Atualizada, brasileiríssima Chevrolet S10 mostra que ainda tem fôlego

Testamos a versão topo de linha de uma das únicas picapes média produzidas no Brasil, que passou por uma recente atualização

O mercado automotivo brasileiro, como outros pelo planeta, conta com algumas peculiaridades. Um dos maiores do mundo em números, mesmo longe da capacidade máxima, tem um domínio claro de uma categoria, a de SUVs, principalmente os compactos, mas é uma picape que lidera as vendas por aqui. 

Inclusive, as caminhonetes foram as únicas que “peitaram” os utilitários e não só não perderam espaço, como conseguiram seguir na mesma tendência de alta e superam outros segmentos, sendo um dos que mais vendem no país, o terceiro para ser mais exato.

Agora, um fato curioso é que, mesmo com este domínio, poucas caminhonetes são de fato produzidas no Brasil. Das compactas as gigantes, o mercado nacional conta com 21 modelos (duas compactas, cinco intermediárias, oito médias e seis grandes). E há uma miscelânea ainda maior quando segmentamos por porte.

Enquanto entre as grandonas nenhuma é feita por aqui, as duas compactas e quatro das intermediárias são. Já entre as médias, apenas duas tem fabricação local (das seis, quatro são feitas na Argentina, uma no Uruguai e outra nos Estados Unidos), a Mitsubishi L200, em Catalão (GO) e a Chevrolet S10, em São Caetano do Sul (SP), o nosso “Teste da Vez”.

Precificação

A S10 é a menos cara entre as topo de linha das médias.

Do lançamento, realizado em maio, para cá, a S10 foi a picape média que mais subiu de preço, com um acréscimo de R$ 8.910, pulando de R$ 302.900 para R$ 311.990 na versão topo de linha, a High Country. O curioso é que, mesmo assim – e tirando a Fiat Titano que tem outro tipo de precificação –, ela continua como a mais barata entre as concorrentes.

A Nissan Frontier teve uma redução e agora sai por R$ 312.590. As demais tiveram uma pequena alteração nos preços. Assim, L200 (R$ 326.990), Toyota Hilux (R$ 333.290), Volkswagen Amarok (R$ 350.990), Ford Ranger (351.990) e Jeep Gladiator (R$ 499.990) custam mais e, isso, sem contar as versões esportivas de Hilux e Ranger.

Cromo para que te quero

Para quem gosta, é cromado para todo lado.

A Chevrolet seguiu uma linha intermediária para a S10, enquanto algumas picapes mudaram de geração, outras fizeram um pequeno facelift recentemente. A americana foi pelo meio do caminho, ao realizar profundas alterações, principalmente no visual, mas sem necessariamente trocar de geração.

A S10 passou por uma boa atualização visual. Na dianteira, a grade passa a ser bipartida, os faróis estão mais afilados e ela ganha um gigante skid plate no para-choque, que foi redesenhado e, como de costume neste segmento, a High Country, versão topo de linha da picape média, vem com muito, mas muito, cromado.

A unidade que testamos contava com alguns acessórios interessantes.

A grade dianteira é praticamente toda dominada pelo material brilhante, que é visto também nos frisos das janelas, maçanetas, capas dos retrovisores, skid plate frontal e nas pontas do para-choque traseiro. A versão que testamos ainda conta com um friso cromado nas portas, que é um dos vários acessórios da picape.

A tampa da caçamba também foi redesenhada e, agora, conta com o nome da marca em baixo relevo (como acessório, a unidade que testamos tinha acabamento cromado, há também opção em preto). Além disso, ela conta com sistema de compensação de peso, o que deixa a peça super leve e segura, facilitando a abertura e o fechamento.

Santo antonio, proteção lateral da caçamba, estribos e rack de teto não foram alterados.

O estribo tipo plataforma, o rack de teto (que também tem acabamento cromado) e o santo ântonio exclusivo com acabamento diferenciado para a capota marítima (que na unidade que testamos era do tipo rígida, um acessório – ela vem com a tradicional de série) não foram modificadas em comparação com linha a anterior.

