Mulher enfrenta ameaças e fake news após denunciar MST na CPI

Polícia Federal negou pedido de proteção à depoente

Acusada pela militância do MST de causar tumulto à associação que pauta o cadastro de famílias assentadas no município de Prado, interior da Bahia, a ex-assentada Vanuza Souza disse ao Diário do Poder que a ofensiva contra sua imagem se deve ao processo de regularização da associação, encabeçado por ela, desde que assumiu o posto de presidente da entidade.

Mas não é só a reputação de Vanuza que estaria sujeita às reações do MST. A ex-integrante do movimento invasor afirma que vem sofrendo ameaças veladas e que sua atual residência vem sendo vigiada desde que depôs à CPI em curso na Câmara dos Deputados.“Minha confiança agora está só em Deus”, afirma. 

A Associação dos Produtores Rurais do Assentamento Fábio Henrique, chamada de Asprajo, consta no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica, com cnpj ativo. Mas para disputar o poder sobre a entidade e dispersar famílias que aguardam o título de terra, militantes estariam utilizando a veiculação de notícias falsas acerca da regularidade do cadastro em que o nome de Vanuza aparece como presidente. Segundo ela, lideranças locais estariam incomodadas com iniciativas que conflitam com interesses do MST, como o devido encaminhamento do cadastro das famílias assentadas ao Incra, e a desvinculação de ações como as invasões de propriedades rurais.

Ao Diário do Poder, Vanuza encaminhou áudios que circulam no que ela chama de ‘telefone sem fio’, grupos de WhatsApp que congregam militantes e assentados. No conteúdo repassado à redação, dois homens, identificados como ‘Ireno’ e ‘Leandro’ debocham do depoimento prestado pela dona de casa à CPI. Em uma das gravações é possível ouvir, ao fundo, disparos de armas de fogo, conforme a avaliação de Vanuza, a validação de seu suporte jurídico e do membro da CPI do MST, deputado capitão Alden (PL-BA)


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Em outro áudio, uma mulher diz à presidente da associação que foi ameaçada por um militante chamado ‘Deldi’ e que perderá o direito à terra caso se una à Vanuza. “O miserável do Deldi veio aqui em casa e me ameaçou. Disse que se eu estivesse com você era para desocupar”, relatou.

O deputado Capitão Alden (PL-BA) solicitou à Polícia Federal proteção policial à Vanuza, mas teve o pedido negado pelo diretor de polícia administrativa, delegado Rodrigo Teixeira, sob justificativa de que ela não se enquadra na categoria de depoente especial. Relutante, o parlamentar enviou novo pedido à PF e acompanha um grupo de voluntários que se mobiliza para retirar Vanuza da cidade de Prado.

“Um grupo da região está se organizando para ajudar financeiramente e conceder proteção. Partiu de maneira voluntária”, explicou o parlamentar.