‘STJ protegeu Alagoas, roubada e arrasada pela fome’, diz senador
Para Rodrigo Cunha, governador afastado Paulo Dantas não teria condições morais de seguir disputando o governo
Depois da goleada de 10 a 2 sofrida na Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que confirmou ontem (13) seu afastamento até o final de seu mandato, o governador-tampão afastado, Paulo Dantas (MDB), não teria mais “nenhuma condição moral de disputar o voto do alagoano” e deveria desistir da tentativa de voltar a governar o estado. A conclusão é de seu adversário neste segundo turno, o senador Rodrigo Cunha (União Brasil), ao afirmar que o STJ cumpriu seu papel de proteger o estado de Alagoas, “arrasado pela fome e pela ousadia dos que metem a mão no dinheiro público em benefício próprio”.
“Não tem ‘mimimi’ de armação. Se há armação nessa história, ela foi feita por Paulo Dantas, enquanto diretor da Assembleia Legislativa, em um dos maiores esquemas de corrupção da história daquela Casa! A Polícia Federal investiga corrupção, roubo do dinheiro público. O STJ cumpriu seu papel na proteção do Estado de Alagoas, roubado, envergonhado, visto nacionalmente como uma terra arrasada pela fome, desemprego e pela ousadia dos que metem a mão no dinheiro público em benefício próprio”, declarou Rodrigo Cunha.
Nas declarações dadas ontem, durante agenda de campanha em Arapiraca, Rodrigo Cunha ainda afirmou que os alagoanos e alagoanas não merecem tal escândalo. E convocou Alagoas a “tomar o rumo certo da política”, nas urnas, em 30 de outubro.
Para Rodrigo Cunha, seu rival afastado pelo STJ por indícios de crimes de peculato, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha deve estar considerando desistir de ser candidato, porque não consegue explicar como comprou 25 apartamentos, uma cobertura de R$ 1,6 milhão, com dinheiro em espécie, e uma mansão de R$ 8 milhões.
“Segundo a Justiça, todo esse patrimônio foi adquirido porque Paulo Dantas lidera uma organização criminosa. Eu tenho as mãos limpas, fui diretor do Procon Alagoas, deputado estadual e sou senador da República, não respondo a nenhuma investigação ou processo na Justiça”, disse o candidato a governador Rodrigo Cunha, ontem, em Arapiraca, onde cumpriu agenda de campanha.
Em nota, Paulo Dantas disse que respeita a decisão da Justiça, embora discorde de como o processo tem sido conduzido. “Só peço que o meu direito de defesa seja preservado, porque somente, após isso, tudo será esclarecido. Estou confiante nos recursos que meus advogados irão impetrar. Com isso, serei reeleito governador de Estado para trabalhar pelo povo alagoano e dar continuidade a um projeto político que mudou a cara do Estado”, reagiu Paulo Dantas.
Fora das páginas policiais
O candidato Rodrigo Cunha disse ter propostas reais para combater a fome, o desemprego, e a violência em Alagoas e, acima de tudo, o compromisso de honrar o povo alagoano, Alagoas, e de não ver o estado na mídia nacional e internacional como manchete de páginas policiais.
“Vamos estar na imprensa como o estado que gera emprego, que reduz a fome, que acolhe quem precisa, que reduz a violência, que tem a melhor saúde, que valoriza a educação como investimento, vamos estar no mundo como o estado mais lindo e melhor governador deste Brasil”, disse Cunha.
Desvios de R$ 54 milhões
As investigações da Polícia Federal sobre a Operação Edema, que apura desvio de R$ 54 milhões da Assembleia Legislativa de Alagoas, apontam Paulo Dantas como o líder deste esquema, com a contratação de 93 servidores fantasmas, com salários entre R$ 17 mil e R$ 21 mil, que repassam esses recursos para Dantas.
“No relatório apresentado ao STJ, ficou evidente que desse volume de dinheiro, os donos das contas recebiam como ‘pró-labore’ do crime entre 300 e 600 reais, cada um deles. Sem falar em ameaças de morte a essas pessoas e a interferência do diretor da polícia civil em favor do esquema fraudulento”, afirmou Cunha.