Ex-secretário diz que reunião com Janja o fez perder o cargo

Ariel de Castro acredita que pode ter provocado ciúmes em Silvio Almeida

Ariel de Castro acredita que sua exoneração da Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente pode ter sido provocada por uma reunião com a primeira-dama Janja.

Castro confidenciou que a relação com o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, era  difícil e que um compromisso protocolar que teve com a primeira-dama pode ter provocado “ciúmes” em Silvio.

A declaração ocorreu na noite de ontem (5), durante entrevista a Jésus Mosquéra, no Jornal da Sucesso 2ª Edição,  da Rádio Sucesso News.

De acordo com o ex-secretário, foi o  gabinete de Janja que solicitou diretamente, junto ao gabinete dele, uma reunião dentro da Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente, subordinada ao Ministério dos Direitos Humanos. 

O advogado ressalta que não recusou a solicitação, tendo em vista ter partido da esposa do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva.

Para evitar qualquer mal-estar relacionado a eventual quebra de hierarquia, avisou ao chefe imediato, Silvio Almeida, que compareceu ao encontro. No decorrer da reunião, Ariel revelou que era nítido o desconforto do ministro.

Na avaliação do ex-secretário, Almeida interpretou a articulação do encontro como um ato de insubordinação, mesmo não tendo sido iniciativa de Ariel.

Ariel contou que Silvio sempre se incomodou pelo fato da imprensa o procurar para comentar sobre assuntos relacionados aos direitos das crianças e dos adolescentes. 

Durante a entrevista, ele revelou que para diminuir a sua visibilidade, Almeida chegou a desautorizar entrevistas, assim como o deixou de fora de importantes formulações de políticas públicas. Entre elas, o combate aos recentes episódios de violência em escolas e a atenção aos chamados “órfãos da Covid”, um termo cunhado pelo próprio Ariel, em artigo replicado por toda a imprensa no auge da pandemia.

A exoneração, publicada na edição da última quinta-feira (4) do Diário Oficial da União (DOU) surpreendeu o advogado, entre outros motivos, por ter ocorrido em pleno Maio Amarelo, mês de conscientização contra o abuso e exploração sexual infantil. 

Na versão oficial do Ministério dos Direitos Humanos, a exoneração decorreu do “necessário ajuste administrativo com base nos objetivos e estratégias” da pasta. 

A publicação no DOU coincidiu com o lançamento da campanha pelo governo federal e veio exatamente no dia em que Ariel celebrava os primeiros 100 dias no cargo.

O cargo na Secretaria dos Direitos da Criança e do Adolescente será ocupado interinamente pela atual diretora de Proteção da Criança e do Adolescente do ministério, Maria Luiza Oliveira.