Pai de governador reitera acusação e teme que o filho seja reeleito em AL
Ex-presidente da Assembleia, Luiz Dantas conta que foi traído pelo filho
O ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas, Luiz Dantas, publicou nesse domingo (25), mais um vídeo em que afirma serem verdadeiras suas críticas e acusações contra seu próprio filho, o governador Paulo Dantas (MDB), em um escândalo político e familiar que atinge com potencial devastador a candidatura à reeleição do afilhado político do senador Renan Calheiros. O ex-deputado que terminou sua longa carreira política pelo MDB disse que, “por conhecer quem influencia” Paulo Dantas e “por temer por Alagoas”, está reforçando o apelo para que seus conterrâneos não reelejam seu filho.
Dizendo superar “uma dor silenciosa no coração” e resistindo a tentativas de Renan de contornar os danos do escândalo, Luiz Dantas divulgou o novo depoimento em seu próprio Instagram contrariando a censura determinada pelo desembargador eleitoral Maurício Brêda contra seu primeiro depoimento veiculado na sexta-feira (24), na propaganda eleitoral do senador e candidato a governador Rodrigo Cunha (União Brasil).
Paulo Dantas chegou a veicular Direito de Reposta, citando que Rodrigo Cunha foi condenado pela Justiça Eleitoral por “espalhar fake news”. E disse que seu rival “envergonha a política” por “manipular um vídeo” e “usar a identidade de seu pai” contra ele, misturando com informações de um inquérito de 2017, no qual não seria investigado.
“Você não tem limites para alcançar o poder. Está colocando um pai contra o filho, tentando destruir uma família. Para o meu pai, darei todo o meu cuidado e amor. Para você, Rodrigo Cunha, o meu desprezo e processo na Justiça”, disse Paulo Dantas, sobre seu principal adversário, com quem pode disputar o segundo turno das eleições ao governo de Alagoas.
Mas, ao divulgar novo vídeo, o ex-presidente da Assembleia de Alagoas diz que faz o que entende ser correto, ao ressaltar que suas declarações são recentes e confirmar as acusações contra seu filho, que ele mesmo fez repercutir na imprensa e no guia eleitoral do candidato Rodrigo Cunha.
Luiz Dantas se refere ao filho como traidor, por Paulo Dantas ter sido citado no Inquérito 137/2017 da Polícia Federal, como intermediador de um esquema de funcionários fantasmas e “rachadinha” no Legislativo, utilizando uma “chancela” em nome do pai. O inquérito tramita em sigilo.
Apoiado por Renan e por Renan Filho, ex-governador que renunciou em abril para tentar ser o segundo senador do clã dos Calheiros na bancada de Alagoas, Paulo Dantas foi eleito governador-tampão pela maioria do parlamento alagoano, hoje presidido pelo deputado Marcelo Victor (MDB), mentor de sua ascensão ao poder. Ele também é apoiado pelo ex-presidente Lula, seu candidato à Presidência da República.
Veja e leia abaixo o alerta feito por Luiz Dantas aos alagoanos:
Alagoanos e alagoanas, eu trago na minha história pessoal, momentos familiar, privado, e momentos como homem público. Em todos esses, é possível identificar traços de personalidades marcantes, como procurar ser justo e manter a palavra. Devemos mantê-la sempre, onde nada justifica modificar a palavra dada. Amo meus familiares, sempre minha base. E e amo Alagoas, minha terra.
Faço essa nota para deixar claro as minhas declarações recentes. Repito, recentes. Transmitidas por veículos de imprensa e redes sociais. São verdadeiras e de minha plena consciência e vontade. São difíceis de serem dadas, doloridas, pois envolvem um filho meu. Mas são necessárias.
Diante do quadro atual político e da certeza da influência de terceiro sobre o atual governador do Estado, meu filho, antes e também agora, não podia me calar. Conhecendo quem influencia Paulo e temendo por Alagoas, decidi alertar aos meus conterrâneos pelos riscos que correm o futuro e o presente de Alagoas.
Sou pai, sou avô, sou irmão, sou amigo. Sou alagoano com raízes sertanejas. Atuei politicamente por este estado por décadas, ocupando diversos cargos de relevância. E ainda atuo. Pois a democracia nos ensina que a participação popular deve ser sempre exercida. E, principalmente, nos momentos eleitorais. Pois, nesses momentos, avaliamos o passado, desejando um futuro melhor.
Como eleitor, cidadão, como pai, entendo que não podia me calar, mesmo consciente de que nunca me calei, quando a Justiça me procurou ou me ouviu; ou quando outra vez precisar me ouvir. Entendo que, aos filhos, tudo, principalmente o perdão. Mas, nunca, a omissão. E, necessariamente, quando essa omissão prejudicaria terceiros e aos meus familiares; principalmente, a ele, Paulo Dantas. O futuro deve ser sempre para melhorar, nunca para piorar o que errado já está.
Entendo que devemos pagar o preço do erro. Mas, nunca, o preço de se manter presos nos erros. Um dia, Paulo entenderá esse meu posicionamento como algo necessário em sua vida. Agora, espero que Alagoas escute e avalie. O futuro precisa corrigir práticas que dificultem a vida de milhões de alagoanos. Agradeço a atenção de todos, fiz e faço o que entendo correto, mesmo com uma dor silenciosa no coração; esse valente que sempre bate por mim, pelos meus e por Alagoas.
Outro lado
Veja o que disse Paulo Dantas sobre as acusações do pai, veiculadas na propaganda eleitoral de Rodrigo Cunha: