Baixaria no partido Cidadania: ‘picareta’, ‘vagabundo’

Políticos batem boca em reunião pelo comando do Cidadania

A reunião do partido Cidadania realizada neste fim de semana foi marcada por uma sessão repleta de baixaria, troca de ofensas, bate-boca e clima nada amigável.

Parte da sigla tenta destituir Roberto Freire do comando da agremiação. O político preside o Cidadania há mais de 30 anos e diz que o movimento é uma tentativa de alguns membros de aderir ao governo Lula.

Na reunião, realizada de maneira virtual, Freire chegou a mandar Regis Cavalcante calar a boca e parar de tentar conduzir a pauta.

Por 13 votos a 11, os integrantes do partido aprovaram uma convocação do diretório nacional para reestruturar o comando da sigla por meio de eleições.

Para resolver [a crise] o partido tem que ser todo chamado, e não apenas uma facção que tomou conta do partido e que acha que manda no partido. Quer mandar até no que eu penso, porque a grande reclamação não é de que o partido não cumpre o que decide, é porque eu tenho uma posição divergente de alguns que viraram lulo-petistas e que são adesistas e que eu não posso continuar sendo um crítico do governo”, disse Freire na reunião.

O ex-deputado Daniel Coelho saiu em defesa do presidente Roberto Freire e também se envolveu em uma discussão com o ex-deputado Regis Cavalcante. Coelho chamou Cavalcante de “picareta e cínico”. Foi retrucado com “picareta é você, seu cachorro”.  Daí para frente a baixaria descambou para ofensas como “vagabundo” e “m**da”.

“Vocês estão querendo dar um golpe em Roberto”, acusou Coelho.

Após o vazamento do conteúdo da reunião, Roberto Freire divulgou uma nota lamentando o ocorrido.

 

Leia abaixo a nota divulgada pelo Cidadania.

O lamentável embate interno que veio a público neste domingo (20), um episódio totalmente estranho à história do partido, é a demonstração cabal de que a superação do impasse a que chegamos só se dará a partir de um Congresso Extraordinário, com a radicalização do processo democrático no Cidadania.

Chamando todos os militantes a renovar o corpo dirigente e decidir os rumos do partido. Em 2022, fui o nome de uma unidade agora impossível. Mas a ruptura fora apenas adiada numa tentativa de acomodação de nossas contradições internas. Era esperado que a impossibilidade de reeleição, fruto do estatuto que aprovamos no último Congresso, deflagrasse uma irremediável disputa interna. Mas a unidade não se dará com a imposição de uma maioria eventual, como se viu numa votação cujo resultado foi de 13 votos a 11. O prolongamento de tal impasse apenas aprofunda a nossa crise.

Não tenho e nunca tive qualquer apego ao cargo – razão pela qual proponho o Congresso Extraordinário para mudar, democraticamente a partir da base, toda a direção. Tenho apego às nossas bandeiras e à existência do Cidadania como ator político influente no cenário nacional, apesar de nossa limitada dimensão.

A questão não é apoiar ou não o governo Lula, mas aderir de forma acrítica a valores que não são os nossos em nome de verbas e cargos. Nada disso condiz com nossa história como PCB, PPS e Cidadania. Nunca optamos pelo caminho mais fácil. Faço um apelo aos colegas, muitos deles também dirigentes históricos, para que abram mão de suas posições, como eu estou abrindo, em nome de um sonho que teve início há 100 anos.

Roberto Freire
Presidente Nacional do Cidadania