Vencedor das duas únicas prévias do PSDB, Doria está confiante na vitória

Governador não se impressiona com declarações de apoio a Eduardo Leite

As adesões de figuras tradicionais do PSDB à pré-candidatura presidencial do governador gaúcho Eduardo Leite não afetaram o otimismo do governador de São Paulo, João Doria, que se tornou um especialista em disputar e vencer prévias. Saiu-se vitorioso nas duas únicas prévias tucanas.

Doria e Leite vão se enfrentar nas prévias do PSDB de 21 de novembro, em Brasília, quando os filiados escolherão pelo voto aquele que irá representar o partido na disputa pela sucessão do atual presidente Jair Bolsonaro.

Nesta terça-feira (28), dois ex-presidentes do PSDB, o deputado Aécio Neves (MG) e o senador Tasso Jereissati (CE), anunciaram apoio a Eduardo Leite, assim como outras lideranças tucanas tradicionais.

Na conversa com o Diário do Poder, Doria elogiou Eduardo Leite e não fez críticas aos políticos que apoiam o político gaúcho, incluindo o deputado mineiro, com quem não esconde divergências importantes.

Doria admite a importância do apoio de figuras como Aécio e Tasso, mas não se impressiona. Ele conhece o enredo desse “filme”, que já viu duas vezes.

Segundo o governador, tudo está “dentro das expectativas”, como afirmou ao Diário do Poder, lembrando ainda que a disputa só termina no dia 21. Ele gosta da velha frase atribuída a Vicente Matheus, presidente histórico do Corinthians: “O jogo só acaba quando termina”.

Uma especialidade

Doria está ciente de que serão as prévias mais difíceis que terá enfrentado, mas vencer disputas internas no PSDB é sua especialidade.

Primeiro, ele venceu as prévias de 2016 para a escolha do candidato a prefeito de São Paulo, enfrentando a máquina do partido, a má vontade de tucanos “históricos” e opositores considerados “imbatíveis”.

Venceu por exemplo o pré-candidato Andrea Matarazzo, que controlava a máquina do partido e contava com o apoio de todos os vereadores, deputados estaduais e federais, tucanos famosos como FHC, José Serra e Alberto Goldman, e rivais com sobrenomes de peso, como Bruno Covas.

Na ocasião das prévias de 2016, Doria nem sequer se lembrava que sua ficha de filiação fora registrada no diretório de Pinheiros, no diante ano de 2001, tampouco participou de qualquer reunião do partido.

Aos poucos, conquistou o apoio dos filiados. Venceu as prévias, convidou Bruno Covas para compor sua chapa como vice, apesar do veto de Geraldo Alckmin, e foi eleito prefeito de São Paulo no primeiro turno.

Em 2018, além da dificuldade de explicar a decisão de renunciar ao mandato de prefeito para disputar o governo estadual, Doria voltou a enfrentar a máquina tucana solidamente estabelecida, sobretudo no interior. Ainda assim, voltou a vencer as prévias tucanas.

Seu maior obstáculo, no entanto, ocorreria durante a campanha propriamente dita, quando o ex-governador Alckmin, filiado ao PSDB, promoveu a divisão do partido ao apoiar a candidatura do seu ex-vice, Márcio França, que era filiado ao PSB. Acabaria vitorioso em uma disputa particularmente difícil.

Como serão as prévias

As as prévias para a escolha do candidato à presidência da República foi definida pela executiva nacional do PSDB.

O colégio eleitoral será formado por quatro grupos de votantes, cada um com o peso de 25% do total de votos.

Os debates entre os candidatos terão início em 18 de outubro. Se houver segundo turno, caso nenhum candidato alcance a maioria absoluta dos votos, ele ocorrerá em 28 de novembro.

A votação será dividida em grupos:

Grupo 1 — filiados;
Grupo 2 — prefeitos e vice-prefeitos;
Grupo 3 — vereadores, deputados estaduais e distritais; e
Grupo 4 — governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores.

“Esse é um dos momentos mais intensos da história do PSDB, uma grande demonstração de democracia interna”, resumiu o presidente Bruno Araújo.