Como vinho, o sessentão Ford Mustang GT fica melhor a cada dia

Testamos a nova geração do coupé esportivo que completou 60 anos em 2024 e está melhor do que nunca, com seu poderoso V8 aspirado

No universo automotivo, poucos veículos podem afirmar que chegaram aos 60 anos de produção ininterrupta firmes e fortes. A lista é pequena e super exclusiva e corrobora com o fato dos representantes dela serem verdadeiros ícones da indústria automotiva mundial.

Ao longo da história, alguns modelos até chegaram aos 60 anos, mas com história mais conturbada, como a Volks Kombi, que tecnicamente foi produzida de 1950 até 2013, mas a nível mundial, foi aposentada em 1975 (a produção continuou em alguns países, como Brasil e México). 

Algo parecido com o Fusca, lançado nos anos 1930, mas que teve idas e vindas ao redor do mundo e pausas na produção com retorno em novas gerações. Oficialmente, a primeira foi produzida até 2003 no México. A última, já sob a alcunha de Beetle, teve seu fim em 2020. Apesar de superar com folga os 60 anos, eles não foram ininterruptos.

De forma contínua, os modelos mais velhos em produção são o Toyota Land Cruiser (1951), seguido do Chevrolet Corvette (1953) e da dupla sexagenária, ambos lançados ao mundo em 1964, Porsche 911 e Ford Mustang, que acaba de chegar à nova e sétima geração e que no Brasil é representado pela versão GT Performance, o nosso “Teste da Vez”. 

Precificação

Como de costume, no Brasil, a Ford disponibiliza apenas uma versão, agora, a GT Performance.

Com a aposentadoria do Chevrolet Camaro no ano passado, o Mustang não conta mais com um concorrente direto no Brasil. O modelo que mais se aproxima dele é o 911, que também é um esportivo 2+2, mas de estilo e preços diferentes. Enquanto o americano custa R$ 529 mil, o alemão parte de R$ 868 mil, na versão de entrada Carrera. Se abrirmos o leque para modelos esportivos no geral, a concorrência para o muscle car aumenta.

Assim, podemos acrescentar Audi RS 5 (R$ 863.990), BMW M2 (R$ 647.950), Honda Civic Type R (R$ 429.900), Jaguar F-Type (R$ 612 mil), Mercedes-Benz CLA 45 AMG (R$ 620.900), Porsche 718 Cayman GTS (R$ 695 mil) e Toyota GR Corolla (R$ 461.990) como rivais indiretos do Mustang, mas todos, sem exceção, mesmo os mais caros, tem menos potência que ele e nenhum utiliza um poderoso motor V8.

Sessentão de estilo

O estilo foi mantido, mas o Mustang está ainda mais atlético.

A nova e sétima geração do Mustang chegou ao mundo em 2023, às vésperas dos 60 anos do esportivo. No Brasil, ele desembarcou nas comemorações de aniversário deste ano. A novidade reafirma como uma das mais importantes atualizações do modelo ocorreu em 2005, no qual o muscle car passou por uma reformulação tão grande, que o estilo segue vivo até hoje.

Naquele ano, a Ford lançou a quinta geração do Mustang, revolucionando tanto o design do esportivo, que a marca manteve a base visual do esportivo nos quase 20 anos seguintes. Com isso, mesmo com um novo e moderno visual, ele não abandona a inspiração clássica, com teto baixo, capô de três seções e perfil de traseira curta, mantendo as proporções do modelo lá dos anos 60, no qual a quinta geração se inspirou.

O clássico desenho da traseira foi mantido.

A bitola traseira é mais larga, as lanternas mantém a assinatura de três barras, além de um difusor redesenhado para aprimorar a aerodinâmica e duas saídas duplas de escapamento. A dianteira do GT tem uma grade mais agressiva e novas entradas de ar no capô. Os faróis full LED estão mais modernos, mas perderam os detalhes que lembram guelras.  

Se o visual externo do Mustang manteve o padrão visto nas duas últimas gerações, o mesmo não pode ser dito sobre a cabine. O interior do esportivo está mais moderno do que nunca, tem um quê de minimalismo, sem exageros. Alguns botões físicos, como o do volume do áudio e os do ar-condicionado, foram removidos e integrados ao painel digital.

Ajeitando bem, cabem duas pessoas no banco traseiro.

Falando sobre as telas, elas têm tanto destaque, que vamos separar uma parte para falarmos só delas. O acabamento é impecável, com uso abundante de couro e plástico macio ao toque e não há nenhuma rebarba ou peça mal-encaixada. Além disso, como sempre, o Mustang é um esportivo coupé 2+2, ou seja, tem quatro assentos. 

Mas como ele é um veículo grande, são quase cinco metros de comprimento e mais de 2.700mm de entre-eixos, é possível sim levar quatro pessoas a bordo. Claro que adultos muito grandes não cabem atrás, mas alguém de tamanho mediano consegue ir tranquilamente. O porta-malas, para um veículo esportivo, leva bons 382 litros.

“Need For Speed”

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Quem viveu a segunda grande revolução dos games ali no início dos anos 2000, certamente lembra de um jogo que fez muito sucesso entre os amantes de carros, o “Need For Speed: Underground”. Em um universo de corridas, o jogador podia personalizar os veículos de várias formas e a Ford meio que trouxe isso para o novo Mustang.

As telas digitais não são exclusivas da atual geração e nem a mínima personalização, já vista na anterior – e em diversos outros veículos. O que a Ford trouxe para o Mustang foi uma evolução. Antes, apenas o visual do display mudava de acordo com o modo de condução escolhido. Isso permanece, mas a marca foi além, muito além.

A luz ambiente muda até a cor das soleiras.

Agora, a marca permite trocar as cores vistas em todo o interior do esportivo, inclusive do visual do painel de instrumentos de 12,4 polegadas. Podendo trabalhar com duas variações de cor ao mesmo tempo (principal e secundária), em um leque de 28 tonalizações diferentes e tanto para as telas, quanto para a iluminação ambiente.

Mas o mais legal de todos é a possibilidade de trocar o visual do painel de instrumentos para modelos históricos do Mustang, como o “Classic” (67-68), “Fox Body” (87-93) e “SVT Cobra” (99-01). Nestes, as cores não mudam, mas você pode ter a tela da primeira geração, por exemplo, com toda a modernidade da atual.

Na era moderna

A sétima geração traz o Mustang para a era moderna entre os equipamentos.

Um ponto do Mustang que sempre deixou um pouco a desejar, era tecnologia embarcada, seja de segurança, conforto ou comodidade. Mas isso são águas passadas, pois ele finalmente recebe equipamentos a altura de toda potência e esportividade (que, no final das contas, é o que realmente importa no modelo).

Além da iluminação ambiente configurável e das duas telas, uma de 12,4 polegadas e outra de 13,2 polegadas, ele conta com conexão sem fio para smartphones, bancos dianteiros aquecidos, refrigerados e com ajustes elétricos, ar-condicionado digital dual zone, carregador de celular por indução, chave sensorial, partida por botão e remota, som premium Bang & Olufsen e conectividade remota via aplicativo FordPass. 

 

O esportivo passa a contar com sistemas Adas, como piloto automátido adaptativo.

Na parte da segurança, o ganho foi ainda maior. Ele vem com sete airbags, assistente de partida em rampa, controles de tração e estabilidade, retrovisor interno eletrocrômico, monitoramento da pressão dos pneus, faróis full LED com luz de circulação diurna, sensores crepuscular, de chuva e estacionamento traseiro e sistema Adas.  

 

O pacote de auxiliares de condução vem com alerta de colisão frontal, assistentes de frenagem autônoma com detecção de pedestre e ciclista, de permanência e centralização em faixa e de manobras evasivas, farol alto automático, detecção automática de buracos, piloto automático adaptativo com Stop & Go e monitoramento de ponto cego com alerta de tráfego cruzado.

De gente grande

Como de costume, ele conta com diversos modos, da condução ao ronco do motor.

O Mustang é um esportivo natural, mas para deixar a “brincadeira” mais legal, a Ford conta com uma série de comandos e modos que modificam vários aspectos do veículo. As principais alterações ficam pela resposta do acelerador, das trocas de marcha e dos freios, a rigidez da suspensão, que é magnética, e do controle de tração.

Para otimizar, ainda mais, a direção, são cinco modos de condução (Normal, Esportivo, Escorregadio, Pista e Pista Drag), três de direção (Normal, Esportivo e Conforto), quatro de escapamento (Normal, Esportivo, Pista e Silencioso) e quatro de suspensão (Normal, esportivo, Pista e Pista Drag) e todos contam com customização ao gosto do motorista.

O poderoso V8 urra como uma sinfonia pelo escapamento duplo de duas saídas.

Ele vem também com escapamento duplo com quatro ponteiras cromadas e ajuste de válvula ativo, freio de estacionamento eletrônico de alta performance, sistema de pré-aquecimento dos pneus traseiros e “Track Apps”, que apontam as métricas de desempenho, cronometragens e frenagens do veículo.

Entre todos os modos de condução, um não é aconselhável utilizar na cidade, o Pista. Como o nome indica, ele é ideal para se utilizar em um autódromo, para tirar todo proveito que o Mustang oferece. Outro que precisa de cuidado é o Pista Drag. Ele permite realizar manobras agressivas com o carro, como burnout, o famoso borrachão, e zerinhos. 

Os modos de condução também alteram a forma de visualizar o painel de instrumentos.

Os dois precisam ser feitos em área isolada, sem nenhum tráfego, de outros automóveis ou de pedestres. Basta ativar o modo Pista Drag, alterando as configurações do veículo e usar o freio e o acelerador ao mesmo tempo, para ver a fumaça dos pneus levantar. Isso, junto com o ronco agressivo do motor, é de arrepiar até quem não gosta de carro. 

E ainda há as opções do escapamento. As mais legais, claro, são a “Esportivo”, que deixa o ronco ainda mais grave, e o “Pista”, que simplesmente deixa o Mustang com um urro animalesco e bem divertido também. O silencioso, como o nome indica, deixa o som mais abafado, que deveria ser usado em garagens. 

Sorriso no rosto

Mesmo com todas as importantes atualizações, o poderoso V8 continua como grande astro do Mustang.

O Mustang, principalmente na versão GT Performance, a única comercializada no Brasil, é daqueles veículos que ao olhar para a ficha técnica, sem atentar para o (super)conhecido nome, apenas aos números frios, percebe-se que se trata de algo diferenciado. O poderoso motor é o Coyote V8 5.0 aspirado de gratificantes 488 cavalos e 57,5kgfm de torque.

O conjunto mecânico ainda conta com transmissão automática de 10 velocidades, freios de alta performance Brembo, suspensão adaptativa MagneRide e a tração traseira. Todos estes dados são facilmente traduzidos de uma forma: no sorriso de “orelha a orelha” de qualquer um que ande no Mustang, seja o motorista ou os passageiros.

O coupé esportivo é daqueles veículos que arrancam sorrisos durante o caminho.

Do ronco gutural do motor, as acelerações viscerais, passando pelo câmbio de respostas impressionantemente imediatas, sem nenhum delay, todo o conjunto é de de causar suspiros até em quem não gosta de carro. Ainda sobre a transmissão, as trocas são macias e no tempo certo. Ao pisar firme no acelerador, ele despenca rapidamente da nona, oitava marcha, para a terceira, fazendo o esportivo disparar com facilidade pelo asfalto.

A suspensão, mais uma vez, surpreende. Por se tratar de um – baita – esportivo, o sistema é naturalmente mais rígido e firme, o que pode ser algo não muito bom em um país como o nosso, onde as vias são para lá de danificadas, mas até nisso, o esportivo manda bem. E, quando em asfalto liso, o conforto é bem otimizado. 

Aliado ao potente motor, um câmbio automático que trabalha muito bem.

Mas claro que o grande astro do conjunto mecânico é o poderoso motor e seus 488 “puros sangues”. Ganhar velocidade com o Mustang é algo realmente muito fácil, basta pisar no acelerador que ele dispara pelo asfalto sem a menor cerimônia. O difícil não é acelerar, mas saber a hora de parar de pisar no acelerador. A cada toque no pedal, o carro te instiga a apertar mais o pé, principalmente alinhado com o ronco digno de uma sinfonia.

A eletrônica faz com que o modelo esteja sempre na mão do motorista, mesmo em acelerações mais fortes, onde é até possível sentir ele dar aquela balançadinha na traseira, mas só para gerar mais emoção, tudo super controlado. Mesmo em curvas de alta ele permanece bem no traçado. Qualquer susto é por pura opção do motorista. Ah, sobre o consumo, se é que isso importa em um V8, ele ficou na clássica casa dos 5,1km/l. 

A opinião do Diário Motor

Ford Mustang GT Performance.

Além de ser um sessentão, o Mustang é um verdadeiro ícone da indústria automotiva mundial, um dos poucos a poder ostentar este status. E, assim como os vinhos, o esportivo só melhora com o tempo. Em um mundo ideal, sem injustiças, todos deveriam ter certas experiências, e uma delas seria, ao menos uma vez, dirigir – ou andar em – um Mustang.

Mas infelizmente não vivemos em um conto de fadas, onde as coisas acontecem como mágica e toda diversão tem seu preço. Só que, para os poucos que podem gastar meio milhão de reais em um veículo, o Mustang é uma compra para lá de correta, altamente divertida e vale – para quem tem – cada centavo investido. Vale a compra! Nota: 10

Ficha Técnica

Motor: V8 5.0 aspirado

Potência máxima: 488cv 

Torque máximo: 57,5kgfm 

Transmissão: automática de 10 velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente nas quatro rodas

Freios: a disco nas quatro rodas

Porta-malas: 382 litros

Dimensões (A x L x C x EE): 1.398 x 1.958 x 4.811 x 2.719mm 

Preço: R$ 529 mil

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