Marcon diz que relatório da CPMI está pronto ‘pelas mãos de Dino’
Deputado protestou sobre suposta interferência do ministro nas investigações do 08 de janeiro
A reunião da CPMI do 8 de janeiro, nessa quinta-feira (24), movimentou os ânimos da oposição com a quebra do sigilo bancário do ex-auxiliar do general Mauro Cid, sargento Luís Marcos dos Reis, cogitada pela relatora Eliziane Gama (PSD-MA) como nova investida para direcionar as investigações à família Bolsonaro. Com o avançar do tempo de duração da CPMI, deputados e senadores de oposição temem que as investigações do objeto principal: a depredação de prédios públicos, sejam inconclusivas.
Durante a oitiva do sargento Luís Marcos dos Reis, que está preso há 114 dias sem a existência de denúncia do Ministério Público, o deputado federal Marcel Van Hattem (Novo-RS) pressionou a relatora da Comissão sobre a inclusão de ‘flagrante abuso de autoridade do Supremo’ em seu relatório. Sem resposta definitiva, Eliziane despertou a reação do deputado Mauricio Marcon (Pode-RS): “interessante que sobre abuso de autoridade, a relatora não sabe. Mas para dizer para a imprensa que Bolsonaro será indiciado ela está pronta”.
Marcon subiu o tom e disse que o Ministro da Justiça, Flávio Dino, é o chefe da senadora Eliziane e que “o relatório já está pronto pelas mãos do ministro que não quer entregar as imagens [do dia 8]”.
Ao Diário do Poder, o deputado disse que a interferência sobre os trabalhos em curso “não é só do Ministério da Justiça, mas do governo como um todo. O PT foi contra a CPMI desde o início – inclusive, foi amplamente noticiada a oferta de emendas e cargos para que parlamentares retirassem suas assinaturas do requerimento”.
Marcon considera que a resistência do Ministro de Lula em colaborar com as investigações é um indicativo suspeito. “Eu sabia que em alguma hora descobriríamos a razão de tanto desespero por parte do Palácio do Planalto a respeito da CPMI, e agora, com essas manobras de Dino para impedir o compartilhamento das câmeras, parece que encontramos”, afirmou.
E continuou: “Essas imagens devem comprovar que ele chegou antes do que foi dito à imprensa, tendo tempo para acionar a Força Nacional que estava estacionada ao lado do seu Ministério. Como se diz no jargão popular: ‘quem não deve, não teme’.