Servidora ligada ao MST atua na escolha de fornecedores da merenda escolar

Cooperativa levou quase R$1 milhão com a compra de arroz

Novos fatos surgem para tornar ainda mais nebulosa a relação entre a prefeita de Juíz de Fora, Margarida Salomão (PT), e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) após a notícia de que foram pagos quase R$1 milhão em arroz a uma cooperativa ligada ao movimento invasor de terras. O objetivo da compra é abastecer escolas do município gerido pelo Partido dos Trabalhadores (PT) , através de recurso oriundo do Programa Nacional de Abastecimento Escolar (PNAE).

Procurado por produtores desfavorecidos pelo contrato firmado entre a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região de Porto Alegre e a gestão municipal de Juíz de Fora, o vereador Sargento Mello (PTB) levantou mais do que o valor desproporcional de
R$ 43,06 pago por cada um dos 19 mil pacotes adquiridos, gerando a despesa de exatos R$ 818.140,00.

O parlamentar chegou ao nome de Ludimila Bandeira Pedro de Farias, nomeada Gerente de Departamento de Apoio à Produção Sustentável. A família da servidora foi contemplada pelo INCRA em 2008 com a concessão do uso de terras que o MST considera improdutivas, hoje conhecidas como assentamento Denis Gonçalves.

Documentos encaminhados ao Diário do Poder especificam a função da servidora em integrar o grupo de trabalho para compras institucionais da agricultura familiar, responsável pelos chamamentos públicos que elegem os fornecedores responsáveis pelo abastecimento da merenda escolar.

“A Prefeita chegou a fazer reunião com os agricultores do município, falando para eles plantarem, que ela iria comprar. Na hora da escolha dos produtos, estranharam a presença da cooperativa dos trabalhadores ligada ao MST do Rio Grande do Sul entre os fornecedores habilitados”.

Mello também cita a compra de outros itens da cooperativa como: leite instantâneo, mandioca e manteiga. “Não concordamos com a forma que esse processo vem sendo conduzido. Não é normal. Mudaram itens para desfavorecer nossos produtores, desconsiderando a alimentação local e instituindo um valor fora da realidade”, detalha.

O parlamentar ainda menciona o funcionamento de um armazém da cooperativa que funciona dentro da estrutura da prefeitura. “O Armazém do Campo é uma área dentro da prefeitura. Entregaram a eles um espaço público, sem licitação”

O vereador está processando a gestão e busca apoiamento para realizar audiência pública na Câmara Municipal. O caso também deve integrar a pauta da CPI do MST, acolhido pelo relator, deputado Ricardo Salles (PL-SP).

O Diário do Poder procurou a prefeitura de Juíz de Fora e aguarda respostas para as acusações citadas na matéria.