Polícia prendeu mulher que deu piti em hospital, mas ignora quebradeira no ministério da fazenda

Prejuízo soma cerca de R$ 15 mil e manifestantes estão livres

Casos semelhantes com finais distintos. Nos últimos dias, dois casos de dano ao patrimônio ocorreram no Distrito Federal. Em um deles, uma mulher quebrou vidros de janelas e portas do Hospital do Paranoá. No outro, integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) invadiram o Ministério da Fazenda, quebrando portas de vidro da entrada principal, causando prejuízo de cerca de R$ 15 mil. Apenas no primeiro caso a polícia assumiu o controle. A mulher acabou presa e para ser liberada pagou uma fiança de R$ 500. Agora responderá a processo por dando ao patrimônio. Com os invasores nada aconteceu até o momento.

No caso da invasão ao ministério, os manifestantes tiveram total liberdade para fazer o que bem quisessem. Com camisetas e bandeiras da CUT, os agricultores familiares, cerca de 150, gritavam e impediam o acesso de servidores, inclusive do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. De longe os policiais acompanhavam a baderna. O grupo pedia por melhorias para o meio rural. Depois de quebrar os vidros, invadiram vários andares e colocaram faixas do movimento.

Já no hospital, a mulher acompanhava um paciente e se irritou com a falta de atendimento, pois na emergência havia apenas um clínico geral para atender a demanda. Revoltada, arremessou lixeiras e acabou quebrando portas e janelas de vidro. Ela foi levada prontamente para a 6ª Delegacia de Polícia.

Questionada, a Polícia Civil afirmou que quem responde a este caso é a Polícia Federal, "tendo em vista que danos causados em prédios do Governo Federal são de atribuição da Polícia Federal". Na 5ª DP somente há o registro do furto de um celular Nextel e um cartão de acesso ao Ministério, pertencentes à uma empresa privada de segurança, que teriam sido roubados durante a manifestação. A Polícia Federal informou que realizou perícia no local logo após a saída dos manifestantes do ministério. "Foi aberta investigação para apurar crime de dano contra o patrimônio", disse a assessoria de imprensa.

Para o secretário-chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, a posição do governo é sempre de cumprir a lei. “Se foi violada em qualquer circunstância, o governo tem que atuar como agente da lei, por meio da polícia, fiscais, autoridades”, diz. Segundo ele, a situação enfrentada atualmente é complicada. “A gente está criando relações na sociedade em que a lei muitas vezes fica em segundo plano. As manifestações são legitimas e necessárias, mas acho que elas têm que se ater ao limite da lei. Se depreda, está violando a lei, se interrompe a circulação de veículos e pedestres, está violando a lei”, acredita.

O fato de policiais não terem atuado firmemente em relação ao protesto no ministério, para Doyle se trata de intimidação. “Os agentes da lei se sentem intimidados, impedidos de atuar. Por exemplo, se invadem a pista, a policia vai tirar e alguém se machuca, o policial será chamado de violento. A própria policia se sente intimidade. Para que vai comprar uma confusão? Po r outro lado, os governos, para não parecer antidemocráticos, violentos, levam a negociação até o limite. E a negociação não é rápida”, diz Hélio Doyle.

Para Doyle, as pessoas perderam a noção do que é válido e do que não é. “hoje está fácil fazer  manifestação, não tem ninguém reprimindo. Um profissional que trabalha a semana inteira, qual o dia de fazer assembleia? Fim de semana. Professores fazem na hora da aula, médicos querem fazer dentro do hospital durante atendimento. A chamada esquerda perdeu princípios de esquerda com essas visões falsas. Um princípio falso da esquerda de que não vai prejudicar a população”, completou.