Uma questão é que, mesmo do tipo rígida, que aparenta ter um melhor isolamento da área da carga, a capota não impede o avanço de pó para a caçamba e, com certeza, não impedirá o de água. Com as mudanças, a caçamba está levemente reforçada, ganhou 27kg a mais de capacidade, podendo levar até 1.076kg.

Alinhamento visual

O interior é quase 100% novo. Do volante as telas, quase tudo foi redesenhado.

O interior da S10 mudou tanto ou mais que a carroceria. O visual interno apresenta uma uniformidade visual em relação aos demais modelos novos da marca, com destaque para o conjunto de telas, sendo uma de 11 polegadas para a central multimídia e outra de oito para o painel de instrumentos, que passa a ser totalmente digital.

O painel frontal, volante, saídas de ar, console central, manopla do câmbio, forros da portas e até o desenho dos bancos foram alterados, apenas o visual dos comandos do ar-condicionado foram mantidos, trocados de posição. Além disso, parte do acabamento interno, que está primoroso, passa a ser bicolor.

Faltou saída de ar para o banco traseiro, que segue o mesmo padrão visual dos dianteiros.

Além de tudo bem encaixado, não há rebarbas e ele ainda conta com detalhes que imitam fibra de carbono. Outro ponto positivo é que, nos forros das portas e no painel, partes das peças plásticas de maior contato foram cobertas com couro, deixando o toque mais confortável. Faltou apenas as colunas e o teto serem escurecidos. 

Como não é uma mudança de geração, logo, a plataforma e, consequentemente o tamanho, são os mesmos, ela mantém os 3.096mm de entre-eixos. O espaço interno continua igual, mesmo cinco adultos conseguem viajar com certo conforto, sendo quatro o ideal, e faltou uma saída de ar para a traseira.

Boa melhora

O painel de instrumentos passa a ser totalmente digital.

A Chevrolet também melhorou bastante a lista de equipamentos da S10, entre novidades e itens que já existiam, a High Country vem com seis airbags, alertas de colisão frontal, saída de faixa e tráfego cruzado traseiro, monitoramentos de pressão dos pneus e de ponto cego, controles anticapotamento, de oscilação de trailer, reboque, estabilidade e tração. 

Faróis full LED e com regulagem de altura, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres, assistente inteligente de frenagem, protetor de cárter, assistentes de partida e descida em rampa, retrovisor eletrocrômico, piloto automático, sensores de chuva, crepuscular e de estacionamento dianteiro e traseiro e câmera de ré.

Os equipamentos são muito bons, mas faltaram alguns para o “10”.

Na parte da comodidade, ela conta com banco do motorista com regulagem elétrica, sistema OnStar, a central multimídia tem conexão sem fio para smartphones via Android Auto e Apple CarPlay, wi-fi embarcado, partida por botão e remota pela chave, que é sensorial, ar-condicionado digital, carregador para celular sem fio e capota marítima.

Mas as mudanças poderiam ter sido um pouco maiores, além da saída para a traseira, o ar-condicionado deveria ser dual zone. Ela conta com bons auxiliares de condução, mas poderia ter ido além e vindo com piloto automático adaptativo. Mas a maior falta, e mais fácil de resolver, é do protetor de caçamba, que não é de série, mas sim um acessório para ser instalado nas concessionárias da marca pelo país.

Já era bom…

O reconhecido motor foi mantido, mas com atualizações.

Como já falamos, a S10 não mudou de geração e, além da plataforma, a motorização, tecnicamente, é a mesma. Mas mesmo assim, a marca mexeu no conhecido motor 2.8 Duramax. Ele foi reprogramado e, agora, gera 207 cavalos e 52kgfm de torque, aliado a transmissão automática de oito velocidades, direção elétrica e tração 4×4.

A suspensão também foi recalibrada e está muito mais confortável. Durante nosso teste, rodamos mais de 500 quilômetros, com cerca de 200 em estradas de chão. Com isso, não importa se é no asfalto ou fora dele, mesmo para quem vai no banco traseiro a viagem está mais cômoda. A S10 praticamente eliminou o quique natural de picapes. 

Já o câmbio é completamente novo, um automático de oito velocidades.

Na calibração anterior, o forte motor já fazia bonito, mas o ganho, mesmo que pequeno (sete cavalos e um quilo de torque) ajuda a picape a ficar ainda mais segura e dinâmica ao volante. Na estrada ou na cidade, ela atende de forma super positiva, com manobras feitas de forma fácil e com segurança, as respostas do acelerador são primorosas. 

O clássico delay de motores diesel está bem reduzido e, assim, ultrapassagens, retomadas e saídas em velocidade são feitas com o mínimo de esforço do motor. O câmbio atua muito bem também, com trocas precisas e sem trancos. Como de costume, a já conhecida direção elétrica assistida deixa o volante firme em alta velocidade e super leve em baixa. 

…ficou melhor

Aliado ao novo câmbio, a tração 4×4 ficou ainda melhor.

Desde o nosso primeiro contato com a renovada S10, durante a Expolondrina, em Londrina no Paraná, no início do ano, passando pelas primeiras impressões no lançamento oficial realizado maio em Pirenópolis, Goiás, sentimos uma boa evolução do sistema de tração, graças a atualização do motor com o novo câmbio, comprovadas durante nosso teste.

Na estrada de chão, a S10 está ainda melhor. O 4×4 atua bem na distribuição de força e, apenas com ele ativado, garante ao motorista um controle absoluto da picape, mesmo em vias com muito cascalho solto, ou seja, com baixa aderência.

Das poucas coisas que não mudara, o botão de seleção da tração.

A sensação é de como não estivesse saído do asfalto, tamanha a segurança e conforto. Mesmo nestes momentos, de aderência reduzida, não há a mínima percepção de perda de controle ou que a caçamba queira “passar a dianteira” – e isso andando com ela vazia. Agora, é em trilhas mais pesadas que o sistema mostra a verdadeira evolução. 

Com a reduzida ativada, o sistema praticamente transforma a S10 em um trator, deixando até os obstáculos mais difíceis, super fáceis de superar, ajudado também pelos ótimos pneus de uso misto. Com o combo asfalto, rodovia, estrada off-road e trilha, o consumo foi bom, de 10,3km/l, com picos de 14,4km/l.

A opinião do Diário Motor

Chevrolet S10 High Country.

Não sendo repetitivo, mas já sendo, apesar de não ser uma nova geração, a S10 evoluiu bem, principalmente na sua versão mais completa, a High Country. O visual, para este que vos escreve, é meio exagerado, principalmente por conta dos cromados, mas é questão de gosto, tem quem ache bonito, tem quem considere feio, o certo é que ela manda bem.

Com equipamentos e conjunto mecânicos melhorados, a S10 é, mesmo com o injustificável e impressionante aumento feito do lançamento, realizado em maio, para cá, a caminhonete média menos cara disponível no Brasil. Para quem procura uma picape deste porte, ela ainda vale a compra! Mas com o aumento de preço, caiu 0.5 na nossa avaliação. Nota: 8,5.

Ficha Técnica

Motor: 2.8 diesel

Potência máxima: 207cv 

Torque máximo: 52kgfm 

Transmissão: automática de oito velocidades

Direção: elétrica

Suspensão: independente na dianteira e feixe de molas semi-elípticas na traseira

Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira

Capacidade de carga: 1.076kg 

Dimensões (A x L x C x EE): 1.831 x 1.874 x 5.361 x 3.096mm 

Preço: R$ 311.990

1/70Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Após mudanças, a brasileiríssima Chevrolet S10 mostra que ainda tem fôlego (fotos: Geison Guedes/DP).Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.Chevrolet S10 High Country.