O Tribunal Regional Federal da 4ª Região afastou o juiz Eduardo Appio da 13ª Vara Federal em Curitiba, responsável por julgar a Operação Lava Jato. Appio é acusado de haver telefonado ao filho do desembargador Marcelo Malucelli, em tom de ameaça, passando-se por um “Fernando Pinheiro Gonçalvesa”, um dia após a decisão de seu pai que acolheu pedido do Ministério Público Federal (MPF) contra o doleiro Rodrigo Tacla Duran. A conclusão da perícia é que a voz é do juiz Eduardo Appio.
No documento, ele relata que uma pessoa identificada como “Fernando Pinheiro Gonçalves”, de um “Setor de Saúde da Justiça Federal”, iniciou a chamada dizendo estar à procura do desembargador para tratar de “coisas antigas” supostamente relacionadas a créditos de imposto de renda. Ao explicar que o telefone não pertencia a seu pai, o interlocutor começou a fazer questionamentos aleatórios, mostrando que possuía vários dados pessoais seus.
“No final da conversa, “Fernando” disse em tom ameaçador: “E o senhor tem certeza de que não tem aprontado nada?” Em seguida, desligou.
A chamada partiu de um número sem identificador, mas foi gravada por João Eduardo, que também protocolou a transcrição da conversa de pouco mais de 3 minutos.
Na decisão que afastou Appio, o TRF4 ordenou a devolução e acautelamento dos celulares funcionais, notebook e desktop usado pelo magistrado.
Appio tem revisto decisões da Lava Jato do período em que o senador Sérgio Moro (União-PR) era o juiz, como a pena de 14 anos aplicada ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral. No último dia 16, a decisão de Appio foi suspensa pelo desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores.
O juiz está envolvido em polêmicas desde que assumiu a 13ª Vara. O Diário do Poder revelou com exclusividade os prints com a chave de acesso usada pelo magistrado para acessar o sistema eletrônico da Justiça, LUL22. O site também revelou que o juiz fez doações ao então candidato à Presidência da República Lula.
A reportagem procurou Eduardo Appio e mantém o espaço para manifestação do juiz.