iminência de uma redução de marcha.
A suspensão dianteira tem suporte de eixo duplo e braços inferiores rígidos. A traseira é Multi-link e os quatro amortecedores adaptativos têm ajuste que limita a rolagem da carroceria, assim como seu curso ante as demandas de aceleração e frenagem.
Os freios são do tipo Brembo, com bomba mecânica, pinças com quatro pistões e discos de duas peças. Os pneus foram desenvolvidos em conjunto com a Michelin especialmente para o japonês, com medidas 265/30ZR 19.
Ainda na parte do conjunto mecânico, o Civic Type R conta com quatro modos de condução (Comfort, Sport, +R e Individual). Ao todo, seis parâmetros são alterados: gerenciamento do motor, assistência do volante, rigidez dos amortecedores, ronco do escapamento, punta-taco e layout do painel.
Um diferencial criado nesta geração do japonês é o Honda LogR, um aplicativo que apresenta diversas informações ligadas à condução. O sistema está disponível embarcado no carro, na central multimídia, e pelo celular, em sistemas Android e iOS. Segundo a marca, ele utiliza diversos sensores para gerar um grande detalhamento da condução ao motorista.
Ao todo, 12 itens podem ser selecionados pelo motorista: temperatura da água, ângulo da direção, taxa de Yaw (direção de rotação), pressão atmosférica, posição do pedal do acelerador, temperatura do ar de admissão, pressão de freio, temperatura externa, pressão do óleo do motor, posição do pedal de embreagem, pressão do turbo e temperatura do óleo do motor.
Na parte visual, como de costume, o Type R tem uma pegada mais agressiva do que as variantes “normais” do modelo. Mas como ele é baseado na atual geração do Civic, a 11ª, o design é bem mais ortodoxo do que versões anteriores. Olhando de frente, apenas os detalhes vermelhos e a grande entrada de ar no para-choque indica ser um carro esportivo.
Já a traseira aponta mais para o lado apimentado do modelo, graças ao gigante spoiler e a saída de escape tripla centralizada. O visual coupé, visto de lado, e com destaque para as grandes pinças de freio vermelhas, mostram a pegada mais esportiva do japonês.
O lado esportivo de verdade do japonês está em detalhes não tão perceptíveis a olho nu. O primeiro é que ele está 15mm mais largo, 28mm mais baixo, 38mm maior e cresceu 35mm no entre-eixo. Além disso, o capô é feito de alumínio, deixando o veículo mais leve. Outros detalhes, como assoalho fechado, a grade frontal e o aerofólio traseiro, permitem uma pressão aerodinâmica total de mais de 800 Newtons.
O visual interno expira muito mais esportividade do que o externo, principalmente por conta dos bancos dianteiros e do acabamento do assoalho, todo em vermelho. Os assentos, do tipo concha, têm revestimento suede e estabilizador corporal que, segundo a Honda, garantem um melhor desempenho de suporte ao corpo.
Entre os equipamentos disponíveis, destaque para o sistema Sensing, que conta com piloto automático adaptativo, sistema de frenagem para mitigação de colisão, auxiliar de permanência e alerta de mudança de faixa e ajuste automático de farol.
Ele ainda vem com 10 airbags, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, sensor de pressão dos pneus e câmera de ré.
Na parte da comodidade, o esportivo vem com carregador por indução, central multimídia com tela de nove polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, o sistema de som Bose com 12 alto-falantes, painel digital TFT de alta definição, ar-condicionado digital dual zone e pedaleiras esportivas.
Agora, mesmo custando R$ 430 mil, a Honda teve coragem de não adicionar o sistema “Traffic Alert” de série, que agrega monitoramento de ponto cego e de tráfego cruzado na traseira. Para isso, a montadora japonesa está cobrando R$ 5 mil mais, ou seja, deixando o que é caro, mais caro ainda.
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