Prefeito de Maceió vê greve política cortará ponto de faltosos

Para Rui, sindicatos ignoram crise econômica e a ameaça a Temer

Na mesma manhã em que foi iniciada a greve dos servidores públicos de Maceió, o prefeito Rui Palmeira (PSDB), anunciou nesta quinta-feira (22), que cortará o ponto dos servidores que aderirem à paralisação por tempo indeterminado. O prefeito tucano vê manipulação política na paralisação, diante da crise nacional que afeta as finanças. E disse não ter sequer certeza se o presidente Michel Temer (PMDB) resiste no cargo até amanhã.

Por já ter mostrado os números e concluído pela falta de margem para atender a proposta de aumentar salários em 6,29%, pelas perdas salariais decorrentes da inflação do ano anterior, Rui Palmeira critica a falta de bom senso na mobilização de sindicatos e sugere haver alguma ação oculta com objetivos políticos.

“Falta um pouco de bom senso. Há também uma questão política por trás disso, porque mostramos a eles que os números, hoje, não nos dão condições de conceder reajuste. Pedimos mais 90 dias, porque estamos tomando várias medidas de contenção de gastos e podemos voltar a conversar no segundo semestre. Não sabemos nem quem vai ser o presidente amanhã. A arrecadação federal caiu mais uma vez no mês passado, o que reflete diretamente no FPM [Fundo de Participação dos Municípios]. Nós não vamos conceder reajuste enquanto não tivermos segurança para fazer isso”, afirmou o prefeito tucano, ao portal Gazetaweb, durante a entrega de uma horta comunitária urbana, no bairro do Benedito Bentes, na periferia da capital alagoana. 

Ao garantir o corte de ponto dos faltosos, o prefeito citou sua proposta enviada à Câmara de Maceió para reequilibrar os fundos previdenciários, como uma tentativa de alcançar saúde financeira que garanta o reajuste. E garantiu que o corte salarial é determinação recente do Supremo Tribunal Federal (STF) e será cumprido.

“Vamos conseguir economizar em torno de R$ 3 milhões por mês [com a previdência). Também estamos minimizando os custos do município visando também o servidor. Agora, para toda ação existe uma reação. Uma ação recente do STF [Supremo Tribunal Federal] diz que gestores de municípios, estados e da União devem cortar os dias não trabalhados. É uma decisão do Supremo, com repercussão geral, e vamos cumprir essa decisão, que é cortar o ponto imediatamente de quem aderir a essa greve”, garantiu Rui Palmeira.

VIÉS ELEITORAL

Fortalecido após ser reeleito, em 2016, o prefeito de Maceió tem sido empurrado por aliados e rivais, para uma disputa eleitoral contra a reeleição do governador Renan Filho (PMDB), em 2018. O que amplia as pressões políticas sobre sua administração, porque o governador tem se pautado pelos atos administrativo do rival e sua base está mobilizada para torcer pelo "quanto pior, melhor" . Um exemplo foi a decisão de Renan Filho anunciar o reajuste para os servidores estaduais na véspera da assembleia dos servidores de Maceió.

O presidente do Sindicato dos Servidores de Maceió, Sidney Lopes, descarta a hipótese de ter havido alguma articulação política com o adversário político do prefeito. E critica o prefeito, por conta de notícias de que ambos, governador e prefeito, teriam esperado um pela decisão do outro para anunciar uma solução para os servidores. “Parece coisa de menino bicudo!”, criticou

Antes de lembrar que a cautela tem como objetivo manter a folha em dia, o prefeito tucano negou ter descartado reajuste ou encerrado negociações. “Em nenhum momento, nós fechamos as portas e dissemos que o reajuste seria zero. Dissemos que nesse momento não poderíamos porque não adianta conceder reajuste agora para daqui a alguns meses não conseguir pagar. Se for possível, no segundo semestre, a gente senta e apresenta uma proposta dentro do que é possível”, concluiu.

AÇÃO AMBIENTAL

As declarações do prefeito foram dadas à imprensa, durante entrega da primeira horta urbana da capital alagoana, na programação a Semana Maceió Mais Sustentável, iniciada no último domingo (18). A horta foi entregue em uma área verde do Loteamento Nascente do Sol, no Benedito Bentes, recuperando um espaço de descarte irregular lixo e metralha da construção civil.

“Com esse tipo de ação, que é de baixo custo, podemos conseguir manter esses espaços limpos e as pessoas vão poder ter aqui hortaliças à disposição. Queremos levar para outras comunidades”, disse Rui Palmeira